terça-feira, 31 de dezembro de 2013

É VIRADA DE ANO .... MAS NÃO PARA TODOS


Que importa que o ano não tenha te tratado de forma tão
acolhedora, com mais camaradagem e cuidado !

Talvez tenha te massacrado sem piedade,
 testando assim teus limites.
A resistencia interna é tributo de judiaria externa.

Cada ano é como um rio
 cuja margem oposta tem de ser alcançada.

Há aqueles, porem, que se perdem na travessia,
levados pela correnteza,
os infortunios da vida, o desespero, a desistencia.

E para os que chegaram,
novos desafios são lançados a cada ano que finda.
Não importa que o ano tenha sido bom ou não,
 abrem-se agora novas possibilidades
para refazer, consertar, ser feliz.

É essa sempre a esperança a cada novo ano que inicia.
E, mais que esperança,
reais possibilidades.

Pois, enquanto houver  disposição nas pernas
e boa vontade de espirito,
"o resto virá de acrescimo",
e "nada te faltará".

A promessa nos foi feita,
faz tempo !
e sua validade continua ainda vigente. 

 Quem sabe, valha a pena
testar sua veracidade,
nesse tempo novo
que está se inicializando.




 

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

MUDAR ... PALAVRINHA INDIGESTA !


Mudar... palavrinha indigesta !
Quanta dificuldade nos impõe !
Quanto esforço para nos mantermos imunes,
resguardados das suas exigencias.

Por isso amamos a tecnologia,
respeitando seus avanços,
como substitutivo da incompetencia em dar conta
do imenso vazio interior
que não sabemos como preencher.

Caimos assim no conto,
da mudança ser possivel  pelo fascinio tecnologica.

Usamos, muitas vezes, o conhecimento cientifico 
para não mudar de verdade.
Será, contudo, à beira do precipicio,
não tão infrequentemente,
que o convite para um novo limiar de consciencia,
nos será concedido.

No entanto, nem sempre haverá tempo disponivel,
quando as prerrogativas estiverem já quase todas malgastadas,
 para alcançar-se a outra margem.

Agarramo-nos a falsos tabus de proteção,
cuja segurança, por fim, mostrar-se-á de todo inoperante.

O estilo de vida é o preço.
Mas esse preço nos parece alem da conta a ser pago.

Abrir mão das salvaguardas,
de tantos mecanismos de segurança, 
fica alem de qualquer proposito
mudar roteiros estrategicamente consolidados.

Afinal, tanto investimento
foi, precisamente, no sentido
 para que mudanças não fossem ser necessarias.  

Mas, quando,  por fim, a tragedia bater à porta,
e for entrando de forma barulhenta,
não é mais que um ultimato de mobilização,
sensibilizar-se para novos contextos,
aberturas para nos orientarmos por bussulas diferentes.

Entretanto, apesar do horror do sofrimento,
mesmo assim, nem sempre, a mudança será promovida.

sábado, 21 de dezembro de 2013

É NATAL .... MAS NÃO PARA TODOS


É natal
 Os sinos badalam festivos,
anunciando uma vez mais
que é tempo de magia e fascinação.

A atmosfera é de louvor, de irmanar,
esquecer diferenças,
apaziguar,
porque é tempo de celebrar,
em cordial confraternização.

Nem todos tem, no entanto, com quem confraternizar,
nem, tampouco, o que celebrar.

Enquanto uns cantam,
outros tantos choram.
Choram em silencio,
de cabeça baixa,
apertando os dedos,
perdidos em lembranças,
transformadas em saudade.

A desesperança é sempre o pior infortunio.

Talvez já tenha havido um tempo
em que se emocionaram tambem com Papai Noel.
Talvez já tivessem até brincado
num tempo em que o natal fazia ainda algum sentido. 

Desse tempo, contudo,
pouco ou nada lhes restou.

E a alegira de então
transformou-se em saudade,
transformou-se em tristeza,
um aperto doido no peito,
não mais que desesperança e desilusão.

É triste o natal
para quem não tem mais que lagrimas amargas
para celebrar a vinda do Papai Noel !

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

QUANDO O SECUNDARIO SE TORNA ESSENCIAL


Nos entulhamos com tanta coisa, 
cargas desnecessarias, bagagens superfluas,
incumbencias de toda ordem,
simplesmente para nos mantermos ocupados,
 passando a sensação de sermos gente respeitavel.

Comprometemo-nos com tanto, uma vida inteira,
com tudo aquilo que nos parece importante,
inquestionavelmente,
sem, contudo, nos darmos conta,
de apenas estarmos ajustados a convenções,
empenhados com o secundario da vida.

O controle que buscamos, parece manter-nos a salvos,
mas, em algum aspecto profundo dentro de nós mesmos,
damo-nos conta de estarmos perdidos, 
 inseguros, como quem se sente desnorteado.

Resistimos ao fluxo natural de tudo,
com a visão adaptada ao conteudo da doutrinação,
incapaz de ver outras paisagens,
janelas fechadas para outras realidades.

Queremos sempre estar do lado seguro da fronteira,
um territorio familiar, um mapa conhecido,
conhecendo todas as regras do jogo,
para não sermos surpreendidos,
flagrados pelo infortunio. 

Buscamos proteger-nos
pela segurança que os valores configuram,
como se a vida fosse possivel ser controlada
atraves dos codigos que determinamos.

Existe em nós um estranho temor
que, apesar de toda a cautela e esforço,
a coisa não funcione da forma como planejamos.

É, por esta razão, que buscamos nos proteger e segurar,
acumulando, conquistando,
construindo muralhas, fortificações,
onde possamos sentir-nos em casa.

Por fim, enfeitamo-nos de importancia,
porque perdemos de vista o que realmente importa. 
Buscamos fortalecer-nos com as coisas do mundo,
por termos abdicado do nosso verdadeiro poder.

