terça-feira, 30 de abril de 2013

O IOIÔ QUE A VIDA IMITA


Quer tirar algo da cabeça, algo que queira esquecer ?
Algum assunto que retorna rotineiramente, pensamentos falando sem cessar na cabeça, tornando-o cansativo, verdadeira perturbação, e sem controle algum sobre aquilo ?

Como livrar-se desse ruido mental desgastante, desses
 pensamentos que trazem de volta, a cada momento, situações de
vida conflitantes que não foram elaborados a seu
 devido tempo ?
Momentos de vida embaraçosos onde ficamos emperrados,
impedidos de seguir em frente com naturalidade, sem o peso
das circunstancias onde, em função do sofrimento, sentimo-nos como sequestrados dentro daquela condição.

Queremos esquecer. Precisamos esquecer. Soltar-se do galho
onde o paletó prendeu enquanto passavamos por aí. 
Esforçamo-nos para seguir em frente, todavia algo nos segura, 
impedindo o passo, e emocionalmente desgastados.

A trama retorna a todo instante, como o movimento de uma roda que gira sem parar, sem, no entanto, sair do lugar. A pessoa vê-se dominada como peixe na rede, não encontrando saida
 para livrar-se da cilada.

Para esquecer, basta não lembrar. E a lembrança faz-se em
função do pensamento. Portanto, sem pensamento, não há como
trazer de volta à consciencia qualquer tipo de recordação.

Relembrar, isto é, pensar outra vez sobre aquilo, dá força ao que
se quer esquecer. Querer tirar algo da cabeça, mas continuar  pensando sobre aquilo, reflete o total desconhecimento de como
a coisa funciona.

 O pensamento vem, e por estarmos desatentos,
permitimos que o filme rode novamente na tela da mente. 
Ou, dizendo de outra forma. Quando as imagens retornam, em forma de lembrança, se a pessoa não permitir que a cabeça
continue falando sobre aquilo, o roteiro aos poucos será
desativado. E o passado ficará no seu devido lugar, sem
contaminar esse momento, sem perturbar o que está aí agora.
No instante em que os pensamentos voltam novamente a
encenar o drama, retire-os de cena, feche o palco, mantenha o
silencio na cabeça. Ou então, substitua as imagens mentais por
outra coisa qualquer. Preste atenção ao canto do passarinho, à
sua respiração, à musica que está tocando, ou ao que quer que
 seja, pois recordar, não resiste ao efeito aniquilador da atenção.
Quer esquecer ? Aquiete a cabeça. Desvie o olhar, troque de
canal, vibre em outra frequencia, cantarole sua canção predileta,
ou preste atenção às pessoas que passam. Qualquer coisa serve,
e funciona sempre.

Sem pensamento não há lembrança, não há como voltar ao
 passado, a não ser em forma de devaneio fantasioso da
imaginação. Recordar, não significa viver aquilo novamente,
como diz a canção popular. 
Caso tente, sofrerá. 
Sair desse momento, atraves do pensamento, e deslocando-se 
para o que já passou, haverá perda de energia.
É por isso que se diz que, sem pensamento, não há sofrimento. 

O processo é simples, apesar de inicialmente parecer complicado,
pois o drama está estruturado, tomou conta, conquistou cadeira cativa no espaço mental.  Mas se mantiver a queda de braço, o
drama irá desestabilizar-se, perderá força, porque a pessoa
 tornou-se vigilante. Está atento ao falatorio na cabeça.
A atenção não permitirá mais os caprichos da mente, que tiram o
folego e o norte de qualquer vivente.

Escolha por si mesmo seus convidados. Não se dê ao luxo de 
conviver com visitantes metidos e inconvenientes.
Esteja alerta. Não entre nessa coisa de corpo mole, permitindo a
cabeça dirigir o rumo seus passos. 
Redea curta. Faxina mental. Casa limpa de todo e qualquer
poluente que infesta e emporcalha o ambiente da vida.

Cabeça limpa. Autonomia mental que condiciona liberdade de
espirito e percepção ampliada nas decisões.
Em sentido contrario : congestão mental, trafego confuso, sem disciplina, sem governo central -  não há outra possibilidade
 viavel, frente tamanho descontrole e confusão,
que não seja o caos e a anarquia.

A vida, com certeza, não necessita imitar o ioiô  :  às vezes por
 cima, às vezes por baixo, e outras tantas vezes enrolado. 








sexta-feira, 26 de abril de 2013

PORQUE TANTO CANSAÇO E SOFRIMENTO ?


 Em condições normais pensamos sem parar.
 Não estou aqui me reportando ao pensamento como forma de raciocinio, ou ponderação inteligente na execução de qualquer atividade. Não, não é isso. Refiro-me ao pensamento desconexo,
sem controle algum, que ininterruptamente fala na
 cabeça de todos nós.

