sábado, 25 de janeiro de 2014

AS ARVORES NÃO FLORESCEM NA ESTAÇÃO FRIA


Estamos, frequentemente, mais envolvidos com o futuro,
 - tentando organizá-lo, fazê-lo sem riscos e seguro - que viver
com dignidade o momento presente.

Parece dificil reconhecer que o depois possa nos dar algo
que o presente não seja capaz de dar.
Perde-se o momento em função de um tempo futuro que existe,
apenas, em forma de pensamento, mas tendo o poder
de anular o possivel de ser vivido agora.

Nos refugiamos na miragem de um futuro glorioso, sem, contudo,
nos darmos conta, que esse tempo 
é sempre consequencia desse momento.

Psicologicamente, o depois jamais poderá ser diferente
daquilo que é agora. 
É por não nos sentirmos bem agora, que investimos no futuro,
em forma de conquistas, para então alcançarmos a paz, 
a segurança, o conforto, tão almejados.

Mas, que iremos fazer quando, enfim, todas as expectativas de
realização tiverem se cumprido, todos os sonhos, realizados ?
A paz que imaginavamos ter então, terá sido alcançada ?  
Ou, não continuaremos nos contando a mesma
historia, em busca de mais objetivos, novas
realizações para então, finalmente, ser feliz ?

Se estiver atento às historias que conta na sua cabeça
sobre como ser feliz, verá que não há felicidade nelas. Elas 
nos falam de conquistas, realizações, sucesso, mas não
de felicidade, de realização interna.
Confunde-se a realização interior com superações mundanas.

Observe as coisas simples que estiver fazendo a cada momento,
a cada dia, todos os dias, e verá que não há necessidade de
ser embalado pelo cando da sereia de um futuro promissor,
para ter paz e sentir-se bem.

Não há necessidade de fazer nada diferente do que estiver 
sendo feito, agora, para estar bem depois. 
Cada momento traz sua recompensa, pois é completo
em si mesmo. Nada falta agora para estar bem, desde que não
dê ouvidos às tantas historias que a cabeça conta
do que deve ser feito para ser feliz.

Se dermos credito a elas, perde-se a chance de estar bem
agora, com as coisas que o momento traz.
A paz desse momento, será a paz futura. Sempre. Facil assim !

A mente impõe exigencias despropositadas, incongruentes como
roteiro para viver bem. E nos apegamos a elas, ingenuamente,
como se fossem verdadeiras, sem questionar sua validade.
Se forem avaliadas, se terá a percepção que tudo não passa
de um terrivel mal-entendido.

Se fizer com amor a que estiver sendo chamado, nesse
momento, verá que nada mais é necessario ser feito, agora, para que possa estar bem depois. 
Se estiver bem agora, não haverá necessidade de buscar
isso no futuro.

Se houver paz nesse momento, as decisões a serem tomadas,
serão feitas no momento adequado, e sempre faceis de
serem feitas. No entanto, a historia que a cabeça conta sobre
elas, nunca é facil.

É por isso que a mente se antecipa, querendo resolver, agora,
o que não compete a esse momento.
E se não houver antecipação, não haverá medo. O medo surge
por não conseguirmos dar conta, agora, o que pertence ao
depois. E com isso perdemos a alegria e a satisfação do que estiver sendo feito nesse instante.

Agora há outros objetivos, outras necessidades. E, ao ocupar-me com as coisas que a cabeça me diz que deveria fazer para estar bem, perderei ambos. O de agora, não será bem feito, e o depois
estará envolvido no mesmo caos.

A cada momento a sua remada.
Quem se atem muito ao que estiver adiante, geralmente dará 
um passo em falso.

A vida não se engana. As arvores não florescem na estação fria,
nem por isso ficarão entendiadas com seu aspecto desagradavel.
Cada coisa a seu devido tempo. É por isso que há sempre
 um tempo para tudo. Nada é permanente. Tudo flui dentro do
tempo. É esse o fluxo da vida.

Estamos sempre onde deveriamos estar, pois se não fosse assim,
não estariamos onde estamos. Porque então o medo de não estar
bem ali adiante ?

Sem as tragedias contadas pela cabeça, tudo, sempre, estará bem.
Afinal, a realidade nunca mente, não se confunde, não joga dados.