Nesta jornada perdemos algo pelo caminho.
Terá sido o superfluo ?
Ou, quem sabe, não terá sido o principal ?
  



domingo, 15 de dezembro de 2013

O ESPELHO NUNCA MENTE


Ao encontrar-se com alguem que nunca sequer viu,
observe com atenção, com cuidado, o falatorio na cabeça
que se inicia imediatamente mesmo antes da saudação inicial.

Nunca vimos tal pessoa, mas quanta coisa captamos com
rapidez extremada.
A critica começa seu repertorio de forma inapelavel. Descobrimos
defeitos de toda ordem, julgamos, avaliamos, comparamos, emitindo um dossie completo sobre o coitado, e o que seguir-se,
em forma de relacionamento, se fará dentro desse contexto 
mental, dentro dessa avaliação inicial.

É por isso que se diz que a primeira impressão é a que fica. Isto é,
o que se pensou a seu respeito, assim que foi vista, será esta
imagem que ficará registrada na memoria, catalogada em forma
de veredito.

Concentramo-nos nessa avaliação mental, sugerida pelo que
os pensamentos nos informam a seu respeito.
E será em função dessa mensagem inicial que se estrutura a
forma de como iremos nos relacionar com ela.

A meu juizo, como conhecer alguem, VER alguem atraves
do pensamento ? O julgamento feito atraves da mente,
sempre se executa atraves de um mecanismo de projeção.
Dessa forma, o visto lá fora, no outro, é verdadeiramente
de quem ? O que vejo no outro, trata-se do outro ?

Se estiver atento, terá a percepção perfeita que está usando
 o outro para falar um pouco de si mesmo, das coisas que
ainda não se deu conta serem suas.

É essa a magia dos espelhos. Apesar de refletirem uma
 imagem virtual,
é, todavia, real o comunicado que nos apresenta.
O espelho nunca mente.

E são esses encontros casuais, de primeira vez,
que passam as mensagens mais autenticas daquilo que somos,
sem nos darmos conta que são auto-definições,
dados auto-biograficos.

Vale a pena estar atento da proxima vez em que encontrarmos
alguem, e ouvir com carinho o que desabonamos com
descarinho no outro. 


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

A DESIMPORTANCIA DAS COISAS



A pessoa fica tiranizada pelas coisas
às quais empresta importancia.

Liberdade significa livrar-se de dar importancia às coisas.
Se nada importa, de que forma haverá sofrimento ?

Na verdade, nada é importante.
Fomos nós que damos importancia
ao que nos parece importante.

Mas temos que manter a seriedade frente às coisas,
mesmo sabendo a insignificancia de tudo.

Temos que esforçar-nos, a todo momento,
manter a seriedade,
a responsabilidade por tudo que se faça,
mesmo sabendo que todo esforço,
ao final, não conduzirá a nada.

Será com essa compreensão
que conseguiremos decifrar
a desimportancia da importancia da vida.

O cancer, o infarto, e tantas doenças fatais,
não são mais que a consequencia
 de tudo quanto se deu tanta importancia,
percebendo, por fim, a irrelevancia das coisas.

As coisas são importantes porque imaginamos que são.
A meu juizo, imagino que lhes damos significado
para dar significado à vida,
apesar de não haver sentido algum nessa percepção.

Mas por não termos esse conhecimento à priori,  
levamos a vida de tal modo,
como se tudo fosse realmente importante.
Será, dessa forma, que um dia descobriremos a verdade.

Portanto, viva como se tua austeridade fosse importante.
Como se tudo fosse realmente importante.
Se esforce, lute com determinação,
creia na importancia da tua sobriedade,
leve tua insanidade à serio,
tuas conquistas, valores e façanhas.

Não importa que um dia descubra a farsa,
a infundada importancia pela qual viveu a vida.
Quando o jogo acaba,
não há vencidos, nem derrotados.
Mesmo carregando o trofeu de um suposto triunfo,
verá, por fim, a desimportancia de tudo.

Quando estiver, por fim, alem das vitorias e derrotas,
somente então compreenderá que nada realmente importa.

Entretanto, mesmo sabendo que Papai Noel não existe,
nem por isso o natal
deixa de ter sua magia e o encanto que possui.


domingo, 8 de dezembro de 2013

O TUMULTO DO MUNDO NÃO JUSTIFICA MEU DESCONTROLE


Quem não espera, pode ser que não alcance,
mas, com certeza, não irá decepcionar-se tanto.

Se não for esperar por ninguem, se não for esperar nada, 
a decepção estará fora de qualquer evidencia.

Quando o outro colocar-se de forma descuidada,
perturbando o entorno por sua propria confusão interna,
se, nesse momento, estiver alerta, não deixando-me levar por pensamentos de reprovação e censura,
o tumulto do outro irá persistir,
 não perderei, no entanto, a calma, a serenidade e a paz de espirito.

Consigo imaginar
que a descompostura do outro
não é, de forma alguma, pessoal ? 

O transito caotico,
as pessoas indiferentes, sem apreço
o clima desfavoravel, calor em demasia, frio descontrolado,
a irritação generalizada, impaciencia coletiva,
desrespeito, agressividade, destempero - 
a não ser uma extraordinaria postura alerta, a nivel de mente,
não permitindo os pensamentos se imporem,
de forma critica, com censura ferina,
torna-se de todo impossivel conviver pacificamente,
ou, com um minimo de humanidade,
e equilibrio interior.

Ao perceber a mais leve perturbação emocional,
 qualquer situação externa que possa transtornar-me,
 é essa a hora da cautela, do cuidado,
da atenção implacavel para que não seja levado 
pelo fluxo do momento, interagindo de forma desequilibrada
aos desatinos do momento.

O tumulto do mundo é inerente à realidade.
É assim que as coisas são.
É assim que as pessoas são.
O clima, o transito, o descontrole,
a impaciencia de todos,
o destempero de tantos.

Mas, se esperar que as pessoas ou situações mudem
para que possa sentir-me bem, 
estarei eternamente na situação de vitima indefesa,
impossibilitado de colocar-me a meu modo,
por minhas escolhas,
auto-determinar-me.