Estamos sempre falando conosco mesmos em nossos pensamentos. E isso acontece por impulso, sem querer, pois o movimento faz-se de forma automatica, alheio à nossa vontade, independente
 e com aparente autonomia.
À primeira vista, tem-se a noção que não participamos do processo,
que existe algo ou alguem em nós que mantem esse falatorio sem fim, falando de tudo, sem, no entanto, falar de nada. Achamos que não temos nada a ver com toda essa maluquice, em função da
 quase total impossibilidade, da nossa parte, de cessar essa voz
ensandecida que fala sem parar, e por ser sistematico e comum a
qualquer pessoa. 

A canseira do final de cada dia, não é tanto pela atividade das
 ações realizadas na rotina de cada dia, mas por esse ruido de
 fundo insistente, irritante, que desgasta por ser perturbador, e esgota por ser persistente. 
E toda essa doideira é tida como coisa normal e até inevitavel na 
vida de qualquer ser vivente.
Parar de pensar parece ser exclusividade apenas de defunto, tamanha a dificuldade envolvida no empreendimento no sentido de opor-se a esse fluxo mental.

Porque essa tagarelice constante, que a cabeça mantem com a gente, torna-se tão danosa, a ponto de constituir-se no 
fundamento central de todo o sofrimento humano ?
Nada mantem-nos tão implacavelmente aprisionados à configuração da realidade vigente de cada pessoa, que essa
condição psiquica a que somos submetidos com tanta
 tenacidade e persistencia. Afinal, o falatorio não pára por um
momento sequer. E acha ouvido para tanta balburdia.

Outra questão : qual a finalidade enfim desse dialogo interno ? Já que existe, qual sua razão de ser, conquanto transtorne a vida
de qualquer criatura ?

Vejamos. Isso que falamos continuamente para nós mesmos, em forma de conversa mental, como um monologo que, de tão sutil,
não chegamos a dar-nos conta, representa a forma de como percebemos o mundo, e mais, determina o modo de como nos
comportamos. Isto é, o mundo que conhecemos, é dado por essa
zoeira na cabeça. É por isso que essa percepção, aquilo que vemos
como mundo, confirma o conteudo dessa fala interna e sua
descrição. Outro modo de dizer : a ideia que temos de mundo é
confirmado pela realidade dos fatos.
E o absurdo chega a tal ponto que substituimos o que vemos pelo
que pensamos sobre aquilo.

Dito de outra forma : ao nos depararmos com a realidade - as pessoas, os fatos e nós mesmos - pensamos coisas a respeito do que
vemos e concluimos que os pensamentos são  aquilo.

Falamos na cabeça que a vida é dessa ou daquela forma, e nos
convencemos que é assim. Por isso, será assim. O de fora sempre
confirma o de dentro.
Não somos capazes de perceber de uma forma diferente daquela que aprendemos a pensar. Os outros são o que pensamos que são, e não o que são em si mesmos.

Não te parece que estamos todos num gigantesco hospicio, onde
sofremos todos da mesma aberração ?
O olho vê em função do conteudo dos pensamentos. O olho não
consegue captar a realidade em si, porque vê atraves do que se 
pensa. Está aí a explicação quando nos informam que o mundo visivel é ilusão ( maya ). Nada do que vemos, é o que é.

De igual forma que identificamos o mundo como uma atribuição
mental - de como o descrevemos - agimos igualmente nos termos
dessa mesma descrição. Não somos capazes de comportar-nos de
uma outra maneira daquela que é dada pela descrição ordinaria que
fazemos do mundo. E nosso comportamento revalida, ou retroalimenta o sistema.  

O fluxo das imagens mentais cria o mundo, ou a realidade de cada
individuo, e mais,  leva-nos a agir em conformidade com o conteudo da conversa dos pensamentos.
E a realidade, por sua vez, adapta-se, e se amolda ao conteudo desse dialogo interno.

A vida parece uma gigantesca massa de modelar, que se deixa transformar em coisas, acontecimentos, ou qualquer situação que seja, em função da força modeladora do projeto das nossas ideias. A força estruturante da realidade é dado pela constancia do que falamos na cabeça.  Quem dá forma à forma é a informação
vinda de cima.   

Ao falar na cabeça que a vida é injusta, complicada, que tudo é
dificil, muito sofrido - a vida irá automaticamente acomodar-se a esse veredicto.

Portanto, qualquer possibilidade de mudança de vida será de todo impossivel, à medida que se mantiver na cabeça o seu falatorio, pois é ele que determina nosso COMPORTAMENTO e nossa REALIDADE existencial.

