domingo, 19 de fevereiro de 2012

A BELEZA COMO EXPRESSÀO DO SAGRADO


                            Será que o cãozinho tem nocão da sua graça, do seu encanto, da sua fofura ?
                         A beleza dos elemento  -  não seria talvez o sagrado tomando forma e
se manifestando atraves da beleza ? O sagrado tornado visivel ?

Seja na flor, no passarinho, na arvore frondosa ou no simples arbusto, a beleza se manifestando em todos os cantos, num contraste de cores, de tons ,como uma sinfonia, em que as notas correm celeres atraves dos dedos ageis do artista, ora subindo, ora
descendo, mas todas perfeitamente conectadas ao fio invisivel do tema musical.

São individuais, as notas, mas fazem parte de algo que é unico. São diferentes uma das outras, mas não são separadas. Não tem necessidade de se afirmarem, criando uma imagem de si mesmas, e depois se preocupando em proteger essa imagem.

        As notas não destoam exatamente por isso, pois cada uma na sua pauta, correndo livremente no seu espaço, dançando todas a mesma sinfonia, produzindo um movimento que é a expressão da beleza, desse sagrado transformado em melodia.
E é por isso que nos toca, fazendo eco no equivalente da gente.
              A lei que rege o movimento musical, não é diferente da lei que rege  em nós o  movimento da vida, querendo tambem bailar.

       Geralmente destoamos porque nos tornamos notas isoladas, desconectadas desse fio invisivel unificador. Nos tornamos "eu", onde só há espaço para  "nós" .
O "eu"  fará parte do "nós",  apenas se desfizer a imagem atraves da qual se cria uma
identidade, uma noção equivocada daquilo que se é.
E nesse vazio, deixado pela identificação dessa imagem ilusoria, que irá sobressair
algo real e verdadeiro :  "nós" .
          O "nós" se manifesta na ausencia dessa imagem auto-centrada, estrutura que nos
identifica e na qual nos projetamos. E será dentro dessa estrutura que iremos cria nossa
realidade de vida, elaborada, portanto, por algo irreal, algo fantasioso.

                  O sujeito, quando se comporta estranhamente, latindo, levantando a perna
ante qualquer objeto na vertival, é porque está sob o efeito de uma hipnose, um
encantamento. Está possuido por um "mau espirito".
Perdeu sua lucidez de ser humano, seu julgamento, sua liberdade.Submetido a um
comando canino, identificando-se como tal. Mas o louco disso, é que não poderá
fazer parte de uma matilha, não será aceito pelos cães, apesar de se parecer com
um deles. Se parece com eles, mas não é um deles. Eles comentarão entre si  : "nós não
somos assim".

                          Aí está. Quando queremos ser diferentes, vivendo uma imagem,
uma caracterização, não faremos mais parte da nossa matilha, daquilo que somos.
        O "nós" é isso, identificados com a matilha, mas sem perder a individualidade,
isto é, a realidade daquilo que somos.

                  Todos os numeros necessariamente contem a unidade. São todos diferentes
mas feitos da mesma coisa. O dois é diferente do tres, mas aquilo que os faz serem diferentes, é igual para todos.
O diferente se cria a partir do que é igual. As notas musicais são diferentes individualmente, mas iguais entre si. São notas musicais não querendo ser outra coisa.
Um dó sustenido maior nunca se imaginou sendo uma rosa. Mesmo que se imaginasse uma rosa, não seria uma rosa. Mas por ter-se identificado com uma, se projetaria nela,
acreditando ser.  Um dó sustenido maior, que se acredita sendo uma rosa, não poderia
participar de uma sinfonia. Não é mesmo ?
Ao inves de produzir um som, estaria fazendo uma força danada para exalau um perfume. Nada contrario ao perfume, mas vindo de um dó sustenido maior, aí tambem
já é demais.

                       O cãozinho fofo não tem noção da sua fofura, do seu encanto, da sua
magia. Assim como a flor com sua beleza, com seu perfume, o canto  suave do
tico-tico ao final da tarde, sentado num galho seco, no alto de um arbusto.
   A vida é orquestrada dentro de uma estrutura de perfeição, onde a beleza de linhas e curvas se harmonizam na grande sinfonia do bailado das formas.

            Será que a beleza sabe da sua beleza ? Tem ideia que é o veiculo para a
expressão do sagrado, do misterio, do magestoso invisivel ?

         E nós por acaso temos essa noção ?
Nós pensamos. Usamos o mudo conceitual das ideias, dos condicionamentos, em
detrimento da pura percepção e do silencio interior.
            
                   Pensamos a beleza ao inves de senti-la.

      O pensamento organiza nossa agenda, mas é incapaz de apreciar o canto do
tico-tico.  O pensamento quer conhecer, identificar, avaliar, medir. Não é da
estrutura do pensamento apreciar, se encantar, perceber, sentir.

              Assim como a flor, o passarinho e a arvore, nós tambem, no mais das vezes,
 não temos  noção daquilo que somos.

                       Quando foi a a ultima vez que urinou na perna de uma mesa, no pé
de uma porta ou na cara de alguem ?

                   Tem certeza que não é aquilo ?

   Se não é, ao menos tem ideia do que possa ser ?
  

















Nenhum comentário:

Postar um comentário