sábado, 26 de maio de 2012

E SE ESSE FOSSE SEU ULTIMO ATO ?

                                       Já se deu conta, alguma vez que o tempo termina ? O tempo de cada um ?
Temos, todos nós, um determinado numero de tempo dentro do qual iremos viver nossa vida. Um espaço de tempo, um tempo finito, cuidadosamente estimado, sabe-se lá por qual estranho poder, para 
participar da vida como seres desse planeta.
               Já se deu conta que não ficará aqui para sempre ? Não gosta muito de pensar
no assunto, não é mesmo ?  No entanto, é assim que será, goste disso ou não.  E por mais que a gente
tente adiar o fato, colocando-o distante ou não pensando na coisa, em algum momento iremos topar
com a figura.
                      Sabemos da verdade, reconhecemos mentalmente a realidade do evento. Contudo, se olharmos para aquilo, não atraves da racionalidade, friamente, apenas como uma ideia, um conceito, algo que temos conhecimento, mas se olharmos atraves do sentimento, sentindo e não apenas pensando,  um movimento diferente tomará conta da gente.
                  Iremos nos dar conta da transitoriedade das coisas. A visão do efemero, do passageiro, do temporario e a brevidade de tudo. A vida se caracteriza por isso, tudo ser provisorio. A falta da permanencia, a imagem de um movimento fluido, incessante, sem
tregua, buscando um ponto final dentro do tempo.
            Aprisionados dentro da ilusão de que a vida não tem fim, acumulamos de tal forma como se realmente não houvesse fim. Buscamos poder, posição, dinheiro, conhecimento, coisas para nos
sentirmos verdadeiramente importantes. Já que o tempo não tem fim precisamos nos segurar de alguma
forma.  Não é assim que nossa cabeça funciona ? Entretanto, a importancia colocada nas coisas é apenas o reflexo do sentimento de desimportancia sentido profundamente em função da transitoriedade da vida.
     A consciencia disso, dessa transitoriedade, proporcionaria uma qualidade de vida totalmente diferente da que normalmente estamos acostumados a viver. Um exemplo disso é a contrariedade. Nos ofendemos, dada a grande importancia  que nos atribuimos. É a atividade auto-centrada do pensamento. A egolatria dá um falso senso de valor, que não tem base alguma para se apoiar.
  Nos ofendemos com tanta facilidade pela falta de percepção que somos simples transeuntes passando
rapidamente. E para quem não se demora, porque tanto aborrecimento e contrariedade ?
  Já se deu conta que sente uma certa dignidade ao se enfurecer e tornar-se agressivo ?  E, nesse momento, do alto da sua importancia manda ver, não é assim que é ?  No entanto, o engrandecimento é o disfarce para a sua menosvalia.  Se a pessoa se desse conta que necessita sentir-se tão especial em função de um profundo sentimento de insignificancia, sua vida mudaria num estalar de dedos.
  Porque não somos capazes de relaxar já que somos apenas passageiros à espera do proximo trem ?  Logo estaremos embarcados, seguindo nova viagem. E porque se cacetear com tanta facilidade por coisas tão sem sentido e  significado ?  Fazemos isso porque achamos que temos muito tempo, e é por isso
que não mudamos. Afinal porque se modificar se temos disponivel todo o tempo do mundo ? E, desse modo, permanecemos em rotinas pesadas e desgastantes das quais não conseguimos nos livrar. Sempre 
tudo igual e sempre com tanto medo. E enquanto continuarmos no movimento circular da monotonia das
coisas iguais de todos os dias, não haverá possibilidade de um movimento diferente.
     Quem espera, é porque acha que há tempo disponivel. Mas se agir com percepção de que não há esse
tempo, um mundo novo irá se abrir, uma vida com outro significado, com outra perspectiva, e o que fizer, dentro dessa visão, terá um poder espiritual e que fará toda a diferança.
   E se isso que estiver fazendo, fosse a ultima coisa da sua  vida ? Não lhe daria um acabamento diferente,
não o faria como nunca fez nada igual ? Esse ato poderia mudá-lo definitivamente. Um ato que não seria simples repetição dentro de uma rotina massante num contexto de extrema insatisfação. Não importando que fosse o ultimo ato, pois a grande transformação teria acontecido. 
   Colocado assim, consegue perceber a importancia de cada ato ? O que fazemos tem poder se não
for executado dentro de uma rotina de como fazemos tudo todos os dias. Mecanicamente. Piloto
automatico, sem consciencia, sem percepção, sem atenção. Ato sem poder, portanto sem possibilidades
de mudança. Nós nos transformamos naquilo que fazemos, na qualidade do nosso ato.
         Corremos cada vez mais  mas nunca chegamos à tempo. A pressa não é um reflexo da consciencia da
finitude do nosso tempo, mas, antes, pelo alto valor que nos atribuimos e, desse modo, a necessidade, fora de controle, de acumular sem limites. Porque tantas posses se reduzimos seu valor, e sem tempo para
usufruir ? A falta de tempo para aproveitar paradoxalmente é o tempo que parece termos sem falta. Achamos que viveremos para sempre. Seres eternos.
  E se esse fosse teu ultimo ato ?  E se esse fosse teu ultimo dia, como viveria esse dia ? Como falaria
com as pessoas ? Teria a pressa maluca de todo dia ? Ficaria impaciente, irritado, se descontrolaria e ficaria com raiva como faz normalmente ? 
E, no ultimo momento, verá que nada era importante, pois terá perdido o que era realmente importante. É o momento em que a importancia deixa de ser importante. Quando o espelho definitivamente se quebra,
não havendo mais o reflexo de qualquer imagem. Todos os ganhos, trofeus e vitorias não terão sido suficientes para nos resgatar. Apesar de tanto ou mesmo pouco, tanto faz, pois nesse momento não seremos
avaliados pelas medalhas que carregamos penduradas no peito, pois estaremos desnudos das coisas do
mundo, apenas com a roupinha listrada de prisioneiro, refem que estivemos a vida toda da nossa imagem de
auto importancia. Aprisionados dentro desse eu pequeno que nos impossibilitou viver a magia que podiamos ter vivido. Os trofeus ficaram na salinha escura das coisas já sem valor. O quartinho do entulho.
Vitorias que não se transformaram em bonus para que não houvesse sofrimento. 
     Tudo de repente acaba, principalmente quando a ideia de tempo sem fim  revela o seu engano, o seu
equivoco.  O fim de tudo que temos, nossas coisas, familia, nossos livros, nossa importancia, o poder, o satatus, o nome.
Tudo chega ao fim.   E nesse momento qual o sentimento que inundará nosso ser ? Poderemos dizer que
honramos a vida que passou por nós, batendo palma nesse momento, ou estaremos com tubos
por todos os lados, num ambiente asseptico de UTI esperando .... simplesmente esperando ? As pessoas,
algumas, falarão o quanto eramos isso ou aquilo, alguns elogios, comentarios e por fim o grande silencio.
Teremos passado e então o esquecimento. Ninguem mais falará, ninguem mais terá lembrança alguma
A historia terá finalmenmte terminado depois do ultimo repique do sino anunciando mais uma morte. A minha. A tua.
     Ouça o lamento do poeta  :
                                                               "  .....   e eu partirei. Mas  os passaros ficarão, cantando,
                                                            e meu jardim ficará, com sua arvore verdejante,
                                                            com seu poço dágua.
                                                            Em muitas tardes os ceus serão azuis e placidos,
                                                            e os sinos da tarde repicarão,
                                                            como repicam esta tarde.
                                                            Aqueles que me amaram passarão,
                                                             e a cidade explodirá de novo cada ano.
                                                              Mas meu espirito vagará nostalgico
                                                              no mesmo recanto escondido de meu jardim florido. "
                                                         
                                                                    (   El viaje definitivo, de Juan Ramon Jimenez )









           
         
    

                     



                                 


                                       