Para transcender o aspecto miseravel da condição humana - feito
de luta, tedio, duvida, medo e sofrimento sem fim - impõe-se a
suspensão desse monologo interno, que descreve a vida e a
realidade dos fatos dentro da sua sistematica. E a criação do mundo de qualquer ser humano faz-se atraves desse mecanismo.

Chega-se então ao momento crucial dessa maluquice
infernal : como suspender o dialogo-monologo dentro da nossa
cabeça maluca ?
Se observarmos, iremos constatar que fazemos sempre tudo igual,
como se fossemos mecanismos automatizados, dentro de uma rotina  rigidamente estabelecida, à maneira de um controle remoto, pois
é assim que aprendemos que a coisa tem de ser, ou, melhor, é isso que cabeça nos diz atraves do modelo mental vigente de cada um. 

Se evitarmos qualquer ação que normalmente realizamos de um
modo rotineiro, automatico, FAZENDO DE UM JEITO DIFERENTE, ou DEIXANDO DE FAZER, ( o que for possivel ), essa conduta rompe o ciclo interno da automação.
 A ação assim realizada, fora do padrão normal - padrão determinado pela conversa na cabeça - libera energia, que estará agora disponivel para realizar as mudanças pretendidas e necessarias.
Essa energia, liberada dessa forma, era antes consumida pelo fazer
rotineiro. Isso significa dizer, que a automação dispende energia.
Gastamos energia em habitos automatizados, como os vicios, 
discussões desgastantes sobre futilidades, dormir demais, falar
demais, pensar demais, sedentarismo, julgar, criticar, queixar-se à toa, engalanado pela auto-importancia, ou diminuido pela 
auto-piedade, ou então identificar-se com a desgraça e a miseria
veiculadas pela midia dos telejornais diarios, que apenas retroalimentam a visão  que temos do mundo e da vida.

Ao firmar nossa atenção na loucura do mundo, com sua barbarie 
e sofrimento, estamos apenas confirmando a descrição que temos
de como as coisas são. 
Alias, o dialogo interno é sempre confirmado na tela da realidade.
O mundo de cada criatura é tão somente o reflexo de si proprio.
A conversa interna faz-se realidade de fato, o que, por sua vez,
confirma a primeira. E a pessoa então dirá : "viu como eu tinha razão",sem, no entanto, dar-se conta que é o proprio criador
daquele monstro.

Portanto, o rompimento da rotina significa o rompimento
 do dialogo mental. E é exatamente essa conduta que disponibiliza
energia extra, energia livre, poupança de energia transformadora,
garantia de autonomia, percepção e poder inimaginaveis.
Quando falamos em sorte, falamos do efeito produzido por essa
energia conquistada atraves do mecanismo da desautomatização.
O que esperamos da sorte, não irá acontecer por sorte, com certeza.

Energia livre significa saude, oportunidades favoraveis, vida com
qualificação, contentamento, inteireza.
Silenciar o monologo interno desestabiliza a realidade miseravel
vivida até então.
As emoçoes recorrentes, como critica, julgamento, raiva, queixação
e tantas outras, definem a postura comportamental da pessoa. E a
suspensão delas tem como consequencia o cancelamento do
roteiro mental, ou então, o cancelamento do seu mundo, da sua
realidade.

A vida é isso : pensamentos que se repetem inexoravelmente com
suas ações resultantes. Habitos emocionais recorrentes, estados de espirito desgastantes sobre os quais tem-se pouco ou nenhum
controle, transformam a vida em coisa sem sentido, sem
qualificação alguma. Vive-se uma vida de sobrevivente.

O sofrimento é motivado por pensamentos e habitos que se 
repetem e repetem como uma roda que gira sem cessar, 
apresentando sempre as mesmas facetas, os mesmos panoramas, os
mesmos duetos.
É isso que forma o eixo existencial da pessoa normal, não
comprometida com evolução, mudanças e transformação pessoal. 

P.S.  A capacidade de fugir, o mais possivel, de rotinas estanques
            e conservadoras, é, de longe, a tecnica psicologica mais
                 eficiente de superação de limites e evolução pessoal.
                      Nada a supera em efetividade e rapidez.

                           Está a fim de tentar ?   Boa sorte !



sábado, 20 de abril de 2013

AS CONSEQUENCIAS DA CRITICA, JULGAMENTO E QUEIXUME NA NOSSA ENERGIA


       Nós queremos mudar. Todos queremos. E se todos buscam o mesmo objetivo, o significado disso é que a imensa maioria não está
conseguindo.