O carro atolou ? Pois bem, o carro está atolado. É um fato.
Passo seguinte : há algo que possa ser feito ?
Se houver, faça.
Se não, confie.  




quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

REFLEXÕES DO COTIDIANO (2)


Tudo que faço agora,
sem a presença do depois,
estará sempre bem feito.
          23/01/14

A queda faz parte
 de quem está a caminho.
Quem não quer correr riscos,
nem por isso estará livre dos tombos.
          23/01/14

Quando "tenho que" achar a solução,
não saberei como encontrá-la
e ela não vem.
Se estou em paz com esse momento,
as decisões que tiver que tomar,
serão feitas no momento adequado
e faceis de serem tomadas.
        23/01/14

As dificuldades que o outro propõe,
são as condições para que eu possa me proporcionar 
tudo quanto seja necessario
para que possa estar bem,
para que possa haver paz.
       23/01/14

domingo, 19 de janeiro de 2014

MARIONETES HUMANAS E OS COMANDOS MENTAIS


O que percebemos atraves da visão, passa a ideia que o
mundo é tal qual como percebido.
Essa percepção, no entanto, cede à medida que o falatorio na
cabeça começa a ceder.

O que falamos, internamente, sem cessar, e, no mais das vezes, sem nos darmos conta, é isso que determina o que vemos no mundo,
confirmando, dessa forma, a falacia mental.

A ideia que se tem da vida, é consequencia dessa balela interna.
Aquilo que falamos, na cabeça, cria a ordem do mundo. E para que
essa realidade seja mantida, a ideia tem de ser sustentada.

Portanto, a realidade concreta, vivida no dia a dia, com suas 
dificuldades e embaraços, não é real, mas, simplesmente, a projeção do conteudo mental para a tela do mundo.

Ao silenciar esse monologo interno, cria-se um subterfugio para
cancelar a visão do mundo, a ideia que se faz das coisas.
As informações dadas pela mente proporcionam um relacionamento com o elemento da descrição, e é assim que o mundo de cada 
um mantem-se de pé.

E ao desligar os relatos da cabeça, é como apertar o botão
do stop do aparelho de som. Desvia-se, com isso, pois o comando para a ação é dado por aquilo que se ouve. 

A modificação do comando, altera a ação. Deixa, assim, de fazer o
de sempre, modificando, com isso, o comportamento.
O molde que cria a realidade, não é outro que o modelo mental,
onde situa-se o foco da atenção, o qual é
determinado pelo pensamento focado.

Somos como marionetes ligados aos fios invisiveis dos comandos
mentais, a forma como aprendemos a ver como
a vida deveria ser.
E ao desviar a atenção desses focos rotineiros, atraves do
silencio interior, reduz-se a importancia daquilo, até 
desfazer-se completamente. 
Isso significa desfazer o mundo no qual se viveu até então, dando
inicio a uma nova realidade, confrontada com o novo foco.

A realidade é sempre consequencia no qual a cabeça 
está focalizada. A cabeça informa, e a realidade se cria.
De tanto que nos concentramos na conversa fiada vinda de
dentro, a materialidade se amolda àquilo, e o ponto de vista
se faz real e nos transformamos naquilo.

Mudando o foco, o mundo se modifica.
Há necessidade, no entanto, de persistencia no novo foco para acumular poder pessoal suficiente e sair da influencia do
movimento anterior.

Abrimo-nos para uma nova visão do mundo atraves da
mobilização da atenção para desfazer o comando vigente. 
Não é tarefa simples, pois abrir mão do roteiro  interno, das salvaguardas de segurança que nortearam a vida
 até então, somente mediante muita coragem e determinação.

Funcionamos normalmente no centro do racional, exclusivamente,
não importando quem sejamos. Pois é pela razão que explicamos
o mundo, surgindo dai sua importancia.

Ao desviar a atenção da mente, cujo movimento se faz pelo
pensamento, é como sair do fluxo da razão, desfazendo-se assim
 a visão natural do mundo, a vida vivida até então.

A mudança é possivel, mas não sem silenciar o falatorio
infernal da cabeça a que somos submetidos continuo
e incessantemente. 

O silencio cria o que buscamos com tanto tumulto.




    

sábado, 18 de janeiro de 2014

CUIDAR AO INVÉS DE REMENDAR. A MEDICINA DO BOM SENSO.


A necessidade de um numero excessivo de nomes para as
doenças, reflete apenas a incapacidade de compreender
a verdadeira causa de se adoecer.

O nome, geralmente, é pomposo. Ao menos impressiona quem
está do outro lado, ouvindo as explanações
"cientificas" sobre o mal que o está afligindo. Mas não será o Codigo Internacional de Doenças que dará o entendimento
 do porquê adoecemos.

