quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

QUANDO O SUCESSO TEM GOSTO DE FRACASSO

                   A pessoa no inicio, tinha apenas um objetivo. O seu trabalho, o seu pequeno
negocio haveriam de dar conta dos seus sonhos, de todas aquelas coisas, nada grandiosas
para ter uma vida confortavel e viver bem.

               Mas à medida que as pequenas metas foram alcançadas, novos objetivos foram
acrescidos, novos sonhos se fizeram presentes.
E atraves da obstinação e da boa vontade o sucesso aos poucos  começa fazer parte
da agenda, como o grande proposito da vida.

                               Crescer cada vez mais, atraves de cada vez mais dinheiro, poder e
prestigio.
                         As coisas estão dando certo. O alvo foi atingido.

               À medida que o tempo passa, as conquistas se avolumam e lentamente não
consegue mais dar conta da avalanche da sua criação. E o que era apenas um sonho
para ter uma vida tranquila atraves do seu trabalho, acaba tomando proporções em que
as redeas foram rompidas e a vida corre celere já não havendo tempo para olhar
para os lados, para usufruir das vitorias, dos ganhos, dos lucros. Pois a ordem é
seguir em frente, acumular cada vez mais para um dia, no futuro, sentar em frente
da lareira, vendo o fogo crepitar e então celebrar.

                   Mas à essa altura a pessoa está simplesmente nadando nas suas realizações
com apenas o nariz de fora, já quase se afogando.
E na grande maioria das vezes é dragado pelas  vitorias, perdido na gloria, vitima  dos
seus triunfos, das suas conquistas.

                     Acabou sendo possuido pelo que tanto buscou.

            No inicio era apenas um caminho. Agora se encontra perdido nos seus passos,
no seu esforço. Conseguiu mas se encontra sequestrado. Aprisionado pelo que tanto quis. Refem da sua propria vitoria.

                  Conseguiu os seus objetivos mas não se sente realizado.
Não consegue compreender como pode faltar algo se já alcançou tudo.
Não consegue compreender porque a necesidade de mais, se à medida que acumula,
esse mais não consegue trazer plenitude, paz, alegria.

             É muito penoso quando a pessoa percebe  que, mesmo tendo o mundo
aos seus pés, o sucesso fracassou.

      Está confuso, se senso de direção, perdido. Não sabe o que fazer com tudo que
alcançou. Definitivamente não está feliz, não chegou em casa.

                    O sucesso não trouxe o que havia prometido. Há um sabor amargo de
fracasso  nesse  momento de se sentir bem sucedido.

             Porque será que a vitoria acaba se transformando num gol contra ?
O que foi que faltou ?  Qual foi o momento em que enveredou por um atalho e perdeu
o caminho ?  O mapa blefou. A bussula desorientou.

                       Será que a felicidade é o resultado de uma busca, ou simplesmente
uma consequencia ?

              Lembra ainda da lei das mulheres ?

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A LEI DE DOM JUAN

                      Como tornar-se um D. Juan ?  Isto é,  conseguir sem esforço, sem correr atrás, sem sacrificar tanta coisa, paz, alegria, saude, para alcançar objetivos e tornar sonhos realidade ?  Ter, mas que isso não custe nossa felicidade, nosso equilibrio ?

           Quando a pessoa ler um tratado de como aprender a dirigir, irá se tornar um expert
na arte de dirigir. Saberá tudo sobre direção, mas seu conhecimento é teorico. Sabe porque leu, porque estudou. Sabe como se faz, contudo não saberá fazer. Saber não é equivalente a saber fazer.
                                                  Nos tornamos grandes teoricos com relação às coisas da vida. Tantos "mestres" falando sobre como se faz, tantos "gurus" explicando os caminhos do mapa, sofisticadas elaborações teoricas, discursos rebuscados, ideias, palavras, imagens, que acabamos substituindo o pôr a mão na massa pelo entendimento intelectual, pela racionalização, pelo que é teorico.

                     A maquete não é o projeto, assim como o mapa não é a realidade que ele expressa.
                             Ninguem nasce um D. Juan para a vida, assim como nascem alguns D. Juan para as mulheres.  O dom Juanismo da vida se faz atraves de um trabalho disciplinado, uma constancia fervorosa, uma atitude diligente, grande aplicação e vigilancia permanente.
                                              Para aprender a dirigir, tem de entrar no carro
e fazer tudo o que se faz necessario. Tem de colocar em pratica a teoria dos tratados. Mãos, pés e cabeça tem de entrarem em ação simultaneamente. E mesmo que saiba como se faz, um instrutor se faz necessario. Voce sabe, mas tem de ter alguem consigo
para que o seu conhecimento teorico se transforme em ação efetiva. Voce sabe, mas não sabe fazer. Assim precisa de um instrutor que sabe fazer, para ajudá-lo a transformar aquilo que sabe em saber fazer.

                           É assim com tudo quando se trata de aprender algo novo. O treinamento se faz necessario. A palavra da apostila adquire um valor pratico. O conhecimento teorico se transforma em habilidade, que, por sua vez, produzirá uma mudança interna, tornando-se diferente atraves das coisas que sabe fazer.

                  O fazer como elemento de evolução pessoal. Voce mais elaborado, tanto socialmente quanto a nivel humano, psiquico, e até espiritual se souber conduzir o processo do fazer com maestria dentro de um contexto que não seja apenas a busca por compensações.
                                  O lucro que obtiver com o que sabe fazer, poderá levar a pessoa
para outros niveis de vibração, para outras realidades, acessados atraves de uma atitude que não vise apenas fins lucrativos.

                O trabalho, quando se espiritualiza, atinge a sua verdadeira função, e a pessoa alcançará a compreensão do processo encarnatorio.
Nos organizamos internamente atraves de uma postura externa, atraves da nossa motivação.
                              Se a força motriz for a ambição, o poder, o prestigio, a pessoa se tornará um excelente tecnico que saberá fazer com maestria, com requinte. Mas se aquilo não levar a uma mudança interna, uma elaboração mais refinada dos aspectos humanos, se tornando mais humano, mais gentil, mais proximo, sem tensão, medos, ansiedades, terá simplesmente se transformado numa maquina que faz, numa maquina eficiente, que não conseguirá transformar esse fazer, em ser feliz.

                       Se transformará num homem bem sucedido, alcançará prestigio, muito dinheiro, mas não se sentirá em paz, terá a sensação de que algo falta, não se sentindo completo apesar dos muitos zeros da sua conta bancaria.

                            A alegria da presença, a alegria de participar desse momento sem buscar nada no futuro para se sentir bem agora.
Sentir-se bem simplesmente pelo que esse momento traz, pelo que está aí, sem procurar em outros tempos, em outros cantos seja lá o que for para me sentir bem.

              Quando se faz força num sentido, cria-se, por uma lei da fisica, uma força oposta, em sentido contrario. D. Juan sabe disso, é é por isso que é D. Juan.

                   Ser bem sucedido na vida implica em adequar-se às leis da Natureza.
Nunca se ouviu falar que uma bergamotinha fizesse qualquer esforço para  se desenvolver e se transformar no que tem de ser.

             Será que existe alguma relação que a bergamotinha e D. Juan ?

                   
                       

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

PIPOCAS DA VIDA

                  Esse é um texto, para ser lido, naqueles momentos na vida em que a gente se sente perdido, não encontrando razões ou justificativas para tanta desgraça e contratempo.
Naqueles momentos em que a gente tem a impressão que foi abandonado pela sorte, pelo Universo e por todos os deuses.
                                                       Leia com atenção.

                         "Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho para sempre.
                      Assim acontece com a gente.

                   As grandes tranformações acontecem quando passamos pelo fogo.

            Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito a vida inteira.

                            São pessoas de uma mesmize e uma dureza assombrosa.

                Só que elas não percebem e acham que seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.
Mas de repente vem o fogo
O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos : a dor

                 Pode ser o fogo de fora : perder um amor, perder um filho, o pai, a mãe, perder o emprego, ficar pobre ou ficar doente.

      Pode ser o fogo de dentro : panico, medo, ansiedade, depressão ou sofrimento, cujas
causas ignoramos.

                           Mas há sempre o recurso do remedio : apagar o fogo !
Sem o fogo o sofrimento diminui.
E com isso a possibilidade da grande transformação tambem.

                   Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro cada vez mais quente, pensa que sua hora chegou : vai morrer !!

                          Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar a transformação que está sendo preparada para ela.
A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz.

        Aí, sem aviso previo, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece : BUM
E ela aparece como uma outra coisa completamente diferente, algo que ela nunca havia sonhado.

                               Bom, mas ainda temos o piruá, que é o milho de pipoca que recusa a estourar. São como aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem.

                        A presunção e o medo são a dura casca do milho que não estoura. No entanto o destino delas é triste, já que ficarão duras a vida inteira !

                    Talvez hoje voce não entenda o motivo de estar passando por alguma coisa

       Mas tenha certeza que quanto mais quente o fogo, mais rapido a pipoca estoura. "


                                                            Autor desconhecido

sábado, 3 de dezembro de 2011

A LEI DAS MULHERES

                           Talvez se sinta um tanto desconfortavel ao ler as coisas que estou colocando. Pode parecer que essas ideias fogem da realidade, que não é bem assim, e que afinal de contas, precisamos do dinheiro, e desse modo ter metas, objetivos para alcançar
o que buscamos. E sem esforço, sem empenho não se chegará a lugar algum, e muito menos o dinheiro que tanto nos faz falta. Precisamos aprender a competir se quisermos
um lugar ao sol. Essa vida final de contas, é uma luta, e parece que não há o suficiente para todos, e só terá quem for esperto e mais rapido.
    
                                 Não é assim que nos dizem que é a vida ? E a realidade não se ajusta
exatamente a isso ? E como poderá então alguem propor algo que não se ajusta aos fatos, algo que contradiga ao que todos fazem, o esforço de todos para conseguir o que querem ?
                                   Não há nada mais extraordinario do que a vida para nos ensinar de como a vida funciona. E se não formos muito atentos, se não usarmos de muita lucidez, não conseguiremos compreender o lado magico que se esconde por tras de toda loucura do movimento humano, da busca insana, do desespero para conseguir, para chegar, para vencer.
                                             Estamos aqui lidando com paradoxos, e a vida se encaixa dentro das diretrizes do que é paradoxal. A vida é regida pelas leis do absurdo, isto é,
pelo que não é logico, pelo contraditorio, oposto ao que a cabeça acha que deve ser.