Sem duvida, mudar não é coisa que muitos consigam 
realizar. Produzir mudanças significativas, mudanças necessarias, seja na forma de ser, de comportar-se, de perceber o mundo, para viver melhor. 
Viver melhor, uma vida de qualidade, com mais conforto, saude, empenhado num trabalho que traga, não apenas o dinheiro do qual todos necessitamos, mas prazer, um trabalho que tenha coração, 
curtindo cada momento, e desfrutando cada ação, por pequena
que seja, pois considera cada pedaçinho do seu tempo um tempo magico de transformação.

Viver melhor como consequencia de ter-se libertado dos limites 
apertados de uma percepção confusa, acorrentado a tantos medos,
crenças invalidantes e fantasias que negam a realidade. A vida acinzentada é produto das circunstancias externas ou rompantes
emocionais, onde não há dominio pessoal para dirigir seus
atos, vontade propria ou auto-controle para firmar-se. Por isso a repetição  incessante e infeliz das pessoas normais, de tudo sempre igual, a mesmice hipnotizante de uma vida sem vida, inexpressiva, trivial, feita de monotonia.
Rotina é isso. Fila, bando, simplesmente seguir, batendo continencia, em posição de sentido ( sem sentido algum ), sem consciencia; uma vida inconsequente.

Sem esse movimento, fica a pessoa aprisionada na sua velha,
tediosa e geralmente caotica realidade vulgar.
 No entanto, a verdade é que não estamos condenados a viver
 assim para sempre, obedecendo a esse velho padrão limitante, a esse roteiro ordinario. Podemos mudar,
podemos nos reinvertar dentro de uma realidade inimaginavel.
 Há tantas mais janelas abertas por onde olhar a vida, a vastidão do universo, porque então ficar restrito a uma abertura tão estreita e perspectivas limitadas, onde a paisagem tornou-se cansativa
 e sem graça ?

 Podemos criar novas formas de conduzir nossa vida, seguir rotas até então ignoradas, resgatando possibilidades desconhecidas,
num mundo totalmente novo.
Podemos determinar nosso destino, dirigir nossos passos de dentro
de nós mesmos, ao inves de sermos manipulados por forças
externas, por fatores que não estão ao nosso alcance de serem
controlados.  Assumir-se é isso. Tomar as redeas e fazer da
vida conforme suas proprias escolhas. A estrategia de determinar-se por si proprio, criando, dessa maneira, uma ponte que
encaminhe a pessoa do lado de cá da realidade para uma outra margem, longe da vida ordinaria, sem sentido, nem significado, que  aprendemos a viver.

OK ! OK !  Tudo parece muito bonitinho, a retorica parece
 perfeita, mas eis que surge o tema critico, o ponto
essencial da coisa : COMO SE FAZ ?

Queremos, todos, mudar. Precisamos mudar. A mudança é 
urgente e imprescindivel, pois sem ela continua a vida nesse
pandemonio, esse mormaço sufocante, que já alcançou há muito o limite do suportavel.
Muito bem, a concordancia é unanime, mas quais são os pauzinhos que tem de serem movidos para que a coisa aconteça ? 

O grande segredo, ou a grande verdade, é que necessitamos de energia para a realização de qualquer evento. Sem dispor da quantidade de energia necessaria, nada pode ser executado, desde
as coisas mais simples, como caminhar, levantar todas as
manhãs, ou situações mais delicadas como superar velhos habitos
ou, livrar-se de rotinas desgastantes.

Todos possuimos energia, mas a energia disponivel já se encontra toda ela aplicada naquilo que a pessoa faz dentro da sua rotina
do seu dia a dia. Ela está distribuida no que é habitual do cotidiano de cada um.

Empreender coisas que não façam parte do que se faz sempre,
haverá necessidade de uma energia extra que, em condições
normais, não se encontra disponivel.
Fica assim facil compreender a quase impossibilidade, para a pessoa
normal, não engajada nesse contexto de superação, realizar qualquer mudança que seja. Falta energia. Eis o ponto.

Sabe-se que cada ação executada, pode aumentar ou diminuir nosso
nivel de energia. Veja a pessoa que sente-se frustrada por qualquer situação externa, algo que não tenha gostado. 
 Reagirá com veemencia, sentir-se-á aborrecido, ficará abalado por não ter sido tratado da forma como achava que deveria ter sido. 
 Em consequencia disso, haverá perda de energia. Após a zanga, irá sentir-se fraco, poderá até adoecer, e tudo que fizer dai por diante, terá grande chance de virar confusão. O tanque de combustivel
esvaziou.