Sem uma mudança no estilo de vida, e uma adequação
quanto à nutrição, estaremos distantes de
solucionar qualquer disturbio fisico, quanto emocional.

O bom senso não permite-me aderir, sem criticas, a sistemas
complexos de teorias intrincadas, muitas vezes inuteis, mas
sempre "cientificas", mesmo que, logo adiante, 
descartadas por não serem mais tão cientificas.

A verdadeira causa do adoecer, não pode ser buscada em
falhas bioquimicas, ou alterações no padrão de funcionamento,
por, simplesmente, constituirem-se no efeito final de uma longa cadeia de eventos anteriores.

Mesmo que haja logica na formulação postulada, ou nas definições
absolutas e grandiosos insights, as dificuldades,
quanto à solução, persistem. Persistem, porque a verdadeira
causa, que é sempre anterior à celula, não foi contemplada.

Adoecemos bem antes da celula acender sua luzinha vermelha.

As pessoas são capazes de mudanças, quando liberadas de
concepções  equivocadas, e ao serem instruidas a viver de um modo
que as deixe menos propensas à doença.
E essa competencia a quem pertence ?

Certamente, não será pela intervenção quimica que tal mudança 
possa se concretizar. A mudança tem de efetuar-se num outro nivel.
A pessoa terá de se reinventar, assumir-se, cuidar-se ela propria, ao inves de terceirizar sua saude em contextos externos, confiando em
milagres, não possiveis de se concretizar.

O verdadeiro objetivo do medico seria o de se fazer o mais
possivel desnecessario, isto é, informar quanto aos
cuidados essenciais, ao inves de tratar os efeitos 
desse mau cuidado, por desinformação.

A quimica induz apenas a um ciclo interminavel de medicar
cada vez mais, não dando condições ao organismo de se
reequilibrar, ele proprio, constituindo-se nisso o verdadeiro
significado do que seja curar.

É dessa forma que a doença cronifica, distanciando cada
vez mais a capacidade de recuperação efetiva. 

Medicina do bom senso ao inves da medicina das drogas.
É um ideal de simplicidade no qual todo tipo de rebuscamento
"cientifico" é retirado para revelar a capacidade essencial
de cada individuo manter-se saudavel por si proprio.

A Natureza é simples. Dessa forma, toda solução complexa, 
na elaboração de um transtorno, não deixa de ser falaciosa,
ou, ao menos, ambigua.

Não deveria ser esse o principio a nortear as diretrizes
de uma medicina autentica, inconteste, minimamente humanizada, visando a saude e o bem estar, ao inves de focada na doença, na supressão pura e simples de sintomas, com arsenal terapeutico de alta tecnologia "cientifica", inabilitada, porem, de produzir aquilo que cada paciente busca, com olhar sofrido, desnorteado, e confuso - a cura real daquilo que o aflige, sem 
continuar dependente, indefinidamente, de mais medicamentos ? 

CUIDAR, ESCLARECER, INSTRUIR, no sentido de prevenir ao inves de apenas amenizar, remediar, remendar.

Utopia ?

Que importa ?
 Sonhar não tem limites, faz bem à alma, e o corpo descontrai.





segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

A CILADA DO PONTO DE VISTA


Opinião, ou ponto de vista é apenas isso,
uma forma equivocada de olhar para o mundo.

Confundir opinião com realidade gera conflitos,
e esteja, talvez aí, a principal causa de confusão
 e sofrimento na vida de tantas pessoas.

Ponto de vista é apenas a visão deformada de um determinado
aspecto da realidade. Pois a visão depende da posição que se 
adota para a tomada da apreciação.

Não poderá ter a visão completa, sem situar-se em pontos
diferentes. E, ao se mover, não irá mais apegar-se à visão anterior.
O parecer se altera na mesma proporção com que as posições
se alternam.

O ponto de vista isola um ponto dos infinitos pontos que
constituem a realidade.
 É pela visão confusa, unilateral que
nos apegamos a um unico ponto, como se fosse esse a 
determinar a verdade do fato.

Para ter razão, o bom senso é a ultima qualidade a ser
requisitada. Matamos e morremos em nome de ter razão.
Seja isso no convivio das pessoas, ou então a nivel de grupo,
 de clãs, ou mesmo entre nações. 

Luta-se por uma opinião, porque um ponto de vista, quando 
superar o de outros, gera poder, mas, certamente, não
será o baluarte do convivio pacifico e da harmonia entre os povos.