                         Atraves da lei das mulheres dá para se ter uma ideia do que estou colocando, e desse modo constatar do equivoco da mente,a estrategia  falha e sem coerencia que nos impõe na busca do nosso bem estar, da nossa felicidade.
                
                O que acontece quando a mulher percebe que está sendo desejada , que despertou o interesse e que chamou a atenção de alguem ? Ela se faz de doce, se faz de dificil, não é assim ? Ela está sendo "caçada", e pela lei, o caçador segue a caça. Espreita, analisa, avalia. Ele quer aquela mulher, insiste e tenta alcançá-la de qualquer modo. Ele corre atras dela, e ela dará um jeito de se esquivar, colocando dificuldade na sua captura. É assim que as coisas são, e a beleza está exatamente aí : o caçador que persegue sua presa.
                                         Entretanto pode acontecer que o cara desista da perseguição, dando meia volta e indo embora. O que irá acontecer ?  Pois é, ela irá agora correr atras.
Quando o cara não quiser mais, ele a terá. Enquanto demonstrou interesse, enquanto quis, enquanto a desejou, não conseguiu realizar o seu desejo. E quando não quis mais...

                              Dom Juan é Dom Juan porque compreendeu essa lei. As mulheres o querem mas ele demonstra indiferença, parecendo  não querer, mas no fundo ele quer.
Pois é, estamos aí diante de um paradoxo. Por não demonstrar interesse, por não correr atras, ele as tem todas a seus pés. Ele é desejado por não querer. Ele se faz de doce, de dificil e é exatamente por isso, por não correr atras, por parecer não querer, que as terá
todas, quantas quiser.
                                               Meu bom companheiro, as leis das mulheres,
 na realidade, é a lei da vida que rege as coisas. Quanto mais correr atras do dinheiro,
o dinheiro, assim como qualquer coisa que querira, se faz de dificil, se faz caça.
Pensa um pouco ( ou muito ) nisso, e verá a beleza e a magia que essa lei esconde.
O ato que não busca, sempre terá.
O ato que não força, sempre obtem.
O ato que não deseja, sempre alcança.
                                                                  Parece loucura, um contrasenso ou uma piada
sem graça. A vida se comporta desse modo, assim, sempre.
A visão no futuro, olhando para metas, objetivos, propositos significa correr atras, competindo para chegar primeiro, fazendo força, forçando por todos os lados, e de todos os modos possiveis para ter bom exito. Dom Juan não usa esse expediente, mas nem por isso deixa de ter o que "não quer" (querendo). Não é que ele não queira,  está na dele,  fica aí jogando o seu charme como quem não quer nada, pois confia no seu "jogo", no seu taco. E sempre será bem sucedido.

                         Enquanto está fazendo algo, onde está a cabeça ? Está correndo atras de alguma coisa, não é mesmo ? A cabeça está fazendo calculo, está pensando em lucros, em vantagens, nas coisas que virão depois, depois desse momento ter passado e ter alcançado o futuro. Depois de ter caçado a sua presa. Existe ansiedade, existe medo, está envolvido com coisas, com o futuro. Está aí, mas só de passagem.
   Voce terá as coisas que busca no futuro, mas elas não poderão te dar o que busca nelas. O que busca lá, não está lá, não está na conquista dos seus objetivos, sucesso, poder, prestigio. Está correndo atras disso porque está ansioso, existe medo, cautela.
E buscará nas coisas a sua salvação. Desse modo, não conseguirá desfrutar o que estiver fazendo, porque desfrutar trará alegria. E quem tem alegria, nesse momento, terá necessidade de esperar por um outro tempo para ter alegria, para ser feliz ?
   E o paradoxo disso é que terá , assim mesmo, todas as coisas que estava buscando atraves do esforço, agora sem esforço, sem desejo, sem ansiedade. Lindo, não é ?

                     E haverá um outro ganho, ainda mais fantastico. Voce será alguem melhor, terá produzido uma profunda mudança interior.

                          Voce terá se tornado um Dom Juan de vida. Jogará o seu charme para a vida e terá tudo aos seus pés, como quem não quer nada, mas paradoxalmente, terá tudo. 
                        Será que não vale a pena meditar profundamente nisso ?

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

ENTENDENDO MELHOR O AGORA

                     Esse momento pode nos proporcionar duas realidades, não simultaneas, mas uma ou outra. Isto é, ao escolher uma das alternativas, a outra fica inviavel . Teremos de abrir mão  de uma opção para que a outra seja possivel. Vejamos.

                         Podemos usar esse momento simplesmente para chegar ao depois, sem interesse real ao movimento intrinseco do que está aí, mas apenas usando-o como trampolin, tendo em vista os objetivos futuros. Estou aí, mas apenas de passagem. Estou passando por esse momento, fazendo o que tem de ser feito para atingir um fim, para alcançar um proposito. O que importa é o que virá depois. A intenção é o depois.

                                Ou então irá desfrutar esse momento, desfrutar o que estiver fazendo. Desse modo, não estará aí pelo resultado, pelo que virá depois como consequencia do seu empenho, do seu esforço.
     Estará aí pelo momento em si, pelo que está acontecendo, apenas presente, usufruindo da sabedoria interna atraves de uma percepção clara, uma compreensão  lucida e participando com uma atitude adequada. Saberá se colocar com maestria, respondendo à altura ao que está sendo solicitado.

                       Veja, o alvo não está no futuro, nas coisas que terá depois. Contudo, o paradoxal disso é que,  apesar de não correr atras das coisas, mesmo assim as terá.
   Se não se envolver com lucros futuros, com ganhos, vantagens, descobrirá esse espaço maravilhoso, realmente magico, que proporciona  beneficios , tornando-se rendoso, sem, contudo, ter tido esse objetivo.  Terá tudo e bem mais que se tivesse investido em ganhos e objetivos.
           Esse momento é pleno, completo em si. Se busca resultados é porque está ausente e não compreendeu o significado e o poder inerente a esse momento.

                           Se questionar o que esse momento pode te dar, irá perdê-lo. Terá apenas as coisas como resultado do esforço investido, mas não se sentirá feliz, não terá alegria, não terá paz. Terá coisas, as coisas que buscou a partir desse momento. E com isso, não irá desfrutar o que esteve fazendo. Não conseguirá apreciar o que cada momento traz. O  momento em si, sem olhar para as  curvas dos mapas do lucro dos resultados. O prazer pelo prazer. O ato que não busca nada, que não força, que não deseja, porque o momento se basta por si proprio, sem a necessidade de vinculá-lo a qualquer objetivo, a qualquer meta, fim ou proposito.

                  A atenção está toda voltada para esse momento, o interesse voltado apenas para o que está aí. Se estiver voltado para metas, não encontrará nada de extraordinario
nesse momento, e desse modo, não trará nada de significativo, de grandioso para a realidade. Não produzirá mudanças interiores, pois o medo e a ansiedade continuarão presentes, apesar do lucro e dos resultados positivos.
                                   Busca o lucro porque se sente medroso e angustiado, precisa acumular para se sentir confiante, importante, prestigiado, mas não será por isso que terá paz, serenidade, bem estar.
                                                         Quando faz, motivado por metas e objetivos, a energia não irá fluir de um  modo criativo, unificado. Voce faz mas está calculando.
Não consegue se entregar para o que está aí sem essa mente que nogocia, que barganha.
Voce está aí apenas para chegar o mais rapidamente possivel aos seus objetivos. Trapaça esse momento, pechincha, negocia pelas coisas que virão.

                      Na dança não há objetivo, pois o objetivo em si é a dança, e se houver qualquer interesse secundario, perderá o prazer que a dança poderá prporcionar.
  A beleza e a importancia estão no ato em si sem envolvê-los em objetivos, em ganhos secundarios. Não haverá necessidade de nada. Voce está permitindo que aquilo aconteça, voce dando passagem para aquilo acontecer, sem a colocação de obstaculos atraves de uma mente que deseja, que busca.
                                                                            Usando a dança buscando resultados, obterá os resultados mas não o prazer que a dança poderá proporcionar. E essa dança acontecerá nesse espaço onde não há mente, pensamentos, objetivos.
   Mas a magia desaparece sempre que usamos esse momento, esse espaço sagrado colocando objetivos, ganhos, desejos.
     
                     O ganho real acontece quando nos colocamos presentes a esse momento, sem nada esperar, apenas aí.
                              
                 A grande perda, é quando a dança acontece, esperando pelos aplausos. Não se sentirá feliz se não ouvir os aplausos.
           É porque não percebeu ainda que não será feliz pelos aplaudos . Se não conseguir se sentir feliz pela dança, pelo movimento que a dança propõe, não poderão ser os aplausos que farão essa felicidade.
                            

terça-feira, 29 de novembro de 2011

A ALEGRIA , SEMPRE A ALEGRIA

                  A alegria é o que realmente importa. Porque tudo o que é feiro com alegria se torna uma prece. O trabalho se torna sagrado, a palavra se contamina com  a graça e a  elegancia da  sua energia.

                        Com alegria tudo se encaixa, tudo se encaixa harmoniosamente pois é da natureza da alegria esse movimento suave, sem solavancos nem conflitos.

           Quando gosta do que está fazendo, nada irá distrai-lo. Se for distraido, isso demonstra que as coisas desse momento não tem interesse. O interesse está em outro lugar, em outras coisas.
                                                   A atenção produz bem estar, porque aquilo se torna atraente. Mas somos distraidos por tanta coisa !  Preocupações com  dinheiro, com prestigio, com a agenda, com tantas coisas para fazer. Afinal, prestar atenção ao canto do tico-tico, observar a borboleta não lhe dará dinheiro, não o ajudará a pagar suas contas, não dará prestigio, poder, importancia.
                                                                                       Não são coisas lucrativas, por isso não tem importancia, mas te deixam alegre.
                                                                                   Tem que ter coragem para se voltar para as coisas que dão alegria , essa sensação interna de estar vivo, de fazer parte.