O gasto inutil de energia, atraves das emoções discordantes, não
será de forma alguma favoravel para o bom andamento da
carruagem. Qualquer perda de energia repercutirá no todo da
pessoa, seja na saude, no trabalho, relacionamentos. E cadê a
energia para realizar as grandes mudanças, necessarias, no
sentido de viver melhor, paz, contentamento, plenitude, alem da superação de limites e tudo o mais que mantem-nos confinados
a uma vida de sacrificios e sofrimento sem fim ?


Existe uma tecnica simples - mas não de todo tão simples
 para a sua execução - que consiste em passar a proxima
 semana sem
CRITICAR, CONDENAR,  ou se QUEIXAR.

Essas tres palavrinhas condensam, com extrema precisão, o
mecanismo atraves do qual abrimos a torneira da energia, 
( já escassa ), deixando que se perca pelo ralo das emoções.

Pensamentos desgastantes dão origem às emoções que esvaziam
nosso estoque de energia. A contrariedade, a raiva, o ciume, ou
qualquer outra, sempre tem origem no pensamento. Pensamos, e
dependendo do seu conteudo, nos sentiremos bem ou mal, isto é,
ganhamos ou perdemos energia.

A tecnica, quando adequadamente praticada, com dedicação e
comprometimento, traz resultados surpreendentes. 
Estar alerta. Observar-se. Perceber o que está sentindo. 
Dar-se conta do dialogo-monologo dentro da cabeça. Prestar
atenção quando surge o pensamento da critica, da vontade de
condenar, ou da mania enfadonha de queixar-se de tudo
 e todos a todo
momento. São todas situações onde há perda de energia.

Perceber a critica na cabeça, em forma de pensamento, pois ela é
incrivelmente mais frequente e ferina, que a verbalizada, colocada
para fora, em forma de discurso inflamado. No entanto, não importa o estado em que é formulada, seja mental ou vias de fato. Ambos são drenadores de energia. O estrago é o mesmo.

Se nos tornarmos suficientemente atentos, constataremos ser
a critica a atitude comportamental mais usual de qualquer
pessoa. Falar mal do outro na cabeça, descobrir falhas, deformidades, imperfeições, emitindo juizos de valor, antes de
constituir-se em fator de perda de energia, transforma-se tambem em satisfação velada, pois, na comparação, sintimo-nos
sempre melhores,
mais bem qualificados.  

Não há mudança possivel na vida de qualquer pessoa sem um
ganho de energia extra, daquela usada todo o dia em forma de
rotina. E o segredo encontra-se na equação pensar-sentir.
Policie-se essa semana ( somente essa semana ! ) no sentido de
de dar-se conta dessa voz cri-cri na cabeça com com seus
rompantes de critica, queixume e julgamento. Esteja atento
para esse juiz severo que julga e condena sem tregua em tudo onde põe o olhar. E, por fim, faça um inventario, terminada a semana, da sua economia ou ganho de energia.
Terá valido a pena, ou tudo isso não passa de uma balela inutil,
 sem sentido, de alguem que não tem assunto,
  querendo simplesmente aparecer ?

Capisce ?




   


sábado, 13 de abril de 2013

É A VIDA BOA OU RUIM ?


              Dom Juan Matus, o velho e sabio xamã Yaqui dos desertos do Mexico, nos diz que a vida não é nem boa, nem ruim, apenas é dura.

Gostei do seu jeito simples mas preciso de definir a coisa.
A sua citação reflete uma verdade, ou está ele apenas emitindo um ponto de vista, um parecer, uma constatação pessoal, que pode,
no entanto, não ser a expressão da verdade ? 

Quando a verdade é revelada, seja em qual for o dominio do
conhecimento, ela traz sempre o incontestavel. Não permite a duvida, pois a premissa é axiomatica e validada por si propria.

                       Não há como negar que a vida é dura. Levantar
cedinho todas as manhãs, o mesmo trabalho de sempre, compromissos que nos exigem à exaustão, numa rotina interminavel, stress, tensão, pressa,
 por fim o cansaço, e, no fim do dia, a sensação de ter sido moido.
Deveres, obrigações, metas, e tudo o mais naquilo em que se
estrutura a realidade de cada pessoa.

Isso é fato, constatação, pois é assim que a coisa é.
 Ou não ?
Definir a vida dentro de um contexto de positividade ou não,
 está na dependencia de cada um. É uma avaliação pessoal. É uma
 maneira de olhar para as coisas que a vida nos traz.
Julgamos os fatos em função de crenças pessoais.

 Aprendemos a pensar sobre tudo. Depois treinamos nossos olhos
para olharem da mesma forma que pensamos a respeito das coisas
que olhamos. Olhamos para fora e imediatamente rotulamos o
mundo da forma como aprendemos a julgar atraves de como
pensamos.
Se não pensassemos sobre as coisas que percebemos, nada se
apresentaria como realmente importante. 
A importancia das coisas é dada porque pensamos as coisas. A
importancia não está na coisa em si, mas porque aprendemos a
pensar que são importantes ou não.
A importancia é um requesito dado pela forma de como pensamos.