Para tanto, é necessario estar atento a cada momento,
a cada oscilação do meio, para que o mundo interno não seja
tambem descontrolado,
oscilando de um lado para o outro
conforme o humor do meio.

Não tenho como ter controle sobre a realidade dos fatos,
mas o controle interno é da minha total responsabilidade.
E o maravilhoso disso, é que se trata de uma escolha.
De uma escolha pessoal.
Posso escolher deixar-me levar pelo tumulto do mundo,
ou manter-me calma ante o caos do momento. 

A plenitude está sempre ao alcance da mão,
a qualquer instante,
 mudando, simplesmente, a perspectiva mental.

Isso é da minha conta,
 e essa é uma boa noticia.

PS  Estou apenas passando a noticia, mas não estou, de forma
              alguma, insinuando que sega tarefa simples.
                   O mapa nunca é o caminho.
                      Mas já é alguma coisa !






















  

domingo, 1 de dezembro de 2013

QUANDO O ESPELHO SE QUEBRA


Ao criticar-te, terei a sensação que o que te falta,
me fará falta tambem.
E o meu julgamento me diz, diante dessa constatação,
que me será de pouca serventia.

Afinal de contas, necessito de alguem perfeito, 
ou muito proximo disso, 
para conviver comigo.

Ufa ! arrogancia pouca é bobagem !

No entanto, essa contestação perpetua-se,
até a pessoa não alcançar a compreensão,
que aquilo que exigimos do outro,
é exatamente o que nos falta.

Preciso de um espelho para ver meus horrores,
mas quando os percebo, lá, no outro,
falta-me lucidez para reconhecê-los como sendo meus.

Afinal, se os comprovo fora de mim,
e de que forma podem ter relação comigo ?
É por esta razão, que é o outro que é mal-acabado,
imperfeito, deficiente,
pois projeto nele meu mundo de mazelas,
minhas proprias limitações.

É essa visão equivocada, a mãe de todos os desencontros,
sofrimento sem fim, temores, inseguranças,
 no universo dos relacionamentos.

Torna-se impossivel viver uma relação com dignidade,
enquanto focamos no outro o nosso pior não reconhecido.
Exigimos do outro mudanças, transformações profundas,
exatamente aquelas que não conseguimos concretizar.

Todavia, não deixa de ser verdadeiro,
que basta uma pessoa, para duas viverem bem.

O relacionamento degenera, porque ambos estão confusos,
perdidos nas suas proprias historias,
atormentados por tantos fantasmas,
acusando-se mutuamente,
reclamando mudanças,
 que cada qual não consegue efetivar.

Acreditamos na quimera, que o outro mudando,
estaremos, por fim, assistidos,
em segurança, à sombra da modificação do outro.

Caso um dos dois compreenda o processo do duplo espelho,
sai, por fim, da ilusão da loucura acusatoria,
acolhendo o outro, colocando-se alem da visão enganosa
do reflexo dos espelhos.

Estará bem.
 É por isso que não terá necessidade do outro estar bem
para que possa ter paz, serenidade e equilibrio.

Deixará o outro quietinho,
 não irá importuná-lo com censuras amargas,
exigencias cujo criterio são suas proprias deficiencias. 

Quem vê suas proprias fraquezas,
acolhe com ternura e cuidado as dificuldades do outro.
Não o deixará acuado, na defensiva,
com tanta implicancia de protestos sem fim.

Não há, portanto, outro recurso,
 para um relacionamento perfeito,
 qual não seja que cada um faça  sua parte, 
 deixando o outro no seu cantinho,
sossegado,
para que ele tambem possa fazer o que é da sua conta.

Eu faço as minhas coisas.
Voce faz as suas.
É quando o espelho se quebra,
que saberemos, por fim, quem somos.






sexta-feira, 29 de novembro de 2013

O BOTAO QUE NÃO FLORESCEU


É magico testemunhar, qualquer forma de vida
assumindo sua verdadeira natureza de ser.
É o admiravel prodigio da transformação.

As flores desabrocham,
 quase despudoradamente,
externando sua exuberante beleza,
em mil formas diferentes,
harmoniosas,
transformando em cores
sua alegria interior.

Dificilmente alcançamos a façanha das flores.
Elas desabrocham com  suavidade, naturalmente,
cumprindo seu destino
de maravilhar o mundo;
ou, quem sabe, uma forma sutil,
um convite velado,
para nos lançarmos tambem na mesma aventura.

No mais das vezes, porem,
mantemo-nos no modo de botão,
uma flor apenas botão,
que não conseguiu florescer.

O jardim poderia estar colorido,
perfumando o mundo, encantando,
mas o coração permaneceu fechado,
amedrontado, confuso,
até o botão fenecer, murchar, cair,
e a beleza nele contida,
 perdida para sempre.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

PORQUE NOS TRATAMOS TODOS TÃO MAL ?


    Tem certeza absoluta que está chateado
pelo que o outro fez ou disse ?

É a atitude dele que está causando seu desconforto ?
Pode jurar que é ?

E se estivesse aí com uma disposição diferente, 
com outro animo,
com outros ouvidos,
sem estar armado com tanta defesa interna,
como receberia o que vem do outro ?

Consegue ver com imparcialidade
que a atitude do outro não tem nada de pessoal ?
Que está se colocando dessa maneira,
pela confusão dele,
pelo momento dele,
pela inabilidade de conduzir suas coisas,
e não pelo pelas tuas coisas ?

Já não teve tambem a mesma postura,
já não fez as mesmas criticas,
o mesmo dedo acusatorio,
com tantos outros,
 sem distinção do que está verificando agora ?

Criticamos e somos criticados
tão somente por não nos sentirmos bem.
Pelo medo que não conseguimos superar,
pela raiva que nos mantem refens,
pela hesitação, incertezas, frustrações,
e o incessante sentimento de pouca-valia.