                  O prestigio, o poder, o dinheiro nos fazem esquecer de tudo, dos verdadeiros valores da vida, do que importa realmente, pelo que valha a pena viver. Escolhemos as coisas do mundo e assim  perdemos as coisas de dentro. Terá um nome importante, será bem visto, respeitado, terá influencia, poder, mas não será feliz, apesar de ter o mundo a seus pés.
                          O que irá fazer com tanta coisa, com tanto credito, assim tão consagrado ? E apesar de tudo isso, de aparentar ser uma pessoa vitoriosa, bem sucedida, porque está tão cauteloso, ansioso e medroso ?
                  A conquista de tanta coisa, não produziu uma mudança na sua qualidade interior. `Não se tornou uma pessoa melhor por ter-se tornado o melhor. Não está em estado de celebração. Não se tornou musical. Não há alegria, estado de graça.

                       Não teve tempo para ouvir os grilos cantando sob as estrelas. Os grilos tanto cantaram, as estrelas tanto brilharam, mas esteve tão preocupado com a conta bancaria, com a agenda, com tantas coisas.
                                                                           Depois os grilos silenciaram, as estrelas tambem se foram, e a pessoa fica confusa não compreendendo porque está tão infeliz, tão sem graça, sem vida.
   Talvez irá ao templo entoando mantras, pedindo ajuda. Já percebeu que as pessoas se tornam religiosas quando se sentem perdidas, desnorteadas ? Mas sua reza é falsa e sem sentido porque sua motivação basica não terá ido embora. O dinheiro não sairá da cabeça, a necessidade de prestigio continua ainda a pressionar.
                                                                                                         A ida ao templo não irá modificar a pessoa. Está aí porque tem medo, está confuso, sem rumo.
             Ou talvez irá ao terapeuta para contar sua vida miseravel. Pagam caro para alguem ouvir suas desgraças e ficam felizes por isso. Alguem os ouviu. Isso tampouco produzirá qualquer mudança interna, não trará paz, capacidade de desfrutar.

                               Se não puder ter alegria no seu trabalho, não há o que esperar, pule fora. A alegria tem de vir em primeiro lugar, uma atitude compromissada com esse momento, um olhar positivo para o que está aí, um envolvimento definitivo , sem espectativas com objetivos futuros.
                                                                        A pessoa aceitou motivações que nada tem a ver com sua natureza. Acreditou no prestigio, no poder, em posses. Acreditou nisso e perdeu o ponto.
                                  Deus veio visitá-lo mas voce está fora. Deus lhe trouxe presentes
mas está correndo atrás de coisas para ser feliz, e com certeza não tem tempo para fazer sala.
                         Nos deixamos distrair pelas coisas do mundo, mas o mundo não nos pode dar o que procuramos nele. Ele pode nos dar coisas, mas essas coisas não podem nos dar o que prometem.
                                               Deus só pode nos encontrar no nosso contentamento, na satisfação pelas coisas que esse momento nos traz.
A felicidade não poderá ser alcançada atraves de conquistas, de objetivos futuros. Conseguirá se tornar festivo internamente depois de ter alcançado o sucesso ou ter se tornado uma pessoa importante ?
                                                             As coisa vem quando a alegria vem primeiro, uma sensação de bem estar interno vem primeiro, uma atitude positiva vem primeiro.

                E é por isso que a alegria  se torna tão dificil, pois a pessoa tem de romper com suas motivações, com aquilo que acreditou ser necessario para ser feliz. Romper com velhas crenças que nos dizem como ser feliz. Sequestrado por velhos padrões que
não permitem uma visão para além deles, e achando que não há nada alem deles.
        
                   As vozes do passado, da familia, dos sacerdotes, da sociedade e de todos quantos ouvir de como viver para ser feliz.
 As vozes nos distrairam. Suas mensagem. Suas "verdades". Acreditamos em tanta coisa, seguimos os mandamentos, fomos obedientes, bom alunos, mas nos tornamos infelizes. E por isso nos sentimos enganados, o mapa que nos mostraram não nos conduziu por bons caminhos.
                   
               Temos que desfazer o transe hipnotico, a "verdade"  dos outros, de todos, e descobrir por nós mesmos, cada um por si, um outro mundo, um outro caminho, uma outra verdade.
                               
                    E quando finalmente olharmos para dentro, brotará uma estrondosa e estripitante gargalhada que se fará ouvir por todo o universo, igual um grito de libertação. E então nos lembraremos outra vez de quem somos, nos lembraremos do que esquecemos.
                           Por termo-nos esquecido de quem somos, tentamos conquistar o mundo na tentativa de aplacar a dor desse esquecimento. Mas não há conquista externa que possa compensar esse engano.

                                                               

                        

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O TEMPO PASSA MAS ESSE MOMENTO NÃO PASSARÁ

Os cenarios mudam continuamente mas o palco é o mesmo.
Nada pode acontecer fora desse momento, desse palco. Os eventos se sucedem um após o outro e é isso que nos dá a sensação do tempo. Afinal os fatos não podem acontecer simultaneamente. Precisam de um espaço entre eles, e esse espaço cria o tempo. Mas o tempo tambem cria o espaço, que é o tempo que levo para ir daqui até lá . O que significa isso ? Que tempo e espaço , na verdade são a mesma entidade, coexistem entre si, são interdependentes.

Então o tempo cria o espaço. Se não houver tempo não haverá espaço. O agora é esse tempo. O aqui é esse espaço.

Quando o ponto se movimenta, criando uma linha, teremos a distancia. O espaço percorrido pelo ponto em movimento. E para isso há necessidade de tempo, o tempo gasto pelo ponto em movimento criando espaço. É simples assim apesar de parecer meio doido.

O palco não se inquieta frente aos eventos aí representados, e é pelo palco ficar imovel que os dramas podem
ser representados, criando tempo dentro da historia.

O fluxo dos fatos é possivel porque algo permanece imovel, sempre aí, nessa realidade onde não há tempo nem espaço.
Se prestar profunda atenção, verá que isso que chamamos tempo, é na verdade uma ilusão criada pela mente ao nos atermos à sucessão dos fatos que se sucedem sem parar ,
ininterruptamente. Dois fatos. Um espaço entre eles. E como não podem acontecer simultaneamente, cria-se o tempo. Mas isso só é possivel nesse momento, e esse momento não passa porque não é constituido pelo tempo, não existe no tempo pois é atemporal. Se esse momento fosse constituido de tempo, nada nesse mundo poderia ser representado dentro de um contexto de espaço-tempo. Fatos, acontecimentos, situações, eventos. As coisas que passam só são possiveis de se tornarem realidade, porque existe algo de fundo que não passa, que está sempre aí e não é tocada pelo tempo.

As coisas passam uma depois da outra, depois. E nos apegamos ao depois porque nos apegamos aos fatos. Se agora não nos sentimos bem, a mente usará seu velho truque, a velha pegadinha ao nos informar que depois será melhor. E não nos sentimos bem porque nos tornamos o movimento e não aquilo que produz o movimento. O eixo permanece imovel, e é por isso que a roda gira. O centro que não se move, cria as condições
para o movimento, para os cenarios, para os fatos, para tudo o que acontece.
E porque nos inquietamos com as coisas de todos os dias ? Porque nos identificamos com elas. Temos medo.
Podemos ser destruidos por tantas coisas, pelas coisas que passam.
Se nos apegamos aos cenarios, ficamos envolvidos e dominados pelo que representam. Ficamos impressionados. Ficamos confusos, afinal podemos ser atingidos e aniquilados.
Nos identificando com as coisas que passam, ficamos envolvidos pela realidade tempo-espaço, ilusão criada pelo movimento da mente. É o pensamento que cria a ilusão, pois é o pensamento que cria o tempo, portanto o espaço. Se permanecer nesse momento, presente a esse instante, não haverá pensamento, não haverá inquietação, temores, necessidade disso ou aquilo para estar bem. Estando aqui, estará bem, independente o que esse momento possa trazer, pois isso tambem passará, mas esse momento continuará aí.
Se permanecermos como meros observadores enquanto o tempo passa, não iremos nos inquietar
com os eventos que estão passando.
A periferia continua seu giro, mas o eixo central permanece imovel. Saindo da periferia, da confusão criada pela mente e se deslocando para a quietude desse momento, que não passa, não haverá mais temores ou preocupações seja lá com que for. Só poderemos ser atingidos se estivermos na periferia, onde nos identificamos com as coisas que passam.

Os cenarios podem enfim mudar constantemente, o palco entretanto permanecerá sempre o mesmo. E fará toda diferença do mundo se me identifico com os cenarios ou com o palco. Se me impressiono com os fatos ou se estiver centrado nesse momento, nesse aqui, nesse agora.

O tempo passa, mas esse momento não passará. O tempo passa por ele.
As aguas correm mas o rio não passa.

sábado, 19 de novembro de 2011

AS AGUAS CORREM MAS O RIO NÃO PASSA

Hoje alguem me falou assim : estamos de visita a
esse momento aqui, agora.
Gostei da imagem e da visão que essa pessoa tem dessa coisa magica mas tão mal compreendida que é o agora. Somos como visitantes ou transeuntes nesse pequeno-grande espaço constituido
por esse momento.
Porque "pequeno-grande" ? Porque a antitese
a polaridade, a antinomia ? Porque reside exatamente aí a magia e
o contexto fascinante desse tempo ( que aliás, não é constituido de tempo ) e desse espaço ( que tambem não tem medida ).
Geralmente, para a grande maioria, ele se torna pequeno e passageiro, funcionando como ponte, para chegar ao futuro, para esse outro tempo ( realmente constituido de tempo ). Estamos em busca desse tempo porque é o depositario de
tudo aquilo que é ansiado, desejado e sonhado para sermos felizes. Por isso, o momento atual, esse momento, se torna quase como um estorvo, um problema, porque o objetivo está lá adiante e é para lá que estamos nos deslocando em busca da nossa realização.
O paradoxo e a loucura é que esse tempo não existe. Não existe esse tempo, dentro do tempo que possa nos salvar da nossa angustia, dos nossos temores e confusões. Tentamos encurtar ao maximo o momento atual para chegarmos o mais rapidamente possivel para a outra margem, resgatando assim a paz, o equilibrio, a serenidade. Que esse momento seja o mais breve e fugaz possivel, porque o bom, isso que me deixará bem, está lá. Precisamos nos apressar o mais que der, correr, sem perder de vista por um momento sequer naquilo que colocamos nossa salvação, nossa identificação.