Tentando encaixar a vida dentro de um modelo pragmatico, racional, não faz mais que conduzir-nos à decepções amargas e
sofrimento sem fim.
Enquanto olhamos, não deixamos de pensar. Alias, pensamos até
mesmo enquanto pensamos. O barulho que a mente produz na cabeça, em forma de pensamento, é, mais ou menos, de igual maneira ensurdecedor e enlouquecido, como baladas noturnas em que os jovens se divertem nos dias atuais.

 O pensamento forma juizo de valores sem validação na realidade dos fatos. Pensamos o mundo e tudo o mais, nem por isso a realidade ajusta-se, forçosamente, a esse modelito mental.

Partir do pressuposto colocando a vida dentro da perspectiva de
uma idealização fantasiosa, trará sofrimento, pois as decepções e insucessos serão inevitaveis, dentro desse modelo teorico. Por sua vez, as experiencias adversas negarão a premissa inicial.

Ter a compreensão que a vida não é nem boa, nem ruim, em vez
de tornar-se uma obsessão  - buscando a qualquer custo eliminar  os aspectos em contrario -  traz serenidade e paciencia. Afinal, a vida é feita de altos e baixos, e são os contrastes que
conferem beleza à paisagem. A linha isoeletrica no exame
monitorado do coração sinaliza a morte.
Afinal, não é nas derrotas que se encontra a beleza das vitorias ?

A vida não é ruim por acontecerem coisas que desgostamos, tampouco é boa pelos motivos opostos.
A vida é assim. Tudo é como é, sem adjetivos, ilusões ou 
fantasias da cabeça. 
A vida, definitivamente, não é uma aventura quixotesca.

Compreender que a vida não é linear, plana, arrumadinha como 
uma fila, traz alivio para o espirito, e desenvolve o senso do desprendimento e da paciencia. Abandona a busca e o desejo pela mesmice, pois terá compreendido que a beleza está nos relevos, quando a colina
transforma-se em vale,  depois novamente em colina. 
Altos e baixos, é disso que a vida é feita. Um quadro pintado a cores, entremeado de cinza e sombras esmaecidas.
A harmonia é o efeito criado pela luta dos opostos.

Ao considerar a vida como ela é, dá ao buscador a energia e o
desapego necessarios para reagir da melhor maneira possivel perante às situações da vida cotidiana do dia a dia.
Viver dessa forma traz à tona formas de conduta e
ações concretas, que possibilitam à pessoa livrar-se do caos das
ilusões hipnoticas, que o mantem sequestrado, isolado
 de si mesmo e da vida dentro de um contexto maior. 

Dessa forma, não irá viver como um ser automatizado, onde obedece simplesmente a uma programação do meio, esperando sempre pelo amanhã, sem, no entanto, ter adquirido experiencia mas viver esse amanhã.
Quem espera, sem ter acumulado experiencia de vida, não há o que
possa ser esperado. Afinal, planejamento não é devaneio. É pela
experiencia que nos preparamos para realmente viver aquilo que simplesmente esperamos.
A vida, com certeza, não é uma aventura. Sem estrategia, pericia e
habilidade de ação, e um proposito conferido por escolhas pessoais, 
a decepção e o sofrimento serão, certamente, seu destino final.

Para sobreviver a esse mundo, sem ser destruido pela alienação
coletiva, somente com firme determinação, bem desperto e com
absoluta confiança. 
Poderá sentir-se vulneravel, pois sabe que o caminho é duro. Um
caminho que não pode ser trilhado pelos de espirito fraco, que
simplesmente se emparelham para sentirem-se seguros. Os que buscam fora, pela ausencia total de um proposito interno solido.

A sua luta não é contra o mundo, mas contra sua propria
fragilidade e limitação, contra as forças do seu destino de homem
comum, determinadas por sua historia pessoal e circunstancias
da sua vida.
Luta para resgatar possibilidades desconhecidas, tais como a liberdade que, de forma alguma, pode ser concedida por
alguma atribuição externa, pois constitui-se em responsabilidade
individual.
Não sai pela vida procurando por mamãe para saber o que deve
ou não fazer. Assume-se. Pega as redeas e segue seu caminho.
Está na luta para resgatar a autonomia e capacidade de decidir
por si proprio os roteiros da sua vida. 

É uma luta pela soberania da auto-determinação, resgatando seu
poder, e livrando-se de tudo quanto mantenha-o aprisionado à
situação de vida comum, pequena e sem sentido dos seres
alienados, fracos demais para livrarem-se da triste situação em que estão metidos, com suas proprias forças.