                  

sábado, 19 de maio de 2012

O MITO DO PARAISO PERDIDO


                              Estamos tentando colocar a mente sob uma perspectiva mais apurada e dentro dessa visão mais minuciosa procurar compreender as razões do enigma aparentemente indescifravel, do sofrimento humano. Afinal, porque sofremos ? Qual o elemento essencial que põe em movimento a energia que chamamos sofrimento ? Qual sua origem, seu significado e objetivo ?
       Quando lemos sobre o mito da expulsão do paraiso nos é colocado que, ao comer o fruto proibido
da arvore do conhecimento, o homem perdeu as benesses que desfrutava. Perdeu sua condição de privilegio, sua posição imune nessa atmosfera de total proteção. Qual o significado dessa citação ? Que arvore é essa cujo fruto representa a desgraça de toda uma raça ?   Qual a leitura que tem de ser feita para encontrarmos aí uma possivel pista para a nossa busca ?  O nosso inferno teve inicio nesse ponto ? Foi o fruto dessa arvore que pôs tudo a perder ?  E que frutinha miseravel é essa para produzir tamanho estrago?
      Questionamentos sem fim.  No entanto,  se a charada não for decodificada, estaremos num jogo desconhecendo totalmente suas regras.
                Naquele tempo ( era um tempo em que o tempo ainda não era ), o homem vivia em perfeita unidade com tudo o que havia. Os elementos da criação estavam interconectados entre si e, ao mesmo tempo,vinculados à grande fonte que a tudo supria. As necessidades eram naturalmente satisfeitas. Os recursos estavam disponiveis em profusão. Havia abundancia e fartura para todos os seres aí presentes.
A harmonia reinava incontestavel.  Tudo estava disposto de tal modo a proporcionar equilibrio e
congraçamento entre todos os habitantes. Não havia falta de nada, dese modo, não havia
disputas. As plantas, os animais, as aves e os humanos não conheciam a discordia porque não havia
dificuldades. A adversidade e o esforço não faziam parte desse ambiente seleto e antologico. Nào havia hierarquia, ninguem acima ou abaixo, mais ou menos importante. Todos iguais entre si. Uma irmandade perfeita, em perfeito equilibrio.
      O ser humano não tinha necessidade do conhecimento para fazer o que fazia. Sabia porque estava
conectado com aquilo que tudo sabe. Assim como a planta, o passaro e a erva mais rasteira. O passarinho
sabe como construir seu ninho e cuidar dos seus filhotes sem ter tido um treinamento anterior para tal
conhecimento. Não se submeteu a qualquer curso de formação nem por isso o que faz, não está bem feito. Ele simplesmente sabe, e nós chamamos  isso de instinto. E instinto remete à fonte de onde
provem toda sabedoria, de onde tudo provem. A flor não tenta inovar para se tornar mais bela. Não
encontra defeito na sua forma, tentando se reinventar.
    Pois é, foi aí que o elemento humano se deu mal. Como o homem sabia fazer, surgiu, num
determinado momento, a necessidade, a visão, a perspectiva e a audacia de fazer diferente. O que fazia, era perfeito pois sua ação era ditada por aquilo que tudo sabe. No entanto, pensou em interferir no  meio e se impor a tudo o mais. Sentiu-se superior, diferente dos demais seres e, nesse momento, começou a pensar. Nasceu o sentido do eu, a visão de um eu apartado do restante da criação. `A medida que essa sensação de um eu pessoal começava a tomar forma, diferentemente da planta ou do passarinho, perdeu sua conexão natural com o grande provedor de tudo. E esse ato de rebeldia ocasionou o seu rompimento com a unidade. Estava agora por si proprio, já não fazia parte daquele contexto que o mantinha protegido . Perdeu o privilegio do patrocinio que tudo provê. Sentiu-se excluido, estranho frente aos demais elementos que até pouco estavam em integração. Já não era mais um deles.  Sentiu-se só e ao mesmo tempo desamparado, desvalido e sem rumo. Estava por conta propria. Acabara de entrar num mundo novo, desconhecido e extremamente hostil. O mundo dos humanos.
Perdeu sua fonte de suprimentos e  proteção. "E com o suor do teu rosto ganharás tua vida", e foi,
desse modo, que deixamos o paraiso para vagar pelo mundo em busca de segurança e resguardo.
     Perdemos o espaço protetor, o cuidado daquilo que tudo cuida, e tomou lugar a mente, a racionalidade, o eu individual que seria , a partir dai, a marca do homem posterior à perda da sua conexão
com a unidade. O homem caido, expulso do paraiso. E o que caracteriza esse homem é o sentido que tem de si mesmo, sua auto-importancia, a imagem que faz de si. É dentro desse movimento mental que perdeu
sua posição, prerrogativas e salvaguardas.  Sem vantagem alguma, e tendo perdido a esperança de jamais
reconquistar seus beneficios, sobrou-lhe agarrar-se à sua auto-imagem que lhe serviu, a partir de então,  de consolo e tambem  identificação.Já que perdeu tudo, acha que é alguma coisa ao se mirar no espelho do seu auto-reflexo. E essa coisa que acha que é, não é outra coisa que uma simples imagem, uma miragem no horizonte da sua mente. Uma imagem que faz de si. Uma imagem mental e nada mais. Algo sem consistencia, sem realidade.
E essa imagem é a mais verdadeira expressão de nada. É isso que o homem se tornou ao se tornar
racional, um ser pensante, acumulador de conhecimentos. Tornou-se esperto porque é estupido. Somente
o idiota necessita ser esperto. A sua grande esperteza fez com que perdesse tudo que jamais poderia ter. Mais instrução  resultou em menos bom senso, e mais saber, em menor capacidade de julgamento e
ponderação.
           O restante da criação permaneceu conectada à grande fonte, integrado em harmonia. A maldição
"do suor do rosto pela sobrevivncia", não afetou os demais elementos. Continuaram protegidos e tendo
suas necessidades totalmente supridas. E o homem teve que buscar segurança e amparo por meio do
conhecimento e trabalho. E a instrução foi  sua grande aliada dentro do seu desepero. A vida estava agora por sua conta. Contava apenas com a imagem desse eu pessoal, e a instrução seria um elemento determinante para sua longa jornada de retorno. Afinal, o conhecimento gera importancia à estrutura da auto imagem. Dizem que somos o que sabemos. Desse modo, transformamos nossa potencialidade infinita em conhecimento finito. Nos limitamos dentro do nosso saber.
Sabemos, e assim nos apequenamos cada vez mais. Não somos nosso conhecimento, mas se dermos
credito a isso, assim será, desgraçadamente. A erudição corrompe pois leva à soberba, à vaidade e à
empafia. Com certeza, não é um elemento de congregação, visto que discrimina e seleciona. O que sente
diante de alguem que considera mais ilustrado ? Ou, de outro modo, como age diante de alguem que
considera menos informado que voce ? O conhecimento está simples e tão somente à servico do seu eu
pessoal. Usa o conhecimento para se sentir importante, uma pessoa especial.
      Veja que o sentido do eu teve origem no conhecimento, o fruto proibido, que segrega e marginaliza. O ser humano perdeu a graça da inclusão pela sua esperteza. Foi banido da unidade pela racionalidade.
  O lirio do campo não extrai sua beleza e magia de mais conhecimento, de novas informações e descobertas. Não lança dados em equações sofisticadas para tornar-se mais importante e transformar-se
num super lirio, o top da sua especie. Não busca ser diferente para firmar-se em caracteristicas particulares
e pessoais. Não tem uma imagem ilusoria de si de onde obtem seu senso de realidade. Ainda bebe da
fonte de toda  importancia, assim não necessita buscar subterfugios para se sentir importante, ou diferente.
   O eu pessoal tem uma necessidade vital de se sentir diferente do eu do outro, e é dessa diferença que
nasce a sua deferencia, prestigio e relevancia.  Olhando friamente para esse  magestoso e insano circo montado pela civilização, conclui-se que, realmente, tudo é vaidade, apenas vaidade como já dizia, naquela epoca, nosso saudoso Salomão. A visão dele foi apurada e atenta. Sem duvida, profundo conhecedor da estupidez humana.
       Mais conhecimento não nos transforma, no mais das vezes,em pessoas mais equilibradas, mais alegres,
ou menos transtornadas, menos confusas ou mais seguras. Com certeza, a verdadeira doença do humano passa por essa loucura de cada vez mais : mais saber, mais informação, mais poder, mais e mais de tudo que se possa imaginar. Alias, progresso tem exatamente esse significado, e o cancer tambem. Outra vez
a constatação de que o de fora e o de dentro tem similaridade. Vivemos numa sociedade cancerosa, uma
sociedade de progresso. Viajamos pelo espaço interplanetario, entretanto, não menos tristes, confusos, ou
menos amedrontados. Talvez indo para longe, longe desse inferno encontremos novamente nosso paraiso
perdido. Quando  vai  longe para se achar, o longe nunca é distante o suficiente, pela simples razão que não existe. Afastar-se para longe, mesmo assim, carregamos o inferno conosco. Quando se pisa na bosta o mau cheiro toma conta, e de nada adianta sair correndo pois aquilo continua grudado no sapato e continua fedendo. Não há jeito, pisou naquilo, o cheiro irá te acompanhar.
        Porque nos sentimos tão bem quando em contato com os elementos da natureza ? É saudade. Saudade daquele tempo em que ainda eramos um só. Saudade dos companheiros do paraiso. Eles permaneceram e nós nos tornamos exilados e excluidos. É como rever velhos companheiros de um bom tempo, de um tempo dentro do qual nos perdemos. Eles ainda guardam o cheirinho da inocencia e da graça. O amor e o respeito que sentimos, é a expressão da profunda reverencia que nutrimos por se terem  mantido leais e fieis ao grande plano concebido pelo grande arquiteto. Saudade da plenitude, da segurança,
da abundancia. O conforto e o bem estar que sentimos na sua presença, é o reflexo do que nos faz falta
mas que um dia já tivemos. A gente tem a consciencia que era feliz, quando perde esse estado de bem estar e completude. O paraiso que buscavamos, estando dentro dele, pôs tudo a perder. Somente agora nos damos conta que aquilo era verdadeiramente o que estavamos tentando alcançar.
          O desejo gera expectativas, por isso o medo. E o medo engendra a violencia que, sinistramente,
chamamos de defesa. Defendemos com violencia o territorio, o patrimonio, a reputação, a auto-imagem
e seja lá o que for que nos cause o minimo dissabor e contrariedade. Nos achamos no direito de usar a
violencia como ato de defesa, no entanto, não nos damos conta que é sempre o eu individual que reclama
tal atitude. E sempre por medo. O eu pequeno que nos identifica, reclama defesa irrestrita e incondicional.
Defendemos violentamente, ou com atos, ou sentimentos de odio e repulsa, o que dá no mesmo.
       A verdade insofismavel é que temos medo, muito medo de toda ordem e magnitude, vestigio da fatalidade do agourento momento da expulsão. E o horror desse momento ficou registrado profundamente,
não apenas a nivel animico, na psique humana mas tambem a nivel celular, em toda estrutura fisiologica. Foi o inicio da verdadeira enfermidade que nos aflige desde então e talvez para sempre. A nossa molestia é por sermos humanos. É o unico elemento de toda a criação que, quando dá entrada nesse plano, já se encontra
em estado avançado de morbidez. Seria esse o significado do "pecado original" ?
   É, sem duvida, o legado mais tragico da terrivel experiencia do exilio. Excluido, abandonado à sua sorte,
refem de toda ordem de desdita e má fortuna, do sofrimento e dificuldades sem tregua.
         Enquanto caminhava nessa manhã ensolarada de outono, vi um passarinho colorido pulando por entre os galhos de um pessegueiro estranhamente florido nessa epoca. Sem duvida, estava feliz, descontraido,
indo de flor em flor bebendo o nectar que as pequeninas flores lhe ofereciam. Estava faceiro, cantarolava
sua canção festiva enquanto se alimentava tranquilamente. O sol dava um toque especial de magia ao
brilho das flores e ao colorido das suas plumas. Não se importunou por estar me vendo aí  parado, admirando o belo espetaculo. Apos ter sugado diversas florzinhas, num movimento rapido voou para longe.
      Fiquei então pensando no "ganharás a vida com o suor do teu rosto". O paraiso ainda existe e eu
estava olhando para ele. O pessegueiro florido servindo de alimento para o passarinho colorido.
Arvore e passaro ainda integrados, ainda fazendo parte do grande espetaculo do paraiso presente. Ainda são companheiros, servem-se uns aos outros em perfeito congraçamento.
Não se excluiram atraves de uma imagem de ser diferente e de importancia, por isso ainda fazem parte.
      Vi nessa manhã ensolarada de domingo um breve vislumbre do paraiso, dos que ainda permanecem
dentro dele. É magico, fantastico, surpreendente, notavel, extraordinario, divino......
          Voce tambem está com saudade ?  





