A verdade está sempre alem de um ponto de vista.
E quem tenta encontrá-la pela razão,
 não faz ideia do que está procurando,
 pois sua busca transcende a intelectualidade.

Por isso, quem tem razão,
nunca está com a verdade.
A verdade não pode ser postulada pela razão.

A paz é sempre humilde, pois transforma um ponto
de vista unilateral numa visão global, onde posições opostas
são integradas, fazendo parte de uma visão maior.

Aquilo que acho, é geralmente aí que me perco.
Um ponto de vista deforma a visão da realidade,
pois fixa-se em apenas um aspecto daquilo que é.

A ideia restringe o todo a uma avaliação imparcial,
deformando a realidade,
 definindo-a apenas a um parecer pessoal.

Mas, frente ao apego, o ponto de vista transforma-se numa
questão de honra, por gerar uma identificação pessoal.
Que será de mim se não tiver razão ?
Confundimos, assim, ponto de vista com aquilo que é real.

Para viver bem e ter paz, torna-se essencial abdicar de querer
ter razão. E, quando isso não for mais importante,
somente então compreenderemos a importancia da paz.

Um bom parametro de avaliação do grau de evolução,
é essa postura interna, onde ter razão já não constitui-se em
fator primordial para ser feliz.

Há certas conquistas que somente o tempo
poderá trazer. 





sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

ISSO É DA MINHA CONTA


Se olharmos para o nosso drama,
sem a historia que contamos, repetidas vezes, sobre ele,
ancoramos na realidade
e teremos a percepção clara dos fatos.

Quando nos damos conta
tudo quanto não é da nossa conta,
deixaremos o outro em paz,
e teremos, por fim, condições de fazer
o que é da nossa conta, 
sem mais importar-nos o que é da conta do outro.

Quando a mente não mais interferir nas coisas
que não são da nossa conta,
um espaço inexplorado abre-se dentro da gente,
liberando uma quantidade de energia surpreendente.
Energia para resolver impasses e problemas,
que esperavamos, até então, serem resolvidos pelo outro.

Enquanto estivermos focado no outro,
à espera de soluções magicas,
de que maneira conseguiremos dar conta
o que é da nossa inteira e total responsabilidade ?

E mais, de que forma aprenderei a superar meus reveses,
solucionar contratempos, enrascadas,
as ciladas que eu mesmo armei,
esperando ser salvo pelo outro,
"esse" outro, o eterno culpado,
o bode expiatorio de todas minhas mazelas existenciais ?

Mas o outro não vem ao meu encontro,
e não traz as chaves que me libertam do cativeiro.

Sempre doi quando se espera,
e nossos anseios não serem correspondidos.
Não conseguimos compreender, no entanto,
que é exatamente assim que tem de ser,
pois é assim que a pessoa está sendo, 
a realidade é essa,
e é da minha conta
dar-me conta disso.

Preciso, eu mesmo, responder ao que é meu,
solucionar, eu mesmo, meus conflitos e impasses,
pois é isso que me compete, 
é da minha conta,
e de mais ninguem.

Porque então tanto alvoroço,
tanta desaprovação com relação ao outro,
por não estar fazendo isso 
e aquilo mais,
mas que DEVERIA fazer ?

A bem da verdade, somos gente mimada,
indolente, um tanto alienada,
com enorme dificuldade em assumir
tudo quanto é da nossa conta.




  

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

TEMPO DE PERDOAR


O tempo das festividades,
não seria esse um tempo para estar mais proximo,
de aproximar,
superar diferenças,
esquecer o que distancia,
separa e isola ?

Um tempo de deixar para lá indiferenças,
contrariedades,
impasses,
laços estremecidos,
o temor da entrega,
e a dificuldade de perdoar ?

Não seria esse um tempo de erguer as taças,
brindar, bater palmas, emocionar-se,
um tempo de abraçar, chorar,
um tempo de agradecer ?

É por isso que há um tempo para tudo.
Tempo de separar,
para voltar a unir.
Tempo de odiar,
para  aprender a perdoar.

É sempre mais longa a estação
daquilo que distancia,
deixando-nos solitarios,
na defensiva, temerosos,
desconectados da vida.

Talvez seja para isso
a serventia  das luzes, os fogos,
a cantoria, a bebedeira.

Afinal, descontrair-se, tem sua dificuldade.

Seja, talvez, para esquecer,
ou para lembrar,
 que aquilo que distancia,
é sempre mais fragil,
que a força que aproxima,
produzindo o perdão.

O tempo de esquecer,
é sempre um tempo de perdoar.