É uma luta silenciosa, serena, mas resoluta.
Uma luta orientada pela atitude, impondo uma postura, uma
conduta e uma diretriz de vida. Não há duvida que é um desafio, pois já não orienta-se mais pelas placas de sinalização do mapa
da tropa. 
Orienta-se por suas escolhas pessoais,  dessa forma dará o melhor de si em tudo que fizer. 
Está sempre preparado, seja o que for que vier, por isso está sempre alerta.  ( "Vigiai e orai", não é isso que nos falou o moço esperto ? ). 

Nada acontece por acaso. Por isso, não  move-se por interesse, tentando buscar satisfação e consolo atraves de feitos e conquistas externas,  mas segue em frente com o objetivo determinado de evoluir.

A pessoa mediana geralmente só move-se mediante a dificuldade.
 Irá procurar o medico quando o corpo já tiver exaurido todas as
possibilidades de manter-se saudavel por si proprio. Não assumiu a responsabilidade pelo seu bem estar. É por isso que o sofrimento
 intervirá como mecanismo ultimo para despertar das ilusões 
fantasiosas.   "Amanhã tudo será melhor" é o mantra dos
que simplesmente esperam, usando o tempo como um mecanismo magico para a solução daquilo que é de total responsabilidade individual. 

A pessoa, ao assumir sua vida, persiste, apesar de todas as dificuldades e contratempos, e vive por esse desafio. Encontrará
 equilibrio e força necessarios para superar todos os
momentos dificeis.
Não se conformará com o desanimo. Irá transformar
qualquer acão em desafio, superando seus limites, para tornar-se
mais vigoroso, mais real, mais ele mesmo.

Descobrirá a vontade como sua aliada para manter-se de pé, e
seguir com fidelidade suas premissas. Livra-se assim das crenças e
toda forma de fraquezas do homem comum que traz dentro de si.
Não se apega para não prender-se a nada, tampouco para não
negar-se nada. Vive desapegado, construindo, dessa maneira, sua
vida atraves das suas decisões. Unicamente.

A sua luta se faz, portanto, no sentido de superar esse homem comum que aprendeu a ser devido todas as circunstancias desfavoraveis da sua trajetoria pessoal.
 Faz disso sua tatica de vida. Não perde tempo em saber se a vida é boa ou ruim, porquanto já aprendeu que isso não tem importancia.
Importa, sim, fazer o que tem de ser feito, e dentro dessa estrategia
adquire serenidade e paciencia.

E, com certeza, não faltará nada para aquele que se orienta
por essa visão. 





quinta-feira, 4 de abril de 2013

UM JEITO PARA VIVER, PARA NÃO MORRER SEM JEITO


               Dia desses, Ghi Belique, com ares de profeta, euforico,
estava como quem acaba de ter uma grande revelação :
 "Há muitas formas de morrer, mas achar um jeito para viver,
não há duvida, é para poucos."

Fiquei refletindo sobre o que acabara de ouvir.
 Encontrar um jeito para viver !  Encontrar o essencial, aquilo
 que faz a diferença. 
  Algo pelo qual valha a pena manter-se de pé, sustentado, porem pelas proprias forças, por suas escolhas pessoais.
Não trilhar caminhos, apenas por ser essa a rota por onde segue a manada, o caminho de milhões. 
 Não permitir ser manipulado por estrategias astutas, cujo unico objetivo é o de mantê-lo estranho a si mesmo, impossibilitanto-o, dessa forma, de viver seu potencial, suas reais possibilidades.

 Há muitas forças influentes agindo para que voce não seja voce mesmo, induzindo-o sutilmente  para apenas repetir e aceitar como
verdadeiro tanta besteira que hipnotiza o bando todinho.
 A mesmice é facil de ser controlada. O rebanho é
concebido dentro dessa premissa.

               A autenticidade torna-se perigosa dentro de um sistema que enfatiza a imitação, seguir em fila indiana, apenas repetição. A tatica é, portanto, desviá-lo  de si mesmo para que permaneça convencional, bem mandado, não dissonante. E todo cuidado é pouco, por parte deles, pois sempre existe o perigo de voce
 vir a tornar-se um rebelde. A rebeldia é caracteristica dos
espiritos livres, dos que se auto-determinam, não permitino serem pensados. E o sistema não tolera essa gente, pois representam
perigoso sinal de alerta.

A amargura e alienação são consequencia dessa falta de si, desse encontro consigo mesmo que não aconteceu. Ou, por não ter encontrado o seu jeito para viver. 
 Por não sentir-se à vontade com a vida
 carregando culpas, lamentando-se em queixumes constantes por tanta tristeza e descaminho, e totalmente imobilizado pelo medo.