O que sentimos pelo outro,
eu, voce, todos,
tem mesmo algo a ver com essa modesta criatura,
com suas limitações, falhas e imperfeições ? 
Ou, não seria, talvez, pela nossa incompetencia
 em dar conta das nossas limitações,
gerando em nós ainda mais desconforto,
mais medo,
mais confusão ?

Descarregamos no outro 
 nossa frustração,
 insatisfações, e toda ordem de dificuldade,
não sem outro argumento,
que não seja nossa quase total desqualificação,
 no sentido de levar paz, bem estar, segurança
para nossas vidas.

Se não estivessemos tão confusos, todos,
haveria outra justificativa
para atormentarmos a vida de tanta gente,
e sermos, igualmente, atormentados ?

domingo, 17 de novembro de 2013

REFLEXÕES DO COTIDIANO SIMPLESMENTE


"Que bichinho bonitinho", diz a senhora, encantada, ao deparar-se
com o cãozinho simpatico, e finaliza com ares de surpresa :
 "parece até de mentira".
Estranhei sua declaração. " Tão gracioso o bichinho, que parece 
mentirinha".
Fiquei pensativo enquanto continuei a caminhada matinal. 
A tapeação não parece ter par no mundo da realidade. O faz de
conta aparenta quase sempre ser mais fascinante que a verdade.
"Tão bonitinho que até parece mentira".  Conclui-se que, por
ser verdadeiro, não poderia ser tão engraçadinho e mimoso. 
Afinal, o verdadeiramente belo, não poderia ser assim evidente e concreto. Tem de parecer comum, ordinario e banal.
Pertence ao imaginario a qualificação da beleza.
Caso contrario, perderia a graça.
                            17/11/13

Quando os outros nos dizem coisas terriveis, uma das maneiras
mais rapidas para saber se é verdade, é verificar se ficamos na defensiva. Na defensiva, tentamos bloquear a ideia, e iniciamos
uma guerra interna contra eles. Sofremos. 
Mas se olharmos com atenção, iremos perceber que estão dizendo
a verdade, o que, alias, faz tempo estamos procurando.
Estão nos dando isso de graça, mesmo assim ficamos contrariados.
Temos mesmo certeza do que queremos ?
                     19/11/13 

Voce só pode estar bem com aquilo que é. Acreditar que não deveria ser assim, é uma crença insana, que, invariavelmente,
leva ao sofrimento.
Opor-se à realidade, não irá modificá-la.
O leite derramou. Reclamar, xingar, culpar, criticar pelo
acontecido, não recolocará o leite de volta.
É um fato. É real. E todas as evidencias o confirmam.
Um pano e um balde de agua colocará as coisas no devido lugar.
E sem sofrimento !
                 20/11/13

A realidade é do jeito que é, independente de aceitar ou não.
Goste ou deixe de gostar, fará diferença alguma. 
O fato é um fato, não há como contestá-lo.
Se achar que "não deveria" ter acontecido,
não irá contribuir uma virgula para solucionar a questão.Ou irá ?
              20/11/13

Os outros não vão te julgar de um modo diferente
de como se julgam.
Nem voce.
                    20/11/13

Voce não é o que os outros acham ou deixam de achar.
Eles apenas são assim. São de achar coisas nos outros que
perderam dentro de si mesmos.
Porque então a opinião deles se torna tão importante ?
Se o voto deles for decisivo, estará buscando a paz
e o bem estar distante de onde é possivel ser encontrada.
               20/11/13

Não espere ouvir o que gostaria de ouvir.
Nem espere que o ouçam.
Ouça seu pensamento enquanto está com o outro,
para que possa ouvi-lo.
Quem se ouve geralmente é ouvido,
ou não, apesar de não mais fazer qualquer diferença.
Estará bem, porque se tem como ouvinte.
            24/11/13

Queremos que os outros nos tratem
 como gostariamos de ser tratados. É loucura !
Eles vão nos tratar como nos tratam, porque é assim que são.
E está perfeito que seja assim.
Porque ?  Porque É assim que são.
            24/11/13

Quando reclamo que não sou ouvido,
o quanto eu realmente me ouço ?
Não seria pelo fato de não ouvir-me,
 que crio a necessidade para que os outros façam
 o que não sou capaz de fazer por mim mesmo ?
O que reclamo do outro, em que medida falho nisso comigo ?
          24/11/13

A falha que percebo no outro,
 quem é o verdadeiro detentor dessa falta ?
Se sou atencioso comigo mesmo,
qual a necessidade de exigir isso de mais ninguem ?
          24/11/13

Quando saimos da ilusão, percebendo a verdade,
o julgamento cessa, assim como as criticas, 
e as exigencias para com os outros.
Nos daremos conta, que o que é percebido lá fora,
não é mais que um dado auto-biografico.
Nós nos vemos continuamente,
 com tudo quanto nos causa alguma forma de impressão.
           24/11/13

Assim que nos respeitarmos,
não teremos mais a presunção que façam isso conosco.
Estando ciente disso,
 tem fim a guerra interna que se trava contra o mundo.
Há uma força notavel nessa consciencia,
onde tudo começa a fluir com naturalidade e perfeição.
              24/11/13

Eu te cuido
porque sinto-me bem cuidar-te.
Mas não faço isso por ti,
faço por mim,
porque ao fazê-lo, sinto-me bem.
           25/11/13

Se não for bom para mim,
não pode ser bom para ninguem.
Faço ao outro,
o que me fizer bem.
Se não for honesto comigo,
como poderei sê-lo com o mundo ?
          25/11/13

Desagradar-se para agradar ao outro,
isso tem nome.
Porque então exigir lealdade dos outros,
não sendo capaz de manter-se autentico consigo mesmo ?
              25/11/13

Raiva é uma caracteristica 
dos homens fracos.
Por não darem conta das contrariedes da vida,
enfurecem-se, buscando na histeria,
o que lhes falta em bom senso.
             25/11/13

Não faço para agradar-te,
mas acabo sempre agradando
quando faço por sentir-me bem.
Como posso agradar-te
se não me agrada por fazê-lo ?
           27/11/13

