quinta-feira, 10 de novembro de 2011

APENAS PRESTE ATENÇÃO

Pare de pensar por um momento e preste atenção. Apenas preste atenção ao que está ouvindo a o que está vendo.
Perceba que focalizar a atenção na arvore, no passarinho, na flor, não significa pensar neles, mas apenas percebê-los, dar-se conta deles, sem fazer deles uma ideia, um conceito, ou um comentario na cabeça.

Esse silencio interior irá transmitir algo da sua essencia, da sua alma, da sua verdadeira natureza. