segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

UM HOMEM DE MUITA SORTE


Era um homem de pouca palavra,
nem por isso, no entanto, deixava de ser
um homem agradavel.

Não comentava jamais seus reveses,
nem queixava-se das coisas que não haviam dado certo.
Há muito parou com os dramas, as desgraças,
sua "historia" que todo mundo deveria saber.

Adquiriu o habito de nunca fazer comentarios negativos,
desde o tempo em que fora aconselhado
a não dar enfase aos contratempos da vida.

Não ater-se, nem propagar ao mundo a má sorte,
pois lhe fôra segredado que atraimos sempre mais
aquilo a que é dado mais destaque.

E era por isso que comentava apenas eventos positivos,
acontecimentos agradaveis, observações de conteudo otimista,
tendo-se assim transformado numa pessoa afavel, 
uma compania prazeirosa, e um homem de muita sorte.

Compartilhava suas alegrias, suas pequenas vitorias,
superações, conquistas e triunfos,
não no intuito da  vangloria,
mas pela satisfação de propagar alegria e bem estar.

Há muito compreendeu que quem muito se lamenta,
terá cada vez mais do que lamentar.
E que os momentos de alegria,
trarão mais momentos para sentir-se ainda mais alegre.

  ... a boa sorte seja talvez apenas outro nome
que se dá para o otimismo, o entusiasmo, 
e a disposição de estar de bem com a vida.

A SINA DO PEQUENO "CHICO"


A filha descasou, foi morar longe,
e devido às contingencias,
"chico", seu cãozinho de estimação,
ficou para a guarda dos pais.

O bichinho sentiu o impacto,
sentiu a falta da sua dona, do seu espaço,
da sua rotina, da sua vida.

Sentiu saudade, entristeceu,
tornou-se inapetente, entediado,
inclusive um fungo instalou-se em sua pele,
rareando o pêlo em partes do seu dorso.

Mas, por fim, superou a tristeza,
 - como sempre e em tudo na vida -
a dor da separação, a saudade,
e até mesmo a micose dissipou-se

Adaptou-se ao novo lar, aos novos costumes,
cuidadores e rotina,
até sua faceirice voltou,
animando novamente as pessoas,
driblando os contratempos,
vivendo a vida como a vida quiser.

Mas, como a vida é uma gangorra,
e as polaridades sem cessar se alternam,
sendo, portanto, nada definitivo,
o casal, como a filha, tambem se separa. 

A enorme casa onde viviam,
como geralmente acontece, foi posta a venda,
cada qual seguindo seu rumo,
vivendo a vida como a vida quiser.

Passei por aí, naquela manhã,
em que ambos faziam sua mudança.

Avistei então o pequenino "chico",
que acompanhava de lado toda movimentação.

Entristecido e solitario,
mantinha-se imovel no seu cantinho,
pressentindo, talvez, dias delicados,
tempos dificeis guardados ainda na memoria.

Aproximei-me,
sentei a seu lado,
em silencio,
e fiquei tambem acompanhando
toda movimentação.

Acariciei o pequenino "chico",
e senti que seu corpinho todo tremia.

... mas, não era por frio, certamente, o seu tremor ...