O passado é uma casa de horrores.
Seja cauteloso, caso se atreva 
a fazer-lhe uma visitinha.
          30/11/13

Ao querer que alguem seja dessa ou daquela forma
para que possa aceitá-lo,
estranhamente, o outro me faz as mesmas exigencias.
É no que dá, do encontro de dois espelhos.
               30/11/13

Eu não necessito que o outro esteja bem
para que possa viver bem com ele.
A condição para viver bem, seja com quem for,
é que eu esteja bem comigo mesmo.
E, para tanto, não há exigencias externas.
           30/11/13

A ajuda só ajuda,
se vier com minha ajuda.
Afora isso,
é desmerecer o bom-senso.
          30/11/13

Ante qualquer contrariedade :
"o que há para ser feito agora frente a isso ? "
Não seria essa a postura mais adequada ?
A ação que resulta de uma atitude de entrega,
compreendendo que é essa a realidade do momento,
é  diferente da ação que parte de uma resistencia interna,
ou negatividade emocional, opondo-se ao que está aí.
            30/11/13

Os passarinhos nos passam um ensinamento ajuizado.
Eles não guardam,
mas não deixam de ter no dia seguinte.
Por isso, quem acumula, nunca terá o suficiente
para sentir-se seguro.
O medo não se sacia com coisas.
          09/12/13

Enquanto precisarmos que pessoas ou circunstancias mudem,
para podermo-nos sentir bem,
será longo o caminho a percorrer
até nos darmos conta do equivoco das nossas pretenções.
A plenitude está sempre a um passo
de uma mudança de padrão mental.
     09/12/13

Acreditamos piamente nas historias que a cabeça nos conta,
sem, no entanto, percebermos ser essa a fonte 
de toda e qualquer forma de sofrimento.
Não há conflito na ausencia de um pensamento
que aponte para isso.
         09/12/13

Os impasses, do dia a dia, estão aí para serem resolvidos
e não para serem sofridos.
           09/12/13

Quando se faz o que tem de ser feito, a cada momento,
SEM MEDO,
nada mais é necessario.
Quando a pessoa se motiva pelo medo,
é essa a forma mais confusa
que alguem possa usar como motivação.
           09/12/13

As pessoas geralmente são motivadas pelo medo, e preocupações.
Se não acreditassem nessa historia,
sua eficiencia e serenidade,
não seriam de outra qualidade ?
Deixariam de ter o suficiente ?
Acreditar que o sucesso depende do medo e das preocupações,
é, no minimo, desconhecer as regras do jogo.
            09/12/13

A felicidade é um estado de espirito sem pensamento.
Não há necessidade da mente para ser feliz.
           09/12/13

A segurança motivada pelo medo,
gera insegurança.
             09/12/13

Só não terei paz nesse momento,
se estiver mergulhado em pensamentos.
              09/12/13

Se acredito na ideia que preciso fazer muito para ter dinheiro,
poderei até acumular bastante,
mas não sem perder a paz e a saude.
Eu faço o que tem de ser feito, a cada momento,
mas SEM MEDO.
           09/12/13

Se achar que será o dinheiro que trará segurança e proteção,
estará a pessoa sob o efeito da ação do medo.
Certamente, é mais facil fazer dinheiro,
quando se faz o que tem de ser feito, sem a atucanação do medo.
Tenha a pessoa quanto tiver, enquanto houver medo,
não terá nunca o suficiente para sentir-se segura.
           10/12/13

É pelo lixo e poluição que existem no mundo
que nos lançamos em jornadas heroicas para salvar o planeta.
No entanto, se cuidar do meu proprio meio ambiente,
da poluição dos meus pensamentos,
estarei fazendo mais que o suficiente
para o saneamento do mundo.
             10/12/13 


Nada tem o poder de magoar-me
sem que haja um pensamento falando sobre aquilo.
É por acreditarmos na historia que a cabeça insiste em contar,
que nos descontrolamos e a inquietação toma conta.
Pensar com clareza,
faz com que tudo fique mais claro.
           12/12/13

Sem uma vigilancia permanente sobre a mente,
tornamo-nos refens da sua confusão,
perdendo a paz, a serenidade e a saude.
           12/12/13

Foco no outro por medo de olhar-me,
para não ter que encarar meus bloqueios, minhas limitações.
É sempre mais comodo olhar para fora, para o outro.
Critico-o, simplesmente, porque minha vista não alcança
uma visão clara do meu mundo fora de controle.
Não é tarefa facil reconhecer-se no que criticamos no outro.
          12/12/13

Percebo o outro
 atraves de uma imagem invertida de mim mesmo.
Uma projeção da minha propria mente.
Vemos o outro atraves de ideias,
ideias que faço dele.
        13/12/13

O amor incondicional por si mesmo,
é a condição para não impor-se condições para aceitar o outro.
O que se exige dos outros para aceitá-los
é o que não consegue se dar a si mesmo.
Amar-se acima de qualquer coisa,
determina que se ame os outros sem qualquer reserva.
           13/12/13






            


sábado, 16 de novembro de 2013

É POSSIVEL MODIFICAR O MUNDO ?


 A pessoa terá, sem duvida, um encontro surpreendente ao reconhecer-se nos julgamentos que faz das outras pessoas.
A realidade percebida é o reflexo do seu pensamento
projetado de volta na tela da sua propria percepção. 

Queremos mudar tudo. Queremos que os outros sejam
diferentes. Montamos num rocinante, qual personagem quixotesco,
para reformular o mundo, transformando-o num paraiso.

Desde sempre, o mundo é da forma que é, e ninguem conseguiu
jamais modificar sua estrutura em algo diferente para que a vida
não fosse essa carga, nem sempre suportavel.

Já falou-se em inferno. Para tantos, não passa de uma descrição primorosa. A vida transformada num verdadeiro inferno.

No entanto, aquilo que presumimos que deva ser modificado -  as
chamas ardentes de tanto sofrimento - não é uma realidade do
mundo à parte da realidade pessoal. Não é o mundo em si
que é da forma como o reconhecemos, pois a realidade percebida
é a imagem refletida no espelho das nossas percepções.

O mundo é como um gigantesco lego onde cada qual constroi
sua realidade conforme movimenta as peças-pensamento no tabuleiro mental. O que vemos lá fora, não é mais que a
montagem do seu jogo mental.

Os pensamentos vão tomando forma sem a pessoa dar-se
conta que é o arquiteto do seu proprio inferno. 
A aparencia do mundo é o reflexo das concepções mentais. 
A pessoa é o protagonista, ele mesmo idealizador do enredo 
da historia que está vivendo. É o negativo da imagem deformada
que está vendo.

Nada pode transtornar-nos sem que aquilo tenha sido antes
elaborado em forma de impressão mental. As peças, à medida
 que forem acomodadas, darão forma a uma estrutura
 que será projetada na tela do mundo, constituindo-se
  em realidade para o proprio programador.

Dessa forma, deparamo-nos com nossos criterios mentais 
transformados em realidade. Assustamo-nos com o que vemos
pois não nos parece cabivel sermos o criador de tamanha
loucura. 

Investigue seu pensamente. Será de grande valia.  Pois é a
materia prima a partir da qual confere realidade ao 
universo que habita.

Se olhar com pensamento diferente, aquilo que vê tambem
se modifica. Quem dá forma às coisas é essa coisa em nós
que pensa, critica, julga e avalia.

Dessa forma, nada é real. A suposta realidade é tecida de imagens
projetadas para o mundo à partir do filme interno elaborado
por conceitos.
Aquilo que está dando voltas na cabeça, magicamente, encontrará
fora de si. É o caos da mente que cria um mundo caotico, uma
realidade de inferno.

Quando lançar-se em jornadas heroicas, tentando modificar
o mundo, investigue antes aquilo que está tentando destruir, pois
poderá achar-se nos escombros da sua propria faxina. 

O que vivo, a minha realidade, não é mais
que a percepção visual do conteudo mental
projetado para fora, para o mundo, que  funciona como
tela, para que possa reconhecer-me como o criador dessa obra. 

O que vejo, não tem existencia real, ou melhor, tem a mesma realidade das imagens ao assistirmos um filme.
É possivel modificar as imagens na tela ?

A realidade é interna. O percebido fora é ilusão. Nem por isso
 deixa de produzir sofrimento. Alias, sofrimento é apenas
outra forma de definir ilusão. 



domingo, 10 de novembro de 2013

O TEMPLO, A BODEGA E A FARMACIA


 Lá vai a devota senhora, com passito lento, recatada, com 
aparencia sobriaà caminho do culto dominical.
Vai cumprir o dever sagrado com as divindades 
da sua devoção..

Vestiu sua roupa melhor, a que veste em dias festivos,
 com as cores e o estilo combinando à rigor.
 Sapato lustroso, maquiagem discreta, perfume igualmente suave.  Cabelo embranquecido,
 mas devidamente engomado, que o vento matinal
não consegue desalinhar. Estava enfeitada como quem
espera inquieto por seu querido.

Segue em frente com certo requinte. A elegancia
afetada, porem, não dissimula o que o passo arrastado 
evidencia. Quando as ideias perdem a flexibilidade, ou quando
falham, não há postura externa que minimize tal ausencia. 

O inflexivel interno torna-se visivel, por mais que se
tente ocultar com artificios de toda especie. 
O que a maquiagem esconde, a postura sempre evidencia.

Seja lá como for, lá vai a devota com seu traje impecavel,
 e aparencia sobria, em busca da benção para continuar 
se levando, um bocadinho mais, mais de arrasto,
 pelos caminhos da vida.

Eu ainda ouvia os sinos repicando, chamando o povo do lugarejo
 para a liturgia domingueira. 

Enquanto isso, do outro lado da avenida, outros seguiam para a
bodega, outra forma de santuario, executando outro ritual,
mas com o mesmo fervor religioso que qualquer outra crendice. 
Imagino que a bebida inspira uma 
certa dignidade, pois, igual ao igrejeiro, busca tambem 
 consolo e alento para manter-se desperto, escorado aqui e acolá,
da maneira que der no jeito.

Afinal, cada devoro abraça seu milagreiro predileto.
A reverencia passa por templos, santuarios de todos os credos,
com suas liturgias sagradas, ou mesmo profanas, com o unico
e singular desejo de alcançar conforto para a angustia existencial, que pesa fundo no espirito de cada ser humano. 

Cada porta que se abre com tal perspectiva, não faltarão
 devotos a consagrar suas vidas por um pouco de esperança.
Quando perde-se a perspectiva de si mesmo, será erguida, em
pedestal, qualquer esquisitice, para reverencias de idolatria.

Acreditamos em deidades ou demonios, seja como for, o que
buscamos, é segurança e proteção. 
Não importa a representação do simbolo. Se for glorificado pelo
fervor, há promessa de salvação.

É por isso que, nas adjacencias, ladeando a igrejinha, uma farmacia, da mesma forma movimentada, seus devotos buscando conforto,
que, de outra maneira, não foram capazes de recobrar.

Os negocios prosperam. Basta observar. Cada qual com seu comercio, mercantilizando a infelicidade e o sofrimento alheios conforme a danação de cada buscador.

Fiquei pensativo. Cada um vai à cata dos seus orixas, dos seus
santos, cada um selecionando sua droga predileta,
 para entorpecer-se da realidade,
e ir levando a vida como deus quiser.

Que seria, contudo, do povo humana sem essas
 e outras mil forças de distração (destruição), para encarar
 o tedio e a condição infeliz
 dos enfraquecidos, psiquicamente confusos,
 entristecidos e desnorteados ?

A infelicidade  essencial, contudo, não será superada com
os mesmos males dos quais tentamos nos libertar. 


sexta-feira, 8 de novembro de 2013

POR QUEM OS BICHINHOS CHORAM ?



  Os bichinhos tambem sentem saudade ?

Não são gente, mas desconfio que sentem como a gente.

Seu olhar tambem se entristece,
já percebeu ?
Assim como o coração tambem se atormenta.

Talvez, até chorem,
mas imagino que choram em silencio,
sem dar na vista,
para que a gente não se entristeça tambem.

Ou, quem sabe, choram,
pela nossa tristeza,
pelas nossas lagrimas mal choradas.

Nem sempre choramos nossa dor.
Quem sabe, seja por isso
que nos endurecemos,
desumanizamos,
insensibilizados pela dureza da vida,
e o peso por tantos desgostos.


Quem seus pesares não chora,
transforma-se em couraça,
uma forma de blindagem,
tentando assim proteger-se da dor,
dor que apequena a vida,
aniquilando a coragem,
e a disposição de espirito.

Entorpecido, frio, impassivel,
já não chora seus dissabores,
nem tampouco expressa suas angustias.
A dor da saudade ficará guardada
no quartinho dos fundos,
junto com velharias sem utilidade.

Aparentemente, não sofre.
Vestiu-se com tantas defesas,
que debilitou tambem a motivação
para encantar-se,
a possibilidade para o fascinio,
o deslumbramento.

Não chora mais,
a magia, da mesma forma, tambem se perdeu.

Será que é por isso que os bichinhos entristecem,
 chorando em silencio,
por perceberem o engano
das nossas escolhas confusas ?

Eles choram tambem pelas suas tristezas,
- há tantas pelas quais chorar - 
por tanto descaso a que tantas vezes são submetidos,
pelo desrespeito, maus-tratos
e por tanta insensatez.
Eles tem tambem as suas coisas pelas quais chorar.

Eles não sentem diferentemente da gente.
Tambem tem sentimentos, tambem se emocionam,
e tambem sentem dor.
Afinal, a dor sempre doi,
seja lá em quem a estiver sentindo.

Mas, eu penso que choram pela gente,
para que a gente aprenda a chorar novamente,
para, quem sabe, nos tornarmos humanos outra vez. 

Emprestam sua dor, sua tristeza,
seu meigo coraçãozinho,
para que o nosso volte a bater, 
uma vez mais, compassadamente.

Que seria da gente sofrida
sem esses adoraveis companheirinhos ?




segunda-feira, 4 de novembro de 2013

NA AUSENCIA DA MENTE HAVERÁ SOFRIMENTO ?



Discutimos, dentro da cabeça, como as coisas deveriam ser. 
Há um pensamento antagonico que contraria os fatos, discutindo 
com a realidade para que não seja da forma que se apresenta.

É como se a mente quisesse sabotar a realidade, para retroceder
 um passinho, e tudo volte novamente como sempre foi.

Rebelar-se contra aquilo que é, não vai alem de um devaneio
idiota, pois, numa avaliação maluca, julga que o que está aí,
 não poderia, de forma alguma, estar aí.
Achamos que a vida não tem o direito de opor-se aos nossos planos.
A rebeldia, contudo, de forma alguma, modifica os fatos.

Resistimos internamente, contestando o evento, rebelando-se, sem
aquilo, contudo, não ceder um centimetro que seja, apesar de  toda argumentação, controversia e contestação ruidosa dentro da
 cabeça. O barraco, armado mentalmente, em sentido algum
modificará a realidade dos fatos.

O carro atolou. O FATO é que o carro atolou.
"Isso não poderia ter acontecido comigo".
 Devaneio idiota que não levará à solução alguma.
"Já que o carro atolou,  que posso fazer" ?
Finalmente a lucidez entrando em ação.

Afinal, nada no mundo conseguirá modificar determinada coisa,
simplesmente, porque JÁ aconteceu. Isso não significa que esteja satisfeito com a situação, afinal ninguem quer ver seu carro
 atolado, mas, uma vez atolado, qual a serventia do resmungo interno, tornando a situação ainda mais desconfortavel ? 

Acreditamos na ideia de que vale a pena brigar com a realidade.
 E essa resistencia mental, inevitavelmente, leva ao sofrimento.
É o pensamento que se opõe, e a pessoa identifica-se com ele.
Achamos que a voz do pensamento seja a gente falando. É por isso
que a defendemos com todas as forças, supondo estarmos nos 
defendendo.

Sem entregar-se, porem, a esse pensamento de não-aceitação, permanece apenas o fato, sem o envolvimento emocional, isto é, sem sofrimento. 

O sofrimento é causado porque acreditamos no que o pensamento
informa. O carro atolado, em si, não é gerador de desconforto,
 mas a ideia que faz do evento. Ao eliminar o pensamento, não haverá sofrimento. Permanece apenas o fato.
 Sem carga emocional. Sem chateação.

A cabeça acredita que, resistindo internamente, pode manipular
a realidade, conseguindo o que deseja, ou, então, dissolver algo
não desejavel. O fato é que essa estrategia em absoluto soluciona seja lá o que for.

O carro atolado produziu irritação ou raiva. E qual o objetivo 
dessa irritação ?  Supõe que algo possa modificar-se com ela ? Porque então a produziu ? A verdade é que não foi voce que a criou. É uma reação instantanea da mente opondo-se à situação
desfavoravel. E, se observar, verá que os comentarios
 na cabeça são bem mais desagradaveis que
 o fato em si que está tentando solucionar.

Um fato que não esteja vinculado ao enredo mental, é isento de
qualquer sofrimento. O fato pode ser desagradavel, mas 
 ele não está aí para ser sofrido, mas para ser resolvido.
 Abstraindo-se os pensamentos, deixa de haver
envolvimento emocional, tampouco negatividade,
 por conseguinte, sem sofrimento. 

Sem o envolvimento emocional, criado pelo pensamento, não há
possibilidade de qualquer forma de sofrimento.

Ninguem há de ficar satisfeito com os contratempos da vida,
sem a interferencia da mente, no entanto, não há como envolver-se
emocionalmente, resistindo ao que está aí.