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quarta-feira, 16 de maio de 2012

O EU COMUNITARIO DE CADA UM

           
                        A maldade faz parte da natureza humana, é inerente ao psiquismo da pessoa ou é  consequencia de experiencias mal sucedidas ao longo da sua historia de vida ? Independente da resposta, a verdade é que, num grau maior ou menor, ela faz parte da nossa estrategia de vida. De todos nós.
     Não estou aqui me referindo à crueldade nascida da mente insana, de atos de desumanidade, de
desatinos, com toque de barbarie cometidos contra a vida. Isso, aparentemente, não caracteriza a especie
como um todo. Ao menos, aparentemente. No entanto, dependendo de determinadas situações, voce, que
se considera uma pessoa normal, equilibrada, comedida, decente, seria capaz de atos que nem consegue imaginar em condições normais. Voce é bom , integro, humano mas qual o limite dessa bondade ?
Voce é bom mas até onde vai essa bondade ? Ou se consedera bom acima de qualquer suspeita independentemente da situação na qual se encontre ? E os atos de falsidade, de hipocrisia, de dissimulação
para que sua imagem de bonzinho não seja maculada ? E as mentiras, as traições e atos de mesquinharia ?
Trata generosamente, de um modo igualitario, tanto aquele que considera importante como o menos favorecido ? Aquele de quem espera algum retorno, algum beneficio o trata do mesmo modo como o
porteiro do seu predio ou o pedinte da esquina ?
        A nivel de mente coletiva, comum  ( vivemos, quase todos, a mente de grupo ), somos essencialmente
falsos, de indole má, gente perigosa. Por causa do medo. E onde há medo, a maldade é a defesa. Não
tanto o medo pela preservação da vida mas o medo como estimulo de proteção ao eu individual.
   Não há duvida alguma que o bem maior da pessoa é essa estrutura psiquica atraves da qual nos
identificamos. E a crença  inabalavel é que somos essa coisa chamada eu ( o eu de cada um ), que é, na
realidade, um eu compartilhado, porque é comum a todos. Algo como um eu consignado, um verdadeiro
quebra-galho até termos acesso a algo melhor. Algo que lembra favela. Um eu favelado.
     De longe, a marca mais lembrada na cabeça de todos, o top of mind, é esse eu pessoal. A palavra mais
pronunciada, a imagem mais reverenciada e protegida de todos os tempos e de todas as raças é essa estrututa gramatical chamada primeira pessoa do singular.
     Somos seres ofendiveis, contudo, quem ou o que em nós se ofende ? Isso que somos em verdade,  não é susceptivel de ofensa, não está nos dominios do ultraje ou do desrespeito. O respeito é uma exigencia da lei.
  Se não fossemos ofendiveis, não haveria falta de respeito, não é mesmo ? E não haveria ofensa. Sem essa
estrutura que se magoa e ressente qual a necessidade de uma lei impondo respeito e consideração ?
Haveria necessidade de falarmos de amor ? Existe a lei que exige respeito e um mandamento que conclama
para o amor. Amai-vos uns aos outros nos falam os iluminados. E se vieram para catequizar dentro desse
contexto, bem sabiam eles da missão impossivel a que estavam se propondo, pois, para a maioria deles,
isso custou-lhes a vida. Falar do impossivel ou do improvavel gera inquietação e angustia. E exigi-lo, leva
a armas e perseguição.
      Do jeito como estamos, dentro do nivel de consciencia comunitaria, essas coisas elevadas, transcendentes são inexequiveis para os humanos, pois se fossem possiveis qual a necessidade de se
transformarem em lei e mandamento ?  É evidente que se não fosse assim, a vida, ao menos humana, não
seria possivel, ao menos, nesse planeta. Precisamos de placas de sinalização pois não conhecemos o
caminho, e, mais, profundamente perdidos.
       A doença do humano é o culto a si mesmo. Egolatria. Egomania. Seu proprio eu como centro de todo interesse e amor. Alias,a unica coisa pela qual conseguimos realmente ter amor e verdadeira admiração.
  É por isso que as autoridades civis e eclesiasticas impõe regras e limites no trato para com o outro.
O outro precisa ser protegido, a todo custo, da maldade de todos contra todos. É devido essa imposição marcial que, tanto voce como eu, não fomos ainda exterminados ( apesar de tantos não terem tido a mesma
sorte ). Civilidade é apenas uma palavra que consta nos dicionarios. Palavra vazia sem conteudo de significado. Apesar de sermos uma civilização, não somos definitivamente uma sociedade civilizada.
       Se retirarmos um pouco da camada fina de polidez e cortesia com a qual nos ungimos,  encontraremos
o ser barbaro  e incivilizado com toda sua configuração e pompa olhando para a gente. A mascara está bem posta e confeccionada com maestria. Parece vistosa mas nem por isso deixamos de ser tristes mascarados.
      A nossa doença é aquilo que nos isola da nossa verdadeira natureza, e é isso, por sua vez, que põe o
outro na fileira do inimigo. E isso se faz um movimento coletivo, isto é, todos agindo em conformidade com todos, como numa grande sinfonia..  Afinal de contas, somos todos iguais sofrendo da mesma doença.
Somos todos assim, até não sermos mais.
     Não é que sejamos maus e queiramos fazer o mal simplesmente pelo prazer de fazê-lo. Temos medo,
e é por isso que fazemos e somos desse modo.
 O ser humano é dominado por dois sentimentos basicos. O amor absoluto, em forma de idolatria ao eu
individual, e o temor por essa estrutura, que necessita de salvaguardas de toda ordem como elementos de proteção e cuidado. Afinal  nos espelhamos nessa imagem, é o nosso cartão de identidade. O deus que amamos acima de qualquer circunstancia. Deus entronado em forma de um eu pequeno. O que chamamos de amor é simples encenação, ou maldade contida. Nos tornamos sociaveis para aprendermos os requisitos da hipocrisia e dissimulação. A verdadeira natureza do eu comum é a falsidade e a mentira. A barbarie de outros tempos está apenas disfarçada por mascaras comportamentais muito bem elaboradas. Nos tornamos
mestres do disfarce, mas continuamos os mesmos seres amedrontados daqueles tempos. Podemos ter evoluido em tantas areas do conhecimento humano, no entanto, a nivel animico as coisas permaneceram
inalteradas. Tecnologicamente os avanços foram extraordinarios, contudo, isso não diminuiu nosso temor e sentimento de desvalia e penuria a nivel interno.
Nos apegamos talvez ao conhecimento cientifico como forma de contrabalançar nosso mundo interno, os
reclamos da alma pelo nosso esquecimento. Nos tornamos mais astutos e sabidos mas não menos sinistramente torpes. Mais instruidos e ilustrados mas nem por isso mais humanos. O conhecimento não se
transformou em bondade, em relações mais pacificas ou convivio mais amistoso. Em seu lugar nasceu a
diplomacia, a arte de lidar com o odio e as diferenças com sutileza e equilibrio. Entretanto, o odio persiste
assim como as diferenças. Gentilezas à mesa de negociação e bombas à revelia do entendimento.
   Necessitamos de um gasto de energia significativo no esforço para conter e reprimir  nossa contrariedade
e selvajeria no trato com o outro. Somente com muito esforço para a perversidade não se fazer presente, principalmente quando confrontado ou sofrer a minima ofensa. O limite da nossa bondade é, geralmente, o
melindre ou a magoa causada pelo outro. No destempero a mascara cai e a realidade que se coloca, muitas
vezes, nem mesmo voce consegue acreditar no que está vendo.
        Há a consciencia comum que cria o eu individual, razão de todo sofrimento e desdita que assola a
todos nós ( ou quase todos ). E há a consciencia intensificada somente possivel para quem conseguiu
ultrapassar os limites impostos pelo ego. Tentarei comentar sobre isso na proxima conversa.
       











sexta-feira, 11 de maio de 2012

O ALTRUISMO COMO TRUQUE DA MENTE


                              Alguma vez já se perguntou porque sentimos pena dos outros ? Qual o verdadeiro significado desse sentimento que faz com que a gente se sensibilize pela dor do outro ? Comover-se pelo
sofrimento do outro ? É a expressão de uma fraqueza ou, ao contrario, a tradução do mais autentico
indicio de humanidade dentro da gente ? Vale a pena aproximar um pouco a vista e dar uma
olhada com mais cuidado.
        Os alquimistas nos informam, com precisão, que o externo tem sempre a sua contraparte interna. Qual
o significado disso ?  Essa verdade nos conduz para dentro do mundo magico da projeção. Sem entender adequadamente esse fenomeno psiquico, faz com que a gente deixe de compreender grande parte do comportamento humano.
      Porque a dor do outro doi tanto dentro da gente ? Porque repercute em nós essa dor que na realidade é a dor do outro ? Consegue perceber o movimento da projeção se manifestando ? Só consigo reconhecer fora o seu equivalente interno. O de dentro, observado fora.
Aquilo que me toca no outro é, na realidade, um conteudo que me pertence. Aquilo que sinto pelo outro não é em nada diferente daquilo que sinto por mim mesmo. A minha dor, sentida no outro. Sinto pelo outro meu proprio sentimento, pois se não fosse meu como poderia reconhecê-lo ?  A gente se encontra no outro.
         No nivel de consciencia comum, não podemos sentir nada diferente, com relação aos outros, que não
estejamos sentindo por nós mesmos. É um jogo de espelhos em que a imagem percebida  fora foi , na
realidade, projetada a partir de nós proprios.
  A compaixão que sinto, revela meu auto-sentimento. É a tradução do meu mau estar interno, da pena
que sinto por mim mesmo, pelo grande desconforto como consequencia de não poder  proporcionar-me paz, segurança e proteção. A minha desgraça é sentida no outro. É sentida no outro mas é minha, e é por isso que me toca e me machuca. Somente por causa disso, e não porque seja altruista.
            Sentimos pelo outro o que sentimos por nós mesmos. Não somos capazes de sentir por ninguem
a não ser nosso proprio sentimento. O que sinto pela pessoa, não tem nada a ver com ela, é apenas um
movimento de projeção. O que é visto na tela, não é da tela mas do filme que usa a tela para  projetar seu conteudo. Para saber o conteudo do filme necessitamos de uma tela. É no outro que iremos encontrar aspectos nossos nem sempre revelados e percebidos a nivel consciente, porque estão escondidos  no "filme" do inconsciente. E o outro irá se prestar generosamente como espelho para que possamos nos mirar, sem, no entanto, conseguirmos reconhecer a imagem percebida como reflexo.
     O sentimento de compaixão nasce da racionalidade, mas não há aí merito algum porque é apenas uma
manobra da mente, um estratagema para parecer razoavel aos olhos dos outros, da gente mesmo e do mundo, por aparentar um sentimento nobre, distinto e de benevolencia.
               Parecemos sinceros na nossa compaixão, quando, na realidade, aquilo não passa de auto-compaixão disfarçada em generosidade. Nossa bondade não passa de uma fraude muito bem arquitetada
pela mente, uma dissimulação para esconder  o verdadeiro sentimento por tras disso tudo, que é a nossa
realidade interna caotica e aparentemente sem solução.
   E esse sentimento cria uma falsa impressão de consideração e interesse. Quer ser indulgente e generoso em função do seu sentimento de desvalia, de penuria e desproteção. O desamparo do outro doi dentro do
nosso sentimento de desamparo, de outra forma, não seriamos capazes de tal sentimento. Sem espelho,
não seremos capazes de nos perceber.
          Passamos uma ideia de autentica e genuina humanidade atraves de um altruismo sincero e bem
intencionado. Mas é apenas intenção, nada mais. Não há integridade e verdadeira benevolencia na
intenção apesar de passar essa impressão. O ato nobre não é possivel enquanto ainda estivermos em falta
conosco mesmos, buscando fora o equilibrio e o apoio para nos afirmarmos e, desse  modo, nos sentirmos adequados. Como pode aquele que está se afogando,  salvar alguem  quando está tambem submergindo?
         É pelo sentimento de inadequação e ineficiencia que nos movimentamos para o outro no sentido de proporcionarmos ajuda e bem estar.
 Aparentemente nos sentimos bem ao irmos de encontro ao outro em forma de apoio e facilitação. Entretanto, não é um movimento autentico e verdaddeiro porque não é natural. Pode ser até sincero,
contudo é contaminado pela premencia interna de encontrarmos saidas para tantos impasses e conflitos. É uma barganha, uma nogociata.  Nada mais que isso. Não amamos ninguem porque não nos amamos. É esse o ponto. Procuramos o outro na tentativa de encontrarmos lá o que não conseguimos encontrar dentro da
gente. E o tragico é que acabamos encontrando a nós proprios, em forma de imagem projetada, nesse encontro com o outro.
       E o final dessa viagem é verdadeiramente paradoxal. Quando não sentir mais benevolencia e compaixão é porque entrou no reino da sua verdadeira natureza. Está começando a ter ideia de quem é
e, assim, vivendo essa realidade. Não sentir mais piedade é a consequencia  por ter-se livrado da  auto-piedade, pois na ausencia dela a compaixão se torna sem significado. A falta de compaixão não é insensibilidade, frieza ou desumanidade. Mas o oposto, pois é por sentir-se especial e importante que motiva a compaixão. E busca uma imagem de importancia por sentir-se insignificante e desprotegido, e isso gera a auto-compaixão. Está vendo o movimento sutil dentro do qual se arquiteta esse jogo ?
      A auto imagem é o reflexo do quanto se sente importante, o valor atraves do qual se avalia. Contudo, tanto o senso de valor como a importancia que acha que tem, são falsos. E quando a imagem de si
não for mais sustentada, a compaixão segue o mesmo caminho. O sentir-se especial é apenas auto-compaixão dissimulada. A imagem que tem de si gera soberba, arrogancia, a necessidade de ter que sobressair-se a qualquer custo. É vaidade e burrice por não perceber o truque ilusionista no qual a mente nos enquadrou.
     A auto-imagem cria a relevancia de si causada pelo sentimento de insignificancia, que disfarça com sua
imagem de importante.A compaixão é soberba disfarçada. E quando a soberba desmorona, surge a
sobriedade, nascida de um nivel de consciencia diferente da consciencia comum.  Na sobriedade a auto-importancia se torna sem sentido e a compaixão, destituida de significado.
         A sobriedade não pertence aos dominios da mente comum, do eu nanico cujo senso de valor se
revela totalmente destituido de valor, pois é apenas uma imagem construida em cima do nada que sente
que é. O sentimento de desproteção que origina a pena que sente por si, motiva a pena que sente pelo
outro. O que sentimos pelo outro, não é diferente do que sentimos por nós proprios. O que vemos no espelho é a nossa cara e não a cara de ninguem mais. Porque a farsa ou a surpresa ?
                A falta de compaixão é o reflexo do ego destronado, da falsidade em nós finalmente posta
à descoberto, e, frente à isso, o sentimento de desvalia e pequenez se diluem nesse novo nivel de consciencia que surge misterioso e imponente. Surge o equilibrio, a modestia, a despretensão, a humildade.
A verdade dentro da qual a vida é regida. A sobriedade é a expressão dessa regencia.
          Libertar-se dos laços da mente que nos aprisionam à tirania da auto-imagem auto-imposta e, dentro
da qual  nos espelhamos, representa o grande momento na vida de qualquer ser humano. Entretanto,
vem tambem acompanhado de grande dose de sofrimento, pois, no fundo, ninguem deseja ser livre. Aprisionados por tantas eternidades, não somos capazes de reconhecer outra realidade a não ser a determinada pelo imperio da mente.
   Não somos o que nossos gestos e ações demonstram ou fazem parecer. Quando o espelho finalmente
se quebra, teremos que nos haver com a verdade, não olhando mais para fora para nos encontrarmos, mas
nos encararmos, nos olharmos de frente, por mais cruel e dificil que possa parecer.
       O momento da verdade é sempre o momento mais dificil.



           

 


terça-feira, 8 de maio de 2012

A ILUSÃO DO CONHECIMENTO

           
                 Ser um animal irracional soa como desvantajoso com relação a viver melhor.
   Entretanto, tem a racionalidade servido aos humanos para torná-los  melhor e, desse modo, viver melhor  e deixar tambem viver ?
                       Nossa vida não se encontra em condições mais favoraveis que qualquer coisa viva
na natureza, apesar da tão enaltecida superioridade do ser racional.
           Não há muito do que se vangloriar por sermos detentores da razão, seres inteligentes. Se todos os seres vivos da natureza tivessem a logica como sua autoridade soberana, como nós seres superiores, o planeta há muito já teria se transformado num gigantesco e desolado deserto .
                A natureza colocou a racionalidade em apenas uma especie talvez numa atitude de experiencia.
Deus não tinha muita convicção que essa coisa iria dar certo, por isso sua aposta foi restrita.
Pelo que se vê, o livre arbitrio decididamente foi uma decepção.
     A superioridade do humano põe a vida nesse planeta num verdadeiro impasse. Estamos realmente distantes de sabermos fazer uso adequado dos atributos a nós conferidos de um modo
excluvivo.
                   A racionalidade subentende responsabilidade, ao menos  assim deveria ser. Parece que a inteligencia não está compromissada com um bem maior, que transcenda apenas objetivos mesquinhos pessoais.
       A bem da verdade, qual foi a real vantagem da inteligencia, do conhecimento, da instrução tanto
para a raça assim para a vida como um todo ? Até esse momento da historia, nenhuma.
          Um recoll parece imprescendivel. A inteligencia não nos fez bem. A razão como fonte de
conhecimento foi, sem duvida, uma verdadeira tragedia. Os irracionais que o digam, e a natureza
tambem faz coro. O grito de socorro é ouvido em todos os cantos e de todas as bocas.
     Transformamos a vida num verdadeiro inferno, e pior, sem sabermos como nos livrar dele.
 O grande conhecimento substituiu a sabedoria, e assim nos tornamos especialistas ignorantes, e mais,
infelizes.A cruel e infeliz irracionalidade dos racionais.
                   Quanto mais conhecimento mais dificuldade para relaxar, para deixar acontecer.
Somos movidos por objetivos e não pelo prazer. Seres do presente buscando a felicidade no
futuro. A alegria desse momento à espera de um outro momento para ser desfrutada  porque agora não há
tempo.
                Há muito pouco valor  na racionalidade. Tentamos nos encontrar dentro da inteligencia, descobrir
quem somos atraves da logica fria e calculista. Aí não há vida, apenas conhecimento, apenas ideias e
conceitos. O lirio do campo não acumula saber, não acumula nada para expressar sua beleza
em forma de graça. Atraves de que matematica calculou sua simetria perfeita ?
       Porque precisamos de tanto para nos tornarmos tão miseraveis e termos a demencia como maldição ?
A perda do primeiro paraiso nos encaminhou definitivamente para as trevas. Sem bussula, sem rumo buscamos na razão o grande sentido da vida. A razão nos deu a inteligencia, mas foi ela, sem duvida, a grande causa  da nossa estupidez e do aviltamento da vida.
 A vida governada pelo principio da causa e efeito, de uma mente super-racional onde tudo é submetido à simples razão, de onde se tenta extrai o sentido da vida.
          Quanto mais conheciemento mais esforço, mais duvida, mais medo. A maioria de nós é
relutante em aceitar que necessitamos de muito  pouco para irmos em frente. Buscamos instrução, saber,
ilustração, titulos ,reconhecimento. Necessitamos das luzes dos holofotes, da visibilidade, onde a auto imagem possa se refletir. O que sobra do pobre homem comum quando o espelho do seu auto-reflexo tiver se fragmentado ?  Quando não sobrar mais nada da ilusoria identidade sobre a qual construiu sua imagem
e o significado da sua vida ?
      Na verdade, é essa identidade que nos desconectou da nossa verdadeira natureza . E quando
nada mais disso sobrar, haverá força e entendimento para a grande viagem de retorno ?
           Quanto mais conhecimento mais patetica se torna a vida, movida pela barbarie e desumanidade,
tornando sordido e irracional nosso modo de ser.
    E tudo isso em nome da segurança pessoal, desse eu pequeno que é capaz de verdadeiramente
muito barulho e destrição para se proteger.
               É tragico no que nos transformamos a nós mesmos e a tudo o mais em derredor atraves
da nossa razão, inteligencia e conhecimento.
      Fomos nós, seres inteligentes, a racionalidade por excelencia, que transformou a vida nessa
coisa que está aí.
          Sem duvida, orgulho para ninguem e principalmente temor para aqueles que a natureza não equipou
com essas qualidades.
          E para todos, muito sofrimento.
    A logica dos irracionais tem mais logica que a inteligencia dos racionais. Nos movemos pela
necessidade dolorosa. de segurança. Desamparados nos apegamos. Nos instruimos para nos tornarmos
espertos. É essa força que movimenta toda uma raça, e tudo que se faz, traz registrada a marca
dessa  necessidade. E somos catalogados como seres inteligentes ! Se a inteligencia for isso, há
muita vantagem na irracionalidade.
     Quando a solução é a astucia, não está aí a expressão maxima da nossa idiotice e estupidez ?
           Na ausencia da verdadeira compreensão, se lança mão da inteligencia - dessa inteligencia
que transformou esse lindo planeta nessa espelunca imunda onde reinam o medo, o sofrimento e a imoralidade.
        Qual o destino dessa viagem na qual embarcamos como seres racionais, dotados de
conhecimento e sabedoria ?
          A verdadeira ajuda não virá de mais informação e saber, mas do despertar da consciencia,
da capacidade de ver além da mente comum, nesse estado de presença, atraves da atenção.
   Sempre leva tempo, contudo já tivemos tempo suficiente para nos darmos conta que
o caminho da RACIONALIDADE decididamente não é o caminho.
            Ou voce ainda duvida ?


                   
     




   

domingo, 6 de maio de 2012

OS TROFEUS TRAZIDOS DO INFERNO

                Pensamento comun ? Porque comum ? Porque é de todos, comum a todos,
todos pensando do mesmo modo, buscando as mesmas coisas, correndo atras dos mesmos objetivos, as mesmas preocupações, os mesmos temores.
          Voce acha que  pensa, que é o autor dos seus pensamentos. Isso é assim porque
ainda não se deu conta que é apenas pensado pelo pensamento comum de todos.
O pensamento coletivo da mente comum.
        Não é teu o pensamento que pensa pois ainda não está em condições de ter um pensamento por si proprio, porque ainda não é si proprio. O eu em ti que pensa, é o eu de todos, o coletivo se manifestando na mente de cada um.
     A pessoa como um canal para o coletivo se expressar atraves dele e de todos. A pessoa se torna possuida pela mente comum, medium do pensamento de todos.
       O pensamento como reflexo da necessidade. A vida como uma necessidade sem fim.
  A mente como expressão da auto-imagem, guardião do eu que não é pessoal nem particular. O eu que é de todos, e todos achando que é apenas seu.
O eu individual protegido como o bem maior, sem perceber o absurdo da incoerencia. Não há nada  para proteger. O nada não necessita de proteção, e é por isso que pensa.
      O que está em jogo é a auto importancia, e é pela ausencia de um estado de consciencia que surge a auto importancia. Que é nada, afinal, apenas um pensamento,
apenas uma ideia, um conceito racional. Uma pseudo verdade criada pela mente comum com o objetivo de dar uma aparente ideia de consistencia para a grande ilusão'
como um grande espelho dentro do qual nos tentamos encontrar.
    O auto reflexo nos desconecta da nossa verdadeira natureza. Desamparados,
recorremos ao pensamento. E em se tratando de um movimento que é de todos,
buscamos amparo, todos, no mesmo arquetipo, na mesma mentira.
       Autocentrados, regidos pela soberba, vaidade e presunção, sob a batuta do
grande regente pensamento. Não é esse o  movimento dentro do qual somos todos tangidos, guiados como cegos, sem rumo, sem segurança ?
     Porque pensamos, necessitamos ser importantes. E é exatamente por nos
sentirmos insignificantes que buscamos a salvaguarda dentro da mente, dentro do nada.
         A minhoca não necessita de prestigio nem reputação, nem por isso se sente
desinteressante. Não necessita de altivez nem arrogancia para estar contente e
satisfeita.
        Qualquer criatura da natureza se encontra em melhores condições de bem estar e
equilibrio, apenas honrando a vida que passa atraves dela. Dá continencia à vida, não
buscando ser algo mais, sonhando sonhos absurdos de importancia e consideração.
     Somos parte do misterioso mas foi pela racionalidade  que nos desligamos. E por
darmos muito valor ao conhecimento, ao saber nos tornamos instruidos mas perdemos
nosso poder, nossa magia, o misterio do qual fazemos parte. E por isso pensamos,
tentando nos encontrar nesse  movimento caotico e confuso da mente.
      Perdemos a consciencia das nossas infinitas possibilidades. Não confiamos, por
isso pensamos. Quem confia, porque lançar mão do pensamento ? Para que, com que
finalidade ? Quem sabe, não necessita de confirmação.
           Nos tornamos seres estranhos `a vida, uma estrutura esquisita que duvida da vida, e por isso necessita dar conta. Quem confia, não necessita dar conta. Do que
afinal o lirio do brejo necessita dar conta para ser deslumbrante e encantador ?
    Já se deu conta da origem de tanto medo ? Medo da vida que apenas te quer
parceiro, jogando do mesmo lado ?  E atraves dessa parceria se descubrir, para saiber quem é, perdido dentro do tumulto da mente e na loucura dos pensamentos sem fim. Resgatar-se da mente e das ideias malucas que fez a seu respeito .
          Voce é a vida querendo ser e se refazer em niveis cada vez mais profundos
de evolução e consciencia, atraves de voce. A vida se experimentar em padrões
cada vez mais elaborados de uma consciencia intensificada.
            Somos a expressão disso que se expressa cada vez melhor dentro de um aprimoramento individual. Não somos diferentes da vida querendo ser a cada
momento dentro de nós. A nossa superação é a vida se superando.
     Porque a duvida e a inquietação ? Porque tanta resistencia ?
 É a mente comum, o coletivo dentro de nós, o eu pequeno que perdeu a graça da
não resistencia e do não esforço.
       Sem pensamento, o pensamento se torna mais eficiente, lucido e novamente alinhado a tudo, à grande força que mantem a ordem e estrutura a realidade.
              Com a mente vazia retomamos o humano dentro de cada um. Sem o
pensamento voltamos para casa. A saida da mente é uma viagem de retorno. Retorno
ao que eramos antes de sermos possuidos por isso em nós que pensa, busca,
analisa, avalia, julga, critica e teme. Tendo descido ao inferno voltamos vitoriosos e de
lá trazemos trofeus. E a vida é um desses trofeus. Não será por ventura o maior deles?

      
                          

sábado, 5 de maio de 2012

PENSAMENTO INTENSIFICADO X PENSAMENTO COMUM

                   O nivel de consciencia se modifica atraves do estado de presença, atraves da quietude mental, que irá determinar uma nova percepção, um entendimento mais elaborado, lucidez nas atitudes e nas ações.
    Enquanto estivermos ainda retidos na consciencia comum, não será possivel olharmos alem dos condicionamentos e padrões mentais de sempre, com seus medos, preocupações e duvidas. Quando a mente comum for alçada para um estado de consciencia intensificada, os eventos do cotidiano estarão fora do julgamento e das avaliações objetivas da mente linear. Não haverá mais esforço porque haverá entendimento e a pessoa se tornará um canal para a "força que tudo faz",e desse modo,
permitir que a energia flua livre e sem impedimentos. A partir dai compreenderemos a sabedoria das minhocas, ou melhor, a sabedoria que se manifesta nelas e em tudo o mais.
Iremos então nos dar conta que é essa força misteriosa que faz as coisas acontecer, que mantem os planetas em orbita, as galacias em harmonia, os atomos no seu movimento perfeito, os opostos polares produzirem luz, as flores florirem, os passarinhos cantarem e as minhocas serem felizes. Iremos então perceber que somos apenas canais da  manifestação desse misterio. Se somos canais de fluxo, a nossa função é permitir esse fluxo, não se opondo a ele atraves de um movimento mental. A duvida, inquietação, medo, esforço irão criar um obstaculo ao livre fluxo dessa energia. E, a partir dai, tudo se torna possivel. E os milagres começam a acontecer, pois o milagre é apenas consequencia da ausencia da duvida. Quem não duvida torna tudo possivel. A força da duvida transcende a nossa compreensão. Seu poder é realmente assustador.
E a duvida é um movimento mental, um pensamento. Esse "será que vou conseguir "
bloqueia qualquer possibilidade de realização. Sem a duvida deixamos a força da natureza agir atraves de nós, e tudo se encaixa com naturalidade, isto é, sem forçar.
Sem pensar tudo se encaixa. Observe as minhocas, o pé da bergamota e o belo lirio do campo tão aclamado por Salomão, que se encantou com sua beleza e exuberancia.
O pensamento se torna claro e eficiente quando não pensa. Paradoxal ? Pois é, a vida
se manifesta nos paradoxos, pois a verdade se encontra aí encaixada, escondida (?).
          O pensamento para realizar as coisas do dia a dia é um pensamento confuso e
automatico. Não há aí clareza, quietude, calma.
  E há um outro tipo de pensamento que é apurado, bem acabado, primoroso e  perfeito
na sua execução. É funcional, pratico e economico.  E qual a condição para esse tipo de pensamento se manifestar no nosso cotidiano ? Pois é, voce já dever estar cansado de tanto ouvir a mesma coisa, dita de um jeito diferente talvez mas sempre com o mesmo contexto. A atenção, a eterna atenção centrada nesse momento cria esse pensamento preciso, concentrado e extraordinariamente eficiente. Quando a atenção se desloca para esse momento, o pensamento comum, pobre, confuso, atrapalhado cede espaço para esse pensamento turbinado, não mais atrelado a resultados, metas e objetivos. Não mais alimentado pelas preocupações, medos, duvidas ou inquietações.
  Surgindo então um pensamento claro, intenso, especial e eficiente.
           A fadiga é o resultado do pensamento ordinario, mediocre, coletivo. O pensamento que está sempre em busca de tanta coisa. Identificado com objetivos.
      O nivel de consciencia se modifica atraves da passagem do pensamento automatico, linear, confuso, para o pensamento intensificado, atraves da atenção.
    Estamos verdadeiramente conectados com o abstrato, com o que não se vê, e não com as coisas do cotidiano, as atribulações do dia a dia. Nossas possibilidades são misteriosas e infinitas que não nos é possivel compreende-las. Talvez seja por isso que buscamos aguas rasas por termos inquietações por aguas profundas. Por não nos conhecermos, nos refugiamos no pensamento comum, coletivo, mecanico.
     A ausencia do pensamento automatico permite uma consciencia intensa de si mesmo. A ideia que faz de si provem do pensamento comum.
  O pensamento comum está focalizado no mundo, buscando coisas, alimento, abrigo, prestigio, aceitação, coisas e mais coisas nas quais se agarra em busca de segurança e proteção. O pensamento intensificado não busca nada, não sente necessidade de nada
apesar de tambem precisar de coisas. O foco se transfere para outro ponto. Sai da conexão com a superficialidade do mundo da vida rotineira, para se conectar num nivel
profundo com o abstrato. Não tenta preencher necessidades apesar de necessitar delas, pois ao se ligar no nivel profundo do abstrato, suas necessidades serão naturalmente satisfeitas. Não será isso a verdade expressa em "buscai as coisas do Pai, que o resto virá de acrescimo "?
      As minhocas já sabem disso, e nós para descobri-lo grandes avatares e iluminados tiveram que aparecer para nos instruir e convencer do fato.
  Realmente misteriosos são os caminhos por onde segue o dogma e a verdade. Dizem que somos o supra sumo da criação, mas somos os ultimos a ter o conhecimento dos  misterios revelados.  


                        

sexta-feira, 4 de maio de 2012

A GRANDE SACADA DAS MINHOCAS

                            Distrair a mente significa tirar a atenção dela, pois na quietude mental, no silencio na cabeça, não há atividade em forma de pensamento. Quando não estamos atentos, conectados com o momento, a mente capta a atenção e a transforma em atividade mental. Pensamos, isto é, nos deslocados, psicologicamente, para o passado ou o futuro. Haverá então tristeza ou medo, sentimentos que são a expressão de um tipo de energia, e, como sabemos, energia é a materia prima atraves da qual criamos nossa realidade.
        O corpo para realizar suas funções e se manter saudavel necessita de energia, e o
pensamento psicologico consome a energia do sistema, baixando seus niveis. A energia é desviada para o dialogo interno, para a falação dentro da cabeça.
  É como na irrigação quando desviamos o fluxo da agua,  a parte não irrigada irá
sofrer os efeitos do desvio.
    Quando a derivação está para a mente, o canteiro-corpo fica sem fluxo, gerando sistomas fisicos. Portanto, ao antecipar eventos ou recordar  fatos, a energia que teria que ser usada nesse momento para a execução do que está aí, será gasta inutilmente
com preocupações e temores. Não haverá prazer nem eficiencia. Ao se conectar no passado ou futuro irá drenar a energia do momento presente, não conseguindo, desse modo, manter-se energeticamente no fluxo dos eventos que o momento traz.
   O estado de presença é gerador de energia. Voce faz e se estiver presente , se sentirá bem, haverá alegria, disposição, bom animo. Tudo ficará bem, bem feito , apropriado, proveitoso.
        Mas, enquanto o fluxo dos fatos estiver acontecendo e estiver mentalmente num
outro tempo, desconectado desse momento, irá permitir à mente um movimento paralelo, gerador de tensões e ansiedade. Voce faz mas a ação é executada dentro de um mecanismo automatico, sem consciencia, sem atenção, sem presença.
     A atenção foi desviada para a atividade mental. A pessoa não está aí pois sua energia está longe. A energia segue a atenção e isso é crucial dentro desse contexto.
  Quando a atenção é confiscada pela mente, a energia, por sua vez, é drenada para a
cabeça e transformada em pensamento psicologico. E isso esgota os reservatorios de energia. É o movimento da mente que exaure nossa energia à exaustão, bloqueando qualquer possibilidade de entendimento para alé da mera rotina. O verdadeiro poder se perde enquanto estivermos às voltas com coisas pequenas e insignificantes, mas incapazes de reconhecer sua insignificancia e pequenez.
A energia segue a atenção. Atenção no futuro, em forma de preocupação, retira
a energia desse momento e a desloca para um outro evento, dentro da cabeça. É por isso que se sente desvitalizado, sem disposição, irritado, fraco, nervoso quando
passa por uma situação de grande stress. A energia é consumida pensando e pensando.
  Luto prolongado, ressentimento que não consegue superar, perdão que não consegue perdoar, temores girando como roda vida dentro da cabeça constantemente, um
movimento incessante, sem tregua em busca de soluções para tantos impasses que
imagina sem saida. Essa atividade, em forma de pensamento, é bem mais desgastante
que qualquer trabalho, por mais pesado que seja. Não há vicio mais destrutivo ou droga mais devastadora que esse movimento em forma de pensamento.  É extraordinario o consumo de energia quando a mente determina o desequilibrio emocional. Tristeza, raiva, medo, preocupação, mau humor, irritabilidade, estado de queixume constante trará, como contraparte fisica, uma sensação corporal de peso, fadiga, falta de disposição e esgotamento.
Sem energia para a ação, muito menos para a ação competente e eficaz. Ação sem
envolvimento, sem tesão pois não há suporte energetico para tanto.
        Quando integrado a esse momento, conectado, envolvido, quando está junto, se
sentirá bem porque haverá  ganho de energia. A atenção a esse momento será recompennsada com grande incremento de energia, que irá se traduzir em disposição, clareza mental e eficiencia.
      Consegue perceber para onde foi a energia de que necessitava para ter saudde,
sossego e bem estar ?
     Consegue perceber  porque se sente tão perdido e confuso ?
 A busca é equivocada. A solução não está no futuro. As conquistas não irão te
salvar.
        Percebe porque o corpo está sem força e a alma sem rumo ? Já se deu conta que o sofrimento é inevitavel por mais que tente e lute bravamente, enquanto persistir
na visão equivocada dos seus objetivos ?
     O sofrimento não é o efeito das derrotas, das perdas ou prejuizos, mas bem mais
pelas escolhas e opções confusas. Por aquilo que considera ser a condição e o pre-requesito para viver bem. Quando se erra na escolha, o objetivo almejado não poderá ser alcançado.
      Não há salvação fora desse momento, por mais força que faça, e por mais velas
que acenda para todos os deuses e demonios de todos os paraisos e infernos.
    Consegue estar nesse momento ? Nada faltará para quem não estiver buscando
no futuro ou no passado a salvaguarda para o seu bem estar, para a sua alegria,
paz, saude e prosperidade. Enquanto permanecermos na busca interminavel por coisas
para nos distrair da grande ilusão que nos sequetrou, não há como dar o grande salto
para uma nova ordem, para um novo movimento. Como buscar a liberdade se não se considera aprisionado ?  Sente a angustia existencial, mas a considera uma consequencia pelas coisas ainda não conquistadas, e que supõe ser o objetivo da vida.
  Desse modo, a vida não passa de um fazer acontecer interminavel. Levantar a hipoteca, conquistar um emprego melhor, aumentar a renda, mais conforto, mais coisas
são os equivalentes pelo qual valha a pena hipotecar a vida e dar um sentido digno
ao esforço de todo dia. Pobre vida que necessita dessa labuta toda para ser considerada vida ! Se as minhocas olhassem para o movimento que o humano necessita realizar para se colocar dentro da existencia, com certeza teriam a percepção que são  mais abençoadas e favorecidas que os humanos. Mais felizes e glorificadas. As minhocas !   
       

     
                                  

terça-feira, 1 de maio de 2012

SALTO MORTAL DENTRO DA MENTE

                              A pessoa normal olha para fora e tenta construir uma identidade pessoal atraves de conquistas e realizações, tornando-se, desse modo, refem das suas proprias metas e objetivos,  alimentado por preocupações e temores de toda ordem. "Será que vou conseguir ?" , não é esse o mantra entoado sem tregua,continuamente, implacavelmente  na cabeça de quase todos ?
         Paradoxalmente, é a preocupação que mantem vivo o homem comum. É da preocupação que extrai sua energia para se lançar no mundo e tentar dar conta das suas coisas e se manter de pé ( de pé ? ). Claro que não existe aí uma intenção em forma de  escolha.  Apenas obrigação ou necessidade. Ou ambas. A tropa tangida não vai por vontade propria, mas é guiada, ou melhor, tocada sob a voz e a chibata do tropeiro.
    O universo dessa pessoa é o universo das suas preocupações. Os afazeres diarios que entorpecem,  a rotina que massifica, as contas sem conta, necessidades de toda ordem e em todos os ambitos da sua vida. Vida ? Ouvi direito ?
      A pessoa entra no fluxo, na corredeira igual barquinho lançado às aguas revoltas. Voce sabe onde isso dará.  Basta ouvir os noticiarios televisivos de toda noite, olhar para os muros cada vez mais altos, as trancas e os ferrolhos cada vez mais sofisticados, segurança vindo  do espaço em forma de onda eletromagnetica como se fosse um gigantesco olho magico que tudo vê, mas, em eficiencia, muito pouco pode. Apesar de toda a parafernalha chamada segurança, estamos, curiosamente, cada vez mais inseguros, como individuo e coletivamente.
  O demonio interno exorcizado, pula para fora e se manifesta em forma desse terror que estamos todos assistindo, não querendo acreditar.
    A pessoa normal não tem a percepção que está ligado a tudo, que faz parte e não está sozinho. É por isso que se agarra a tudo que pode como tabua de salvação. E nessa corrida frenetica se desconecta do movimento natural das coisas, tendo a sensação que está por conta propria. Insegurança, medo, frustração, stress.
   Alienação total. Desconexão com a vida, desorientação, desinteresse, um" tanto faz"
por tudo o que faz e pensa.
      A perda do paraiso é essa desconexão com a força que mantem tudo em movimento, que faz a semente brotar e a vida se manifestar.
No nivel da consciencia normal a pessoa não é capaz de reconhecer essa verdade, pois seu entendimento foi sequestrado, tendo perdido a capacidade de ir alem das suas preocupações e frustrações de todo dia.
      A força que sustenta e organiza tudo, é tambem responsavel pela criação das formas, das coisas. Não podemos ter um entendimento racional ou compreendê-la, conhecer sua estrutura ou sua forma de atuação, mas podemos fazer uso dela. Ela existe apesar de nós, mas nós não existimos sem sua ação. Ela é responsavel por tudo que existe. Campos de energia que estruturam a forma e a vida, e que permitem tudo existir. Podemos fazer uso dessa força, mas o humano não adquiriu  ainda o equilibrio mental  e o conhecimento para lidar adequadamente com esse poder. O que dá livre acesso  a essa estrutura é a consciencia.  A outra via atraves da qual  tentamos fazer uso dela, é a vontade e o esforço. Quem não sabe, faz força.
Atraves da consciencia submetemo-nos à sua ação natural, permitindo que seu movimento se faça atraves de nós. Sem essa percepção e entendimento, forçamos sua ação, submetendo-a à nossa vontade, impondo-lhe um movimento que não é da sua natureza. Forçar subentende o desconhecimento da lei
Existe uma ordem  que determina sua ação. O que faz a reta ser reta é deliberado por essa força misteriosa. Existe um determinismo que dá forma à forma, que faz tudo ser da forma  que é. É a força regente da realidade e da vida.
Não somos nós que fazemos, somos apenas o veiculo atraves do qual aquilo possa se manifestar, se transformar em ação, em realidade. A vida que flui atraves de nós.
Há algo alem da gente que estrutura o aparentemente nada em realidade. Algo alem da consciencia e da vontade. Consciencia e vontade como ponte, mediuns para aquilo poder fluir.
   A força da vontade subentende ausencia de ordem, e, desse modo nossa intervenção se faz necessaria para que possamos fazer acontecer. A força deixa claro a ausencia total de entendimento das leis que regem a vida. A bergamoteira não força, nem por isso deixa de cumprir sua função, sendo exuberante e gerando abundancia.
   Pela consciencia ampliada nos colocamos em paralelo, no mesmo fluxo, no  mesmo movimento por onde a vida segue. Sem a interferencia da mente com suas metas, objetivos, desejos e buscas. Dominio maior não significa interferencia, mas deixar acontecer. O conhecimento que transcende o intelecto e a logica da mente. Conhecimento que se transforma em confiança, em sabedoria. Saber que é assim, que não há necessidade de intervenção atraves do esforço da vontade.
A consciencia da pessoa comum impõe um movimento à essa força baseado na sua logica. Deixa de ser um canal de expressão para se tornar um agente de execução. Por não compreender, lança mão da força. Por isso o sentimento de desvalia, desalento e fadiga que descanso nenhum é capaz de recompor.
A realização sem esforço é alinhamento à forca estruturante da realidade, onde não há fluxo de pensamento ou dialogo interior. E, desse modo, fazemos parte, reintegrados ao grande plano do movimento da vida. Parceiros, canais de manifestação. Verdadeiros co-criadores na grande obra do Grande Patrão.
    Sem dar um salto mortal dentro da mente, não conseguirá sair do movimento dentro do qual está aprisionado. Não conseguirá se livrar do seu mundo de preocupações, dos seus medos, fracassos e sofrimentos. Transcender a racionalidade do pensamento comum, linear, repetitivo, pungente que vê no esforço e na vontade os instrumentos de realização. Ir alem dos limites das nossas crenças e verdades. Ir alem do concebivel, onde nos sentiremos novamente conectados, integrados, plenamente realizados.
Realizados, não tanto pela execução e o resultado, mas por nos sentirmos  fazendo parte e maravilhosamente protegidos, acolhidos. Fazer parte, não se sentir excluido ou deixado por sua conta. Não há sentimento mais reconfortador e feliz. Não se sentir só mas extraordinariamente bem acompanhado. Mas para estar bem acompanhado, tem de estar junto. Porque então se isolar  atraves de convicções mentais que geram sofrimento e dor ?
     Salto mortal dentro da mente para pular fora da prisão, para fora da mente.
          Voce ainda se lembra como se faz para dar um salto mortal ?