Precisamos do depois para sermos felizes.
Que truque fantastico e ao mesmo tempo poderoso que a mente nos
pregou. E caimos todos nessa tramoia, nesse ardil, nessa visão
ilusionista, dando credito à promessa mais impossivel e ireal.
A grande quimera ! O futuro ! A grande utopia, a
grande mentira. E qual o final da historia ao dar credito ao que não é real ? E estamos, quase todos, nessa grande marcha
buscando lá fora, num outro tempo, num outro contexto, o que só pode ser encontrado nesse momento, nesse espaço.
Mas se tornarmos esse momento uma passagem, enquanto nos deslocamos para o futuro, não seremos capazes de nos darmos conta que não existe outro tempo, outro momento, outro espaço a não ser aqui e agora. E nessa descoberta veremos, como por encanto, que aquilo que buscamos,
sacrificando esse momento, está exatamente aqui, sem necessidade de buscas, de esforço, de desejos. Ficando presentes a esse momento, compreenderemos finalmente, saindo da
ilusão, que tudo já está aí, cumprindo-se o que está escrito nos livros sagrados ( "e antes que me tiverdes pedido, isso já está aí"). Parece-nos incompreensivel, pois enquanto estamos ainda aprisionados na mentira, não somos capazes de compreender a verdade.
Desse modo, o momento atual pode ser pequeno, uma chatice porque tenho pressa de passar por ele,
pois meu destino é a proxima estação. Mas quando for capaz de
compreender o milagre contido dentro desse espaço, desse pequeno-grande momento, irá finalmente entender que não existe nada fora desse contexto, dessa realidade. Esse pequeno se tornará grande, estendido, esticado, ultrapassando todos os espaços, todos os tempos passados e futuros, constituindo-se apenas nesse ponto que tudo contem, todas as possibilidades, expectativas, promessas, sonhos e esperanças. Tudo está agora aqui. E como poderá saber disso se estiver ausente, como simples passante, um mero transeunte atraves desse momento ?

Voce quer chegar mas passou do ponto. Não viu, ao passar, que aquilo que busca, esteve aí, ao seu lado, enquanto passava.

É verdade que estamos de visita a esse momento, mas isso não significa que logo daremos adeus e iremos
embora. Temos aqui um paradoxo. Somos visita, mas estamos sempre aí. Os cenarios mudam a cada momento, mas nós não nos movimentamos enquanto os cenarios passam. A agua corre, mas o rio não passa. Nos tornamos observadores desse fluxo que não para. Tudo se movimenta, continuando no mesmo lugar.
Todas as aguas que já passaram, não deixaram o rio mais vazio, porque continuam fluindo.
A roda gira mas o eixo central não se movimenta. É exatamente o que não se movimenta que produz o movimento.

Esse momento passa pelo aqui agora que não passa. Os cenarios mudam, mas o que contem os cenarios não muda. Estando presentes, conectados, observadores veremos o movimento continuo e incessante daquilo que não passa, contido dentro desse espaço-tempo. As imagens de um filme se sucedem continuamente, mas estão todas contidas dentro do mesmo filmes. As cenas mudam mas o filme é o mesmo. As aguas correm mas o rio é sempre o mesmo. As aguas não vem do passado indo para o futuro. O rio está em movimento mas está sempre presente.
E voce onde está enquanto as aguas passam e a roda gira ? Segue o movimento das aguas ou se transforma no rio que não passa ? Esse momento não passa, apesar de acreditarmos no futuro. O problema é nosso...

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

VOCE SENTE E ENTÃO CRIA

Nós todos queremos coisas, não é mesmo ? Tantas
coisas...
Mas antes de falar do mecanismo, atraves do qual criamos nossas coisas ( dinheiro, trabalho, familia, saude )
vamos dar uma olhada como o corpo faz para conseguir o que precisa, para que a vida se mantenha dentro dele.

A vida se mantem no corpo atraves de um mecanismo automatico chamado instinto, mecanismo esse que rege todo o funcionamento organico, celulas, orgãos, secreção de enzimas, hormonios e tudo o mais necessario para que a estrutura mantenha-se saudavel e equilibrada.
O instinto de preservação independe da nossa vontade, da nossa intervenção ou decisões pessoais.
Voce respira, o coração bate, a digestão se faz sem que a gente tenha que fazer qualquer coisa. Já imaginou se precisassemos estar atentos para que o coração batesse ou as celulas secretassem suas substancias ? Se esse funcionamento estivesse na dependencia da nossa atenção, não haveria vida humana nesse planetão.
E é por isso que a natureza dispos desse mecanismo automatico e autonomo para gerenciar essa estrutura maravilhosa. Funciona involuntariamente, silenciosamente mas estruturado na perfeição e ajustado na excelencia.
Assim tudo funciona perfeitamente sem que a gente se dê conta disso. Não precisamos nos lembrar para que a respiração se faça.

Entretanto, apesar disso, a natureza nos pede uma mãozinha. A natureza em nós faz a parte mais complicada, e para nós compete atender as solicitações que o corpo nos faz atraves das sensações corporais. O corpo nos faz sentir fome porque necessita de combustivel, temos sede porque
há necessidade de agua. Sentimos frio, calor, desconfortos. O sistema não pode ser afetado atraves de um desequilibrio, de um desajuste. Desse modo, as sensações corporais representam um
mecanismo secundario, mas não menos importante, para que tudo esteja adequado, ajustado, OK.
Não precisamos intervir para que a respiração se faça obedecendo as exigencias do corpo. Isso se faz automaticamente. Mas para que esse automatismo seja possivel somos chamados como parceiros da natureza. Temos de dar comida, agua, cuidar para que não se aqueça ou se esfrie para além de um certo limite. Isso depende da nossa intervenção
da nossa ajuda, como "socios" dessa "empresa" maravilhosa.
Veja só como tudo isso funciona dentro de uma perfeição magica, fascinante. Mesmo o que compete a nós, não precisamos nos preocupar quanto ao que fazer. O corpo fala conosco, nos
"avisa" quando temos que intervir. O corpo necessita comida e nos faz sentir fome. Agora chegou nosso momento e iremos atender prontamente ao chamado do corpo. O corpo pede comida
atraves da fome e ele sabe que será atendido prontamente. Isto é, ele sabe pedir para que seja atendido, para que não fique na mão ou frustrado por não ter sido ouvido.
Ele sabe pedir porque não pensa. Reside aí o grande segredo de ter suas aspirações prontamente atendidas. Pede atraves da fome, atraves de uma sensação corporal, atraves de sentir. Sentir fome não significa pensar a fome. O sentimento está num nivel mais profundo pois fala a linguagem da natureza, a matriz da qual tudo provem.

Nós tambem queremos coisas, assim como o corpo quer comida, agua e tantos cuidados mais. Nós queremos uma vida mais confortavel, precisamos de dinheiro, uma boa casa, um trabalho que nos traga satisfação, relacionamentos equilibrados, um bom carro, posição social, prestigio... coisas
tantas coisas.
E a grande dificuldade do ser humano é ter acesso aos seus desejos, ao que quer. Nào sabemos como trazer para a nossa realidade a manifestação de tudo isso. Queremos mas esbarramos em tantas dificuldades. Para que lado correr, para que santos pedir intervenção para que possamos ser atendidos ?
O corpo quer coisas e que mecanismos usa para ter suas solicitações atendidas imediatamente ? Veja, o corpo sempre consegue. A fome lhe alcança a comida da qual tem necessidade nesse momento. A fome é uma sensação. Um sentimento do corpo. Não é um pensamento, uma ideia, uma elaboração mental e desse modo suas "orações" são atendidas prontamente. Será esse o grande segredo ?

E qual a tecnica que nós usamos ? O corpo pede e é atendido. Nós pedimos e não somos ouvidos, pelo menos na grande maioria das vezes. O milagre é para poucos, não é mesmo ? E qual o motivo disso ?
Plantamos em nós o desejo, mas esse desejo vem acompanhado, na maioria das vezes, da duvida, da incerteza, do medo.
O indio quando pede a chuva, senta no circulo sagrado, silencia a mente, respirando lentamente e sente em si a chuva caindo. Sente o cheiro da chuva caindo no solo seco,
"vê" o milho crescendo e o povoado feliz, em festa, com a vinda da chuva. No circulo sagrado ele sente a chuva. Não está,
na verdade pedindo nada, não está pensando nada.
Os monges, nos seus rituais, entoando canticos
durante horas, os sinos, os orins, gongos, carrilhões, mudras, mantras, incensos, tudo para criar um sentimento, para que não haja mais a intervenção da mente, do pensamento , que é o gerador da duvida.
Tanto o indio como os monges criam o ambiente interno para que possam sentir e seu desejo. Nesse ambiente não há pensamento e desse modo, não haverá duvida.
Atraves da oração nos resgatamos do sequestro da mente, para que possamos nos religar internamente ao sentimento
Não há manifestação fora do sentimento.
Pensamos muito e é por isso a dificuldade de nos religarmos ao
sentimento.
As minhocas não precisam de religião porque não pensam, não duvidam que suas necessidades possam não serem atendidas.
Rezar não é pedir, suplicar, postar as mãos na frente do peito em posição de submissão, de resignação,
implorando aos deuses para sermos atendidos.
Deus não nos criou mendigos, mas nos transformamos nisso atraves da mente acreditando na falta, no menos, na carencia, no não merito.
Há a crença na dificuldade ao afirmarmos que dinheiro é dificil, que a vida é dura e por aí vai. A crença cria um sentimento que será a oração da pessoa. E será atraves dessa oração, desse sentimento que irá à matriz, ao campo unificado,
que simplesmente recebe esse sentimento e o transformará em realidade. Receberá conforme sentir em seu coração. A matriz manda de volta, em forma de realidade, em forma de coisas o seu sentimento.
A função de Deus não é a de dar o que
lhe pedimos, mas de transformar o nosso sentimento em manifestação fisica. Ninguem pode ter nada diferentemente do que for capaz de sentir. A chave é o sentimento. Assim a nossa realidade é o reflexo daquilo que nos tornamos internamenmte. O de fora sempre será igual ao de dentro.
O que for capaz de sentir em seu coração, irá se refletir em suas celulas, em sua realidade, ao seu redor e no mundo todo. O poder de criar, está vinculado à capacidade de sentir sem duvidar. A duvida traz para a realidade o que a duvida contem. É por isso a maxima : quem muito tem, mais terá
e quem pouco tem, o pouco lhe será tambem tirado. Tem pouco porque está na crença da carencia, no sentimento do menos.

Perguntaram para o menino o que queria ser
quando crescesse. Respondeu prontamente que queria ser treinador de cães, o melhor treinador de cães do mundo. E dizia internamente para si mesmo que iria ser o melhor treinador do muindo. E mais tarde, após ter conseguido realizar o seu sonho, comentava que, ao dizer isso para si mesmo, naquela epoca, era como beber agua fresquinha apos quase ter morrido dre sede. Quer dizer, não havia duvida enquanto fantasiava o seu sonho, o sentimento era intenso, puro. E foi por isso que se manifestou na realidade.

O pensamento é o problema porque gera duvida,
preocupação, medo. Voce quer dinheiro mas acredita que é dificil para ganhá-lo. Desse modo, voce quer atraves de um sentimento de não ter, de falta, um sentimento de menos. Voce pede porque não tem. E não tem devido sua crença. E quanto mais quer, mais reforça internamente a crença de não ter. Essa certeza não é um pensamento mas uma certeza, isto é, um sentimento. E pensar bloqueia o sentimento, o sentimento adequado que trará para a vida tudo aquilo que possa tornar a vida mais rica, mais confortavel, mais vida.
E esse sentimento só pode ser alcançado atraves desse momento, estando nesse momento enquanto está aqui, sem pensamento, sem ideias de como irá conseguir tudo aquilo que precisa para viver em harminia, em paz, com alegria.
Se conseguir cair nesse espaço onde a vida acontece, onde o tico tico canta, sempre atento, conectado, alerta, irá então ouvir, ver e perceber tudo que está agora aí, e nesse momento estará em prece, porque estará alegre.
E nesse estado de alegria, sentindo alegria, nada poderá faltar
e não terá necessidade de pedir, de implorar.

"Buscai as coisas do Pai...

sábado, 12 de novembro de 2011

QUANDO O MASCULINO ENCONTRA O SEU FEMININO INTERNO

C. G. Yung falou muito, na sua vasta obra, do casamento alquimico. E com isso ele nos passou a informação de que a pessoa está apenas vivendo uma parte do todo que é, e que a parte não vivida, a parte esquecida
quer fazer parte para que a pessoa possa viver sua inteireza, sua totalidade.

O que significa isso e que parte é essa que está na clandestinidade, na sombra, buscando sua integração, o seu reconhecimento ?

Vejamos. O homem se apaixona pela mulher ( ou a mulher pelo homem ), porque a mulher representa para o homem ( ou vice-versa ), o feminino
que ele não conseguiu integrar ainda à sua realidade. O feminino interno que se encontra encoberto pela manifestação do masculino. O masculino vivido pelo homem busca a sua contraparte, na mulher, o feminino expressado pela mulher.

Desse modo, ele necessita dela para preencher esse vazio interno
da contraparte que ainda não consegue viver em si e de si.
Assim a mulher é a representação externa de uma dimensão interna desconhecida
para o homem. Ao se apaixonar pela mulher, sem o saber, está na realidade buscando, atraves dela, contato com o seu feminino interno, ainda à deriva, não reconhecido, não elaborado, não vivido.

Por aí se explica a possessão e o ciumes. Afinal, ele não pode perder a mulher, pois sem ela cria-se um vazio, uma profunda falta e isso irá produzir sofrimento. Ele está tentanto se conectar internamente atraves da vinculação da mulher. Atraves desse feminino ele terá de alcançar o feminino escondido dentro ( o mesmo raciocinio, claro, é valido tambem para a mulher)
É como se a mulher servisse como ponte para que o homem pudesse ter acesso,
dentro dele, e atraves dela, de tudo aquilo que a mulher representa para ele.

E é dentro desse contexto que se cria o apego e o medo da perda.
"Eu preciso de ti para ser feliz " Ou "sem a tua pessoa eu não existo ". Essa dependencia, infelizmente recebe o nome de amor. Quanta mais falta o outro me faz, é a essa falta que chamamos, equivocadamente, amor. Pobre do amor !

Entretanto é esse o jogo. Precisamos buscar fora o que já existe
dentro, mas ainda não descoberto, não reconhecido como tal. Assim o outro fora
vai me ajudar a encontrar o outro dentro. O meu outro, interno, que busco no
outro, fora. O outro serve então como espelho para que possa ver nele aqueles aspectos ainda desconhecidos dentro de mim. Mas que estão aí e que necessitam
ser disponibilizados. Há um profundo reclamo interno para que isso saia da sombra e se faça presente na vida da pessoa. Esse reclamo interno nada mais é que a expressão do meu "amor" pela outra pessoa. Há uma urgencia dentro de nós
para vivermos nossa inteireza, a contraparte ainda esquecida. E essa urgencia se manifesta, externamente na busca apaixona, possessiva pela outra pessoa.

E quando a pessoa encontra, finalmente essa dimensão interna, que buscou loucamente, intensamente num outro ser, ele poderá então dizer :
"eu não preciso de ti para ser feliz, contudo me sinto tão feliz por estar contigo". Que maravilha, não ?
As necessidades cessaram, já não haverá posse, ciumes, medos de perda, solidão. Irá se deliciar com o mundo, celebrar os relacionamentos, dançar a vida. Os desejos cederam espaço para a confiança, e para o fim de qualquer forma de sofrimento. A plenitude é interna, a completude vem de dentro de si.
Ele então compreenderá que o mundo, com suas formas e sua logica, não poderá
proporcionar essa alegria, essa profunda sensação de bem estar de ter chegado em casa. A paz que buscamos no mundo, definitivamente não é lá que iremos
encontrá-la. O mundo é apenas o grande espelho que remete de volta, para dentro de nós proprios o que vemos lá fora. O que buscamos lá, não está lá, apenas parece estar lá. É como se fosse miragem, um contratempo da visão.

Viver com dignidade um relacionamento externo, nos dará as condições necessarias para que possamos realizar o grande casamento conosco mesmos, o que Yung chamava de casamento alquimico. O encontro conosco mesmos, a integração da parte faltante em nós para que possamos viver isso que realmente somos : inteiros e não partidos, polarizados, a grande dualidade.
Um bom relacionamento fará com que cada um se encontre atraves do outro. Uma vivencia respeitosa com a outra pessoa fará essa alquimia : o encontro do seu oposto dentro de si, atraves do semelhante do outro.
O que chama a atenção na mulher, não é outra coisa a não ser o meu feminino ainda não reconhecido dentro de mim. Vejo na mulher o que não consigo ainda viver em mim, a polaridade escondida ainda na sombra.
A necessidade do outro é a representação da necessidade que cada qual tem de se completar em si no outro. O dessemelhante
fora é a parte mais intima em nós que reclama o seu reconhecimento.

Quando viver o polo oposto em si, a grande obra terá sido realizada. A realização pessoal que passa pela libertação de todas as necessidades, desejos e sonhos. A libertação do medo, do sofrimento.
O sofrimento nada mais é que a expressão da dor do lado esquecido
em nós, do não vivido em nós. Daquela parte que faz falta para que a outra parte possa enfim se tornar inteira.

Primeiro encontro o outro, e será no outro ( se tivermos condições de não desistr ), que encontrarei finalmente esse outro em mim . E uma vez reconhecido, serei então capaz de amar verdadeiramente o outro, não como necessidade ou paixão enlouquecida ou como posse, mas como louvação e um
profundo reconhecimento por sua compania, por sua paciencia gentil, por sua ajuda na grande travessia do encontro feliz consigo mesmo. E nesse encontro consigo mesmo acontece o grande encontro com o outro de todos os outros.

Voce já sentou ao lado da lareira, numa noite fria, levemente reclinado no sofá, olhando para o fogo, ouvindo o crepitar das chamas, e ao fundo uma musica suave, a sua musica preferida ? O momento transformado em poesia. Há um ar de solenidade no ar, uma sensação de sacralidade. Celebração.
As taças se tocam suavemente e se ouve um leve tim-tim. Deus sentado ao nosso
lado comemorando o grande encontro. Quando a gente se encontra atraves do
outro, é essa a condição para Deus fazer tim-tim com a gente, sentado na frente da lareira....

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

APENAS PRESTE ATENÇÃO

Pare de pensar por um momento e preste atenção. Apenas preste atenção ao que está ouvindo a o que está vendo.
Perceba que focalizar a atenção na arvore, no passarinho, na flor, não significa pensar neles, mas apenas percebê-los, dar-se conta deles, sem fazer deles uma ideia, um conceito, ou um comentario na cabeça.

Esse silencio interior irá transmitir algo da sua essencia, da sua alma, da sua verdadeira natureza. E perceberá então uma profusão de emoções, um movimento interno que até então não se dava conta.
Irá descobrir um mundo à parte, escondido pelo movimento confuso e barulhento
dos pensamentos. Os elementos da natureza ainda estão conectados ao que são. Ainda são o que são, pois não estão divididos internamente através da projeções de imagens de algo diferente que gostariam de ser.

Ao observar as coisas da natureza, nesse silencio interior, apenas olhando, apenas escutando, sem ideias ou comentarios, a pessoa irá tambem se conectar consigo mesma, na mesma fonte na qual estão conectadas todas as coisas.

Enquanto pensa, não conseguirá ver ou ouvir para além da forma, pois irá captar apenas o elemento externo e não conseguirá perceber ou sentir o movimento interno da energia que a forma carrega. Se dará conta dessa unidade basica, dessa totalidade de onde tudo emerge. Sem pensamento
irá tambem mergulhar nessa completude com a consciencia de que tambem faz parte desse espetaculo magico e perfeito.

O passarinho, a flor e qualquer ervinha são perfeitos e completos por si mesmos. Não desejam ser outra coisa do que são. A palmeira está feliz e em paz por ser ela mesma e aquilo que é. Não precisa de terapia por se sentir frustrada por não ser um pinheiro. Não deseja, não busca nada.

O ser humano não sabe o que é porque não aceita ser o que é. Vive de imagens de si mesmo buscando aí a sua identificação. Acha que é ou que pode vir a ser essas construções mentais. Cria uma imagem semelhante à confusão do sei inconformismo consigo mesmo.
E ao se desconectar de si mesmo, se desconecta dessa unidade basica, dessa totalidade que tudo contem e de onde tudo provem. Vive assim uma existencia separada, tentando se recriar apartir de um conceito mental totalmente desvinculado daquilo que é.

O truque da mente é nos informar que somos as nossas coisas, e que somos tanto mais quanto mais conseguirmos acumular. E é exatamente dentro dessa concepção puramente mental que nos perdemos e nos equivocamos
com relação ao que somos. Eu não sou pelo que sou, mas pelo que tenho.

Os elementos da natureza não são possuidos por essa magia, por esse engano. E é por isso que não tem necessidade de nada além daquilo que são. Estão em conexão com o que lhes deu origem e por isso não sentem falta de nada, não precisam ser nada diferente para serem algo melhor. Vivem nessa plenitude e a expressam atraves da sua forma, da sua beleza, do seu silencio.
E ao observar essas coisas, silenciosamente, apenas
olhando, escutando, irá perceber então para além da forma e desse modo contactar esse fluxo de vida que dá vida à tudo e o sagrado que cada coisa
expressa. Essa dimensão só pode ser descoberta atraves desse silencio que é a ausencia de atividade mental.
E ao perceber a flor para além da sua forma, da sua cor, do seu contexto, irá perceber o misterio sagrado que ela expressa. E nessa percepção silenciosa, calma, irá tambem se conectar à mesma fonte. E ao olhar para a flor magicamente perceberá que ela está aí como um espelho, dentro do qual poderá se encontrar. E surpreso talvez até pergunte quem é esse aí que está olhando para si dentro desse espelho.

A quietude que está além da mente e do mundo dos conceitos
contem uma dimensão maior de consciencia, de lucidez, de compreensão. Iremos então nos dar conta que fomos sequestrados pela mente, e nos perdemos num labirinto complexo de confusão e sofrimento ao tentar nos reconstruir pelo fazer, pelo acumular atraves de imagens mentais. Foi nesse caminho que perdemos contato com o que somos e com a natureza que nos anima.
Surge dai o medo, a violencia, o desejo de ser cada vez mais, a dominação.

A percepção silenciosa das coisas ,faz a pessoa ter uma percepção de si num nivel nunca antes atingido. A beleza, a incrivel quietude e dignidade que existe em tudo, ecoa dentro da gente em ressonacia
porque tambem está aí, tambem faz parte disso que somos. E isso se torna presente na ausencia desse feixe de imagens mentais dentro do qual tentamos nos recriar. Não iremos encontar a paz tão desejada no barulho da nossa cabeça.

E quando finalmente consegue parar de pensar e apenas ficar atento ao que vê, ao que ouve, terá a percepção de uma intensidade no ar,
intensidade que é a expressão da plenitude desse momento e do sagrado que
envolve cada elemento, cada aspecto ,fluindo atraves de tudo.

Deus definitivamente não está lá onde O colocamos atraves
da mente. Se não for capaz de percebê-Lo na pequenina flor crescendo por entre os seixos na beira do caminho, não conseguirá encontrá-Lo definitivamente, e muito menos dentro de si mesmo.

E desse modo, aos poucos, finalmente saberá quem é.
E quanta suspresa nessa descoberta, quanta alegria. A alegria da liberdade, a libertação definitiva sobre a mente, as ideias, os pensamentos.

O tico tico está cantando ou será Deus usando o tico tico
para se fazer ouvir ?

sábado, 5 de novembro de 2011

SER FELIZ AMANHÃ - EXISTE ISSSO DE SER FELIZ AMANÃ ?

Pensar é o grande problema, porque pensamos muito, o pensamento se opõe ao sentimento,e desse modo, sentimos muito pouco.

Sentir-se bem é a grande dificuldade. Tentamos sentir, pensando o sentimento. Parece maluquice, mas é essa a realidade de todos nós.
O pensamento é o grande sabotador. Temos, dentro de nós a certeza absoluta, de que a solução dos impasses e dificuldades na vida virá através da mente.

O pensamento busca coisas para nos sentirmos bem ( porque não estamos nos sentindo bem nesse momento ). Nos falta um pouco ou muito de tanta coisa. Há medo, preocupações, ansiedades, stress, dificuldades em casa, no trabalho, com vizinho, pressão alta e tanta conta para dar conta.

Nos faltam coisas e concluimos que não estamos bem por isso. A cabeça nos informa que essas coisas, se alcançadas, nos deixarão bem. E essas coisas estão no futuro. Portanto, para estar bem... só depois ! Agora não, afinal como estar bem agora se falta tanta coisa... para estar bem ?

Vivemos pensando, atraves de grandes planejamentos ou simplesmente atraves de grandes ambições e expectativas como alcançar tudo isso. Planejamos, nos especializamos, buscamos mil formas pra nos darmos bem
isto é, para nos sentirmos bem, termos paz, alegria, segurança, atraves da conquista desses objetivos.

Nos sentimos mal simplesmente porque nos faltam coisas ( objetos, saude, conhecimento, consciencia, espiritualidade ).
É isso que a mente nos informa : se não faltasse isso e mais aquilo, estaria
tudo OK. E o que fazemos na vida ? Corremos, como maluquinhos, de baixo para cima, de lá para cá, todos os dias, a vida toda, tentando, de todas as formas, sermos bem sucedidos na nossa busca.

O sentimento de não ter, a escassez, nos mobilizam, nos põe em marcha. Há a frustração, o sentimento de menosvalia, de incompetencia, de não merecimento, de não dar conta. É disso que quero me livrar. Como ? Sendo bem sucedido nos meus empreendimentos, melhorando minha conta bancaria
e conseguindo uma imagem melhor, me sobressaindo, projeção, poder, status.

E qual o problema disso tudo ? Qual o impasse nesse contexto ? O paradoxo se cria na medida em que a lei da criação obedece à maxima : criamos sempre em função do que sentimos.
E qual o significado disso ? Se me sinto mal, será esse sentimento que será enviado para o Universo que o acolherá e o transformará em realidade, em coisas. Coisas que tenham a frequencia equivalente do sentimento.

Sentir-se bem irá atrair o que para a nossa vida ?
Semelhante vibra no semelhante. Já nos foi informado que aquele que pouco tem, o pouco perderá. Porque tem pouco ? Porque se sente mal, e por sentir-se mal, irá atrair disso cada vez mais. Essa é a lei. E é por isso que aquele que muito tem, mais terá. Atraimos sempre em conformidade do modo que nos sentimos, e não como pensamos. Não poderemos atrair nada diferentemente do modo de como nos sentimos. Sentir-se bem é a chave para uma realidade de prosperidade, de abundancia, de sucesso.

E como sentir-se bem apesar da falta, do menos
e do pouco ? A mente me informa que o bom está no futuro, contudo o futuro
é determinado por esse momento. O futuro é o presente, o depois é sempre determinado pelo agora. Assim, não poderei me sentir diferente depois do que estou sentindo agora. O depois não pode alterar esse momento. Não posso esperar por um outro momento para me sentir bem, do mesmo modo como não pode esperar pelo amanhã par respirar. A vida é uma entidade que acontece a cada momento, sempre nesse momento.

O amanhã pode me trazer coisas mas não o sentimento que me prometem trazer com sua aquisição. Assim, há o tempo das coisas, mas não existe esse tempo para me sentir bem, para ter paz, alegria, bem estar, bem sentir. O sentir-se bem não é determinado pelas coisas de fora, porque o bem estar que trazem, é momentaneo, é passageiro. é como droga, amanhã terá de fazer uso novamente.

A paciente me diz : Dr, eu tenho tudo, mas não me sinto bem, e ainda por cima estou com esse cancer. Porque, Dr. ?

A gente busca guarida em tantos portos que parecem seguros. Há as drogas, o sexo, o alcool, a comida, o trabalho, compras compulsorias, a net, o chocolate, a plastica e tantas mil outras coisas mais. No final contudo, nos sentiremos vazios, decepcionados, confusos e com muito medo. Nada deu certo, e pior, não sabemos para que lado nos movimentar para encontrar esse danado desse bem estar.

Essa manhã, enquanto caminhava, o ar fresquinho ,levemente
frio, perfumado pelo aroma de mil flores, sutil mas nem por isso chamativo e cativante. Passarinhos cantando, as folhas se mexendo suavemente, borboletas esvoaçantes, um carro que passa, outra pessoa tambem caminhando, algumas nuvens num ceu colorido de azul, o calorzinho do sol da manhã que boceja do dia que começa.... de repente, me dei conta da vida, da vida acontecendo nesse momento e eu incerido dentro dela, fazendo parte desse espetaculo, desse quadro, dessa pintura, como ator do magestoso filme de Deus. E foi então que percebi qua não estava me dando conta disso tudo porque estava pensando, pensando em tanta coisa que nem sabia em que estava pensando. E pensando, me percebi ausente desse momento comovente, momento que só podia ser desfrutado na ausencia do pensamento. A solenidade do momento é feita de tudo que é sagrado, e integrados dentro dela nos sentimos tambem um pouco sagrados, fazendo parte desse momento solene, a divindade que simplesmente chamamos de AGORA.

Me senti então ternamente comovido. E como não se comover na presença de Deus ? Enquanto pensava, não estava me dando conta de nada disso. Quando o pensamento silenciou, foi então que ouvi Deus me dizendo BOM DIA, com um leve sorriso e sem duvida, muito faceiro.
Percebi então Sua alegria pois já não estava mais só...

terça-feira, 1 de novembro de 2011

O FETINHO QUE QUERIA NASCER

"Maria, meus parabens, voce está gravida", lhe anuncia seu obstetra apos verificação de exames.

Essa voz, essa noticia retumbou dentro dela num turbilhão de pensamentos, de emoções amplificando todas suas dificuldades, sofrimentos, todo seu sufoco : "um filho ainda pequeno para cuidar, dinheiro escasso, relacionamento com o marido nada bom, já sem significado, tanto cansaço... tanto problema... e agora mais um nenê...

E ela ficou nesse transe perdida em seus pensamentos, nesse sentimento de
frustração, de desesperança, de decepção e desalento. Ficou em silencio mas a confusão em sua alma era barulhenta, de muita agitação e de extrema desordem.

... e nesse momento... o que sente nesse momento quem está vindo aí, e sendo, aparentemente a causa do transtorno da mamãe ?

"Voce me pergunta como me sinto ?" "Não foi diferente em mim o que mamãe sentiu em seu coração sofrido. O desespero dela tambem tomou conta de mim, como se fosse um eco profundo, se amplificando em ondas.E a partir de então tambem não tive mais paz... nunca mais ".

"E foi nesse momento que tomou conta de mim um sentiemento estranho
que eu não conhecia ainda ( parece que vou me descobrindo atraves do que sinto, me guiando, me sabendo, e do mesmo modo descobrindo e conhecendo mamãe tambem ). "Sabe, mamãe está aí, eu estou dentro dela, mas eu não sinto ela dentro de mim. Eu sinto que fiquei só, pois a vida dela lá fora colocou um vazio, uma distancia muito grandde entre nós dois.
"Voce acha que o meu medo, esse medo enorme que me possui por inteiro, todinho vem de onde ? É por isso que estou escondido aqui, bem no fundinho,
exprimido o quanto deu ( ainda consegue me ver ?), para me sentir mais seguro, um pouco menos desprotegido.

"Sabe, (como é mesmo o teu nome ?... ) a verdadeira orfandade não é quando se perde a mãe de verdade, quando ela se vai com a morte, mas quando ela ainda está aí, e não consegue dar o que a gente precisa para não se sentir orfão, abandonado, sozinho e sem proteção.
Sabe, essa dor doi muito. Esse luto é muito mais sofrido que o luto da morte de verdade, quando enfim a pessoa não está amsi aí. Ela está aí, mas
não consigo alcançar seus braços, sua voz silencia, seus olhos estão turvos,seu coração está frio, igualzinho ao frio que estou sentindo... e quanto medo !"

"Quando a gente não é visto, quando a gente não é sentido, tem-se a impressão de virar fantasma. Sim ... está certo que sou ainda bem pequenininho, mas nem por isso sou fantasma, não é mesmo ? Voce tambem pensa assim ? "

Nesse momento, tenho a estranha sensação de que não existo. Não... não é porque meu corpinho ainda não é, mas porque me sinto tão sozinho, solitario, ninguem comigo. E voce sabe como resolvo isso dentro de mim ? Eu penso : se consigo sentir medo e esse frio congelante, é porque devo existir, mesmo que mamãe não consiga me sentir. Como vê, já tenho meus enigmas para resolver, porque, se não achar as respostas, não há como ir adiante.

"Voce não me acha valente ? Alias... voce está me ouvindo ainda, ou será que estou falando sozinho outra vez, como sempre... "
Sim, eu estou aqui... estou aqui.
"Obrigado por ficar comigo ! Sabe, ( esqueci teu nome. Desculpe, deve ser por causa do medo... )
OK, tudo bem.
"Sabe, de vez em quando me sinto como se estivessemos sentados em bancos separados. Exatamente eu que preciso de tanta proximidade ! Porque será que
mamãe sentou tão longe de mim ? Mamãe, porque não senta comigo ? Porque sentou naquele banco onde não posso te alcançar e onde não podes me ver ?
Porque essa distancia, mamãe ?
Porque tua mão não me alcança mais ?

"Como podes ver, eu fico falando mas mamãe não me ouve. É esse vazio, essa distancia... o frio... o medo... Que horror !

"Voce, posso saber quem é voce que está aí falando comigo ? Porque está olhando para mim ? ( aliás, ainda consegue me ver ? eu tive de me fazer bem pequeno por causa do medo, pois quando se é pequeno assim, quanto menos se é visto, mais seguro a gente se sente ).

"Sabe, eu corro dentro desse meu pequeno espaço, como um maluquinho para ver se encontro mamãe, para ver se encontro uma ponte e assim alcançá-la. Eu preciso tanto dela !
"Não era assim lá de onde eu vim. E não me falaram de nada disso, desse terror, dessa solidão, desse silencio ! Eu não sei o que deu errado. Voce sabe ? Afinal, não era para ter sido assim !

Enquanto isso Maria tambem corre como uma doida de lá para cá para dar conta dos compromissos, de tantas dificuldades, apuros, tambem sem saber o que fazer para se sentir melhor. Seu medico lhe falou que seu nenê precisa da sua paz, da sua alegria para que possa se desenvolver bem, crescer normal e se sentir bem na sua barriga.
Ela chora em silencio. Ela tenta, vai até seus limites, não lhe falta coragem, boa vontade mas os muros são altos, as paredes são grossas...

Então o fetinho começa a fantasiar. As fantasias lhe trazem um certo conforto, alguma esperança. "Quando sair daqui vou me virar, não irei mais depender de ninguem, esperar pelos outros para me sentir bem e não ter medo. Vou crescer ligeirinho, vou aprender a cuidar de mim, e vou mem virar, voce vai ver. Afinal eu sou um serzinho valente. Voce concorda comigo ?
"Quando crescer não vou mais sentir medo nem frio. Não quero mais me esconder como faz o ratinho da toca que olha o mundo com um olhinho só.
"Será que o ratinho irá sentir mais medo se olhar para fora com os dois olhinhos ?
"Sabe, eu compreendo bem o sentimento do ratinho da toca, afinal, somos tão parecidos !

"E voce... voce também sente medo ? tambem se esconde, assim como o ratinho e eu ?...

Enquanto o fetinho continuou a falar, fazendo perguntas, me questionando na tentativa de me chamar de volta para o dialogo, eu tambem fiquei pensando nos meus medos, apesar de já estar bem crescidinho, e percebê-los aí, fazendo fila, tantos deles, tantas vezes.

Me deu vontade tambem de gritar "mamãe ", aquela vozinha que ainda ecoa fundo no coração e nas celulas de todos nós escondidos em tantas tocas,
a procura de tantas respostas diante de tantos muros altos com paredes bastante grossas...


um vazio muito grande, uma distancia enorme entre nós dois

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

OLHAR PARA TRAS CONGELA O PASSADO

O que acontece com a nossa energia quando somos sequestrados nas malhas
do passado, quando nos perdemos nesse olhar nas coisas que já foram mas das quais não conseguimos nos libertar ? Quando o passado não passou, existe possibilidade de viver esse momento, estar nisso que está agora aí ?

A sra Salomé se transformou em estatua de sal quando foi aconselhada a não desviar o olhar para trás, mas mesmo assim o fez. O sal tem a função de dar gosto, mas tambem de não deixar ir o que não é para conservar. Salgar o passado faz com que se preserve, que se mantenha presente.
E deslocar-se para eventos desagradaveis de ontem, lembrando-os atraves de emoções negativas, entristecendo-nos ou nos tornando ressentidos, gera energia
que irá manifestar-se em nossa vida. Essa energia de baixa frequencia irá determinar uma desconeção com nossa essencia. Perdemos o conteudo do que somos, esvaziando-nos cada vez mais, nos distanciando e nos tornando cada vez
mais estranhos, perdidos em mundos dos quais não saberemos como retornar.
Será então a doença, ou qualquer outra tragedia, à nossa revelia, que nos colocará diante de nós mesmos. Entorpecidos pelo passado, teremos enfim que
retornar. E esse retorno geralmente causará grande confusão.
Então o grande questionamento : "o que foi que aconteceu ?" Fomos atingidos
severamente, mas não temos ideia de que lado veio o coice e muito menos do seu autor. Estamos confusos, porque não somos capazes de compreender que o sofrimento não é outra coisa que a consequencia do nosso desequilibrio, do desencontro conosco mesmos ao perdermos esse momento indo para o passado.

Dores, tensões, sofrimentos são os mensageiros batendo à porta,
às vezes com bastante força, para nos acordar do pesadelo do esquecimento de
quem somos. A dor do corpo é apenas a expressão fisica do que realmente sofremos dentro de nós mesmos. É a tradução da perda da orientação, da fuga da rota, do quanto estamos sem rumo. Doença é muitas vezes correção de rota, pois temos ainda muita dificuldade de nos orientar por sinais sutis emitidos
pelo nosso mundo interior.

E uma das grandes tragedias da ciencia, é separar o nosso corpo do nosso psiquismo, separar a dor fisica do que realmente doi em nós. A doença acaba sendo vista como um parafuso que se solta que tem de ser reparado ou então trocado em função dos avanços tecnicos da ciencia.
Entretanto, o sofrimento do corpo não está desvinculado da dor da alma. E pelo fato de ficarmos muito focados no sintoma, na fisiologia, na celula, ficamos impedidos de ir ao encontro da causa real de todo o sofrimento.
E sem compreender o homem na sua totalidade psico-fisica, não conseguiremos
descobrir as verdadeiras razões do seu sofrimento.

A paciente tem 47 anos e começa o seu relato me falando dos seus transtornos fisicos. Me fala das suas dores. "Dr, me doi por tudo".
"Falto ao trabalho por enxaquecas terriveis, muita azia, fogo que me queima
por dentro. Muita fome, não consigo parar de engordar ( 12 kg em poucos meses). Tireoide está alterada, a pressão está alta, e o intestino não vai bem. Recentemente queda de cabelo. Tomo remedio para dormir e de manhã tomo
outro para poder passar o dia com dignidade. Colesterol alto, glicose tambem subindo". Me falou de unha encravada, de micose de pele, e recentemente o diagnostico de cancer de mama. "Dr.,a biopsia deu que é maligo".

À essa altura, já falava por entre lagrimas. Continuava a falar mas as lagrimas rolavam pelo rosto enquanto tentava se colocar.
"Dr., sinto muita tristeza. Outro dia tive uma ideia que me assustou ( me assustei, não foi pela ideia em si, mas pela minha reação à ideia ). Meus dois
filhos já são grandes ( 18 e 20 anos ) e ninguem mais precisa de mim. Não faço falta para ninguem e ninguem mais já se importa comigo..."
Parou de falar, não completando a frase, mas dando a entender o sentimento de desistencia, de retirada, de derrota, e de que nada mais valeria a pena.
Ficou em silencio alguns segundos, cabeça baixa, lagrimas continuando a descer
pelo rosto. Por fim tentou se ajeitar, pegou um lençinho para secar o rosto,
levantou levemente a cabeça e entre um sorriso desajeitado pediu desculpa.
E continuou. "Vou para festas mas ninguem me nota. Me arrumo, tento me deixar bonita, atraente, tento agradar, mas sempre acabo sozinha, e não vejo a hora de cair fora de fininho para que ninguem note que fui embora. Sabe, não quero desapontar, não quero decepcionar...."
Depois me falou da separação. "Sabe, Dr., eu não podia fazer ideia de como é ruim não ter compania. Quando era casada, o relacionamento não era bom, mas havia alguem ali, havia pelo menos alguem com quem brigar. Por mais incrivel que possa parecer, aquela epoca era melhor. Havia ao menos uma familia. Eramos uma familia. A gente se sentava à mesa, todos juntos para comer, assim como faz uma familia. Hoje não sento mais para comer. O filho está trabalhando, só volta para casa à noite. A menina está com seu namorado e nem sei onde come. Aliás, faz tempo que não fala comigo. Ela me culpa pela separação, e faz questão de deixar bem claro que não fui uma boa mãe.
O menino está bebendo e tambem usa droga. Está depressivo, é bipolar. Ele tambem me acusa de ter falhado como mãe, que não lhe dei amor num periodo em que muuito precisou de mim, mas que não estava presente".
E então me fala desse periodo, reclamado pelo filho, em que perdeu, num ano
a mãe e o pai. "Foi duro para me recuperar, para me recompor. Eu amava meus pais, e em tão pouco tempo me vi sozinha. Me sentia bem poder visitá-los, tomar chimarrão com eles, contar minhar coisas, ouvir conselhos. Nós nos sentiamos uma familia. Eu me sentia amada, e eu sentia que eles se importavam comigo. Hoje sei o quanto isso é importante, alguem se importar com a gente.
Isso dá sentido à vida, vontade de viver, de fazer, realizar coisas. Quem se importa com a gente vibra com a gente, torce pela gente, e essa torcida faz bem, dá força, um bom animo. E não podemos decepcionar quem torce por nós, não é mesmo ? E eu sinto que hoje já não há torcida em minha vida, ninguem levanta bandeira por mim, ninguem torce como eles torciam.
Papai e mamãe já se foram, o marido já se mandou tambem, meus filhos... não
há mais familia, mesa posta, um torcendo pelo outro. Ficou cada um por si, e de certa forma, um profundo ressentimento em cada um. Foi por isso que tive a ideia que já fiz o que tinha que fazer, e que não há mais nada pelo qual ficar
sonhando ou torcendo.
Querer eu quero, mas nada dá certo e eu não sei mais o que fazer. Eu não queria morrer, mas viver como estou vivendo, não vale a pena. Não é mais vida.
Não sinto que esteja vivendo. Não está acontecendo nada que me traga alegria,vibração.
No trabalho sou apenas mais uma dentro daquela sala. Faço o meu trabalho, mas sinto que o que faço não irá fazer grande diferança em nada. Tento ser agradavel, simpatica, mas porque será que ninguem me nota, ninguem me percebe e não chamo atenção de ninguem ?"

Parou de falar, baixou a cabeça esperando que lhe dizesse alguma coisa que fizesse diferança no sentido de não desistir e de valer a pena continuar.

O cancer lhe foi arrancado atraves do seu seio doente. Mas a sua doença se chama cancer ? O digno de ser tratado não se encontra escondido na celula que já não funciona adequadamente. O grito da alma já não sabe como pedir socorro, já não sabe como se fazer ouvir. E muitas vezes a morte é o ultimo recurso, para num ultimo momento perceber toda pantomina, o grande engano do movimento da mente.
Não é preciso morrer para ser feliz, mas é preciso compreender como viver
para viver feliz.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

NA VIDA NÃO HÁ REPLAY

Estamos na estação que é a expressão natural da beleza. Claro que existe beleza tambem quando as folhas caem, quando a neve se acumula ou quando o sol estonteante nos faz buscar sombra e agua fresca. A beleza está sempre presente, mas nunca tão vistosa, tão notavel e chamativa como na primavera. Principalmente para os mais desatentos, ou os mais preocupados.
Nossa atenção, no dia a dia é sequestrada para tantos aspectos que nos solicitam, o filme está passando, as imagens se sucedem, mas estamos ausentes.
É essa ausencia para esse momento, que determina o mau estar interno, fazendo
com que a gente busque refugio no futuro, nesse tempo magico onde a mente nos
promete a soluação para as inquietações que nos afligem e atormentam.
O bem estar está sempre num outro ponto. O espetaculo está rolando agora mas as emoções só podem ser sentidas depois. Interessante, não é mesmo ?

Parece que sai do assunto, pois estava falando de beleza...
Pois é, o que é essa entidade chamada beleza ? Porque ela é tão arrebatadora,
envolvente ? Qual o segredo do seu fascinio, do seu enfeitiçamento, do seu
encanto, da capacidade de extasiar, de maravilhar ?
A beleza é, sem duvida, a grande magia desse planeta.

A Fisica define a beleza como uma forma de energia que se
tornou visivel, que tomou forma atraves da forma. A energia para se manifestar
precisa de algo onde possa se expressar. Precisa de um medium atraves do qual
possa se tornar sensorial.
Desse modo, beleza e energia são aspectos da mesma realidade, apenas se apresentando em planos diferentes. A beleza é a expressão de uma frequencia vibratoria, e quanto mais alta a frequencia, mais sedutora a beleza por ela
manifesta.

O Ipê amarelo em flor... Já percebeu a sua beleza, a sua magia, o seu deslumbramento ? Já não havia mais nenhuma folha. Apenas o amarelo se distribuindo em milhares de cachopas em formato de flor. O amarelo dançando nas flores envoaçantes do Ipê colorido. E de que outra forma essa energia vibrante poderia se tornar visivel, a não ser atraves dessas cachopas
douradas, balançando suavemente sob o efeito da aragem da manhã ? O sol
começava a subir lentamente seu caminho de todos os dias. Os passarinhos
ensaiando sua sinfonia, talvez tambem encantados com o encanto, com a beleza
de mais um dia despertando. Havia uma sensação de festa no ar, uma sensação de profunda paz, bem estar, contentamento. A vida se manifestando nesse momento em toda a sua exuberancia, profusão e deslumbramento.

Os sentidos captam a frequencia do mundo manifesto, na sua forma material, mas não consegue fazê-lo quando essa vibração se encontra ainda na forma de energia. A energia só se torna visivel atraves da materia, porque a materia é, em ultima analise, a energia manifesta, a energia corporificada, tornada coisa. Desse modo, há a inter relação entre energia e materia. A realidade é a manifestação visivel da materia. É por isso que o sentimento cria, ou melhor, manifesta, pois sentir é uma forma de energia. Voce traz para o mundo visivel da sua vida, o que for capaz de sentir, quando esse sentimento não vier contaminado pela duvida, pelo medo, ou pelo demerito.

E no meio dos cachos amarelos daquele Ipê divino, percebi duas sairas de plumagem esverdeada, pulando de um lado para o outro, caçando pequenos insetos. O contraste era maravilhoso. O verde dos passarinos contracesando com o dourado das flores. Uma verdadeira obra de arte exposta à ceu aberto, no grande museu da grande divindade.

Estava sentado no toco de uma arvore caida, observando o grande espetaculo, nessa manhã de feriado, do dia da criança. Estava feliz pela sensibilidade de poder estar presente a esse evento grandioso da Natureza
que estava contemplando. Um pouco talvez desse encantamento que é tão caracteristico da alma da criança, da alegria sem motivo, e do emocionar-se simplesmente porque uma peça encaixou certinho na outra na construção do palacio encantado. Festeja-se o dia da criança para que os adultos não se esqueçam que um dia já conseguiram se encantar tambem... ao ver um Ipê todo
engalanado, ou quando viu o mar pela primeira vez ( "pai, me ajuda a olhar, é grande demais "). A vida está perdendo o encanto, porque estamos perdendo a capacidade de nos encantar. Podemos nos encantar a qualquer momento, pois haverá sempre um Ipê amarelo florindo, um passarinho cantando, uma arvore, uma pessoa passando, a musica suave, um gesto de gestileza, um leve sorriso, uma palavra.... o espetaculo está sempre acontecendo, a cada momento, nesse instante de todos os dias.

E quando me despedi do Ipê feliz, fiquei tambem feliz
por não ter passado por aí, não tendo visto nada, como se nada de especial estivesse acontecendo. Afinal, era simplesmente a vida que estava acontecendo, era simplesmente Deus se mostrando na sua forma mais natural, isto é, sendo coisas. Deus coisificado, legal, não é ?

E enquando deixava o Ipê, as sairas, as abelhas para trás,
me ocorreu a ideia do replay. O espetaculo não visto, não sentido em forma de emoção, de alegria, de encantamento... pois é, não tem replay. Se não viu,
perdeu.

É a ausencia de cada momento que torna a vida sem graça, porque estamos esperando a graça depois.... depois que tiver deixado o Ipê para tras.