A emoção turva a percepção. Ao inves de olharmos para o
problema, acreditamos na voz do pensamento que conta uma historia terrivel sobre aquilo, à qual damos credito, não sendo
 mais a situação em si que nos detona, mas a balburdia
 na cabeça.

O pensamento é um porta voz inadequado da realidade, pois
interpreta a situação, fazendo uma leitura exagerada dos fatos,
contaminando as circunstancias com negativismo.

Desvinculando o fato do pensamento, vemos o fato com clareza
e não mais atraves da imprecisão do pensamento.

Dar-se conta do movimento mental é a condição primaria para
 safar-se da cilada da mente.
E uma nova escolha torna-se então possivel. Uma postura adequada. Uma ação que dê conta da situação ao inves de ficar
se remoendo em lamentos frustrantes. 

A vigilancia sobre a mente evita o ruido do pensamento,
evitando qualquer forma de tensão, qualquer possibilidade
 de tormento.

Sofremos, não pela coisa em si, mas pelo enredo criado na 
mente à cerca da realidade. 
Nada pode perturbar-nos sem que haja a intervenção mental.
Reagimos, não ao fato, mas aos fuxicos da cabeça sobre o fato.

Quem seria voce, diante do que está aí, sem o pensamento que
aquilo não deveria estar acontecendo ? Não estaria transtornado, estaria ? Então o que aquilo tem a ver com sua infelicidade ?

Qual, afinal, a procedencia do sofrimento humano ?
A fonte é externa, ou se origina dos devaneios da mente  ?

Que é, afinal, essa entidade chamada sofrimento ?
Não seria, por acaso, um julgamento da mente sobre a realidade ?
Sem essas considerações mentais, que seria do sofrimento ?















terça-feira, 29 de outubro de 2013

QUANDO A CURA TRAZ MAIS DOENÇA


 No  processo de cura, principalmente nas
 enfermidades cronicas, há muitos elementos implicados.
 A cura não é um processo linear, pois há o envolvimento de campos de energia, aspectos psiquicos, enfoques emocionais,
assim como fisicos.
Não é simplesmente uma batalha entre a força do medicamento
contra a resistencia do microrganismo invasor.

Há um tempo de espera, de amadurecimento para que ocorra uma
mudança na psique do paciente. Até que essa mudança interna não
tenha se encaminhado, a verdadeira cura não se realiza.

Adoecemos, inicialmente, no mundo das emoções, a nivel animico, para, somente depois, esse desequilibrio manifestar-se no mundo da celula. O ferimento da alma, quando não elaborado, precipita-se
na essencia fisica. Curar o orgão, sem recompor-se internamente, é
desconhecer o principio de causa-efeito que rege o mundo da
manifestação.

Quando enfermos, queremos, no menor tempo possivel, vermo-nos livres dos embaraços e dificuldades pertinentes. É esse o desejo. Existem, contudo, aspectos que não são apenas organicos, como contagem de virus, curvas alteradas ou coisas do tipo. Existe muito mais envolvido, sendo o fisiologico, a questão talvez menos relevante.

A doença é igual mensageiro que busca encaminhar-nos para
 outros niveis de vivencia, que, de outra forma, quem sabe, não lograssemos nunca alcançar. O inimigo não é aquele que se encontra na alça de mira, pois a doença traz sempre consigo uma visão mais profunda da vida, uma compreensão do verdadeiro
significado de todos os elementos implicados, cujo unico proposito é o de proporcionar as mudanças necessarias.

A bem da verdade, a doença não quer destruir-nos, mas destruir em nós o que já tornou-se obseleto, sem utilidade, carga inutil, para
que o passo se torne mais leve, agil e seguro.

Sob este aspecto, torna-se a doença uma verdadeira benção.
Pelo fato de ver a doença apenas sob a perspectiva de um
desequilibrio fisico, a medicina quimica atua no sentido de combater e aniquilar o mal projetado nesse nivel. Omitiu a causa.
Dessa forma, o paciente torna-se cada vez mais doente à medida
que se "cura". Não ter doença, parece paradoxal, porem, não
significa, necessariamente, ser saudavel.

Paz interior, contentamento, confiança na vida, sabedoria para julgar que tudo está no devido lugar a cada momento, que não há mal a ser combatido, nem, tampouco, sermos vitimas indefesas - são atributos dessa ordem que contemplam a verdadeira vitalidade.
Do bem estar interno surge um fisico em perfeito funcionamento. 

Talvez não tenhamos a compreensão, no momento, de toda a confusão criada, mas tudo que acontece, tem sempre a função de trazer evolução e crescimento. Teremos acesso a isso, mais tarde, apos a coisa ter-se encaminhado.

São esses os caminhos que a vida traça para curar o homem
interior. A doença tem por objetivo curar o verdadeiramente
digno de ser curado, desde que o processo não seja aniquilado
pela quimica.

Se a doença não produzir consciencia, de nada terá valido a pena.
E uma novo movimento patologico terá então inicio para realizar
 os seus designios.
A evolução é o foco. Seja pelo entendimento ou no arrasto, mas o
objetivo não sai de foco.

Quando houver mudança de ponto de vista, mudança de enfoque
acerca do que aflige, terá inicio, nesse ponto, um movimento
interno diferente, e a doença começará a ceder.
Quando não lutarmos mais, a luta termina. É igual cabo de guerra.
Forçando de um lado, algo fará força na outra extremidade.

Quando não mais resiste, somente então o virus perderá força, e a
nova consciencia, derivada dessa compreensão, irá aniquilá-lo.
O virus terá cumprido sua missão e sairá de cena. Fez o que
tinha de fazer. Foi um bom mestre.

O corpo nos carrega nas costas, para que possamos nos resolver
internamente, alcançar lucidez, dominio sobre os misterios da
vida. A carne sofre, se dilacera, podendo ser levada aos ultimos
limites da resistencia, e sucumbir. 

O despertar tem suas dificuldades, mesmo assim, apesar de tudo, nem sempre se torna possivel.