Não sente-se à vontade porque foi treinado para o controle e a
repressão, como se fosse um ser perigoso que tem de ser vigiado como uma fera imprevisivel. Aprendeu de tal forma a lição, que perdeu o sentido da vida e sem saber o que é. Perdeu a gentileza para consigo mesmo, e, com isso, tornou-se incapaz de reconhecer a gentileza da vida. Está em estado de tortura permanente. De auto-tortura, o que torna-se ainda mais lamentavel.
 Torna-se insensivel, perdendo a capacidade de percepção,
a poesia, o encanto, o estado de envolvimento e a festividade da
vida.
               Está em estado de temor permanente, não está ? Armado até os dentes em constante estado de defesa. Já perguntou-se alguma vez quem é o inimigo,  de quem está, afinal, tentando
 defender-se ?

Sentimo-nos desamparados e indefesos quando perdemos contato
com a gente mesmo. É esse o motivo pelo qual o mundo parece-nos perigoso e não confiavel. O quanto não estou do meu lado, é o
tanto que percebo-me indefeso e vulneravel.

Quais são, enfim, os valores pelos quais vale a pena levantar todas
as manhãs, cumprir com determinação o que nos compete, sem esmorecer, sem deixar-se abater pelo cansaço ou pelo dasanimo ?
 O que dá, afinal, significado à vida ?

Se observarmos cuidadosa e imparcialmente os seres humanos, 
constataremos com facilidade que, quando a pessoa chega à idade
de vinte anos, já tornou-se senil, rijo, repetitivo, sem criatividade
alguma.
Pouca idade não é requisito para a juventude. E não é a pouca
idade um impedimento para a pessoa transformar-se me caduca. 

Com relação à vida, depois dos vinte, já nada mais existe. 

Envenenado pela comparação e o alinhamento, tendo abdicado da autenticidade do si mesmo, em troca de beneficio algum. 
Fascinado pela imitação, segue numa fila interminavel que não
conduzirá a lugar algum. 
Transforma-se em algo que não é, seguindo em frente, no
 compasso de rebanho, perdendo a inteligencia, a liberdade e a
auto-resolução. 
O estratagema da inconsciencia coletiva, não visa outra coisa que
desorientar, desviando da pessoa a atenção de si mesmo.
Torna-se muitos porque abdicou do senso de decisão. Não orienta-se por si proprio, porque perdeu o senso de orientação. Internamente coletivizou-se por não saber o que é. E quando se é muitos, não sobra mais nada daquilo que se é.

Todos sabemos como isso termina. Apenas uma historia, uma historia amarga, contada por um alienado, falando de uma vida
sem qualquer sentido, nem importancia.
Uma historia acanhada, narrada por uma pessoa amarga, tomada
pelo cansaço e a frustração. Mais que uma narrativa, torna-se
 um resmungo lamentoso, em forma de magoa e triste resignação.
Depois por fim morre, desencantado com tudo. A vida miseravel
não foi outra coisa que a consequencia por não ter encontrado um jeito para viver. O seu jeito.

Viveu, mas no fundo de si mesmo sabe que não viveu. Não sentiu
a vida como algo para desfrutar, algo para comemorar, uma
dança, uma canção, um festival.
Viveu, mas foi uma vida de amolação, de fastio e tedio. Controlou-se. Reprimiu-se. Viveu conforme as regras. Negou-se para
ser fiel ao rebanho.
Por fim endureceu-se. A vida não conseguiu fluir atraves de
tanto sofrimento.
Não conseguiu apaixonar-se por si mesmo, pois tentou encontrar-se
naquilo que não é. Olhou para o mundo como se fosse possivel
encontrar-se lá fora.

Viveu pelo esforço na tentativa de transformar-se em qualquer outra coisa que ele proprio.
Percebeu tarde, se é que se deu conta, que a alegria só pode vir,
nesse estado, em que se é simplesmente a gente mesmo. 
Como viu todos correrem, correu tambem, sem, no entanto,
ter encontrado sentido algum nessa tremenda loucura. Foi no
embalo, assim como vão os enfileirados.

O barulho do mundo é consequencia da insanidade de uma mente
barulhenta. Por isso a pressa, o mau humor e toda forma de
amolação e sofrimento.

Um jeito para viver ! 
Será que não seria o jeito do poeta que não necessita de 
explicações racionais para apaixonar-se pela vida ?
Simplesmente fica feliz por estar aí, por sentir-se fazendo
parte, por essa presença, pela vida fluindo atraves da sua energia. 
Encontra ressonancia nesse fluxo da vida, e, desse encontro,
nasce uma canção, um poema de louvor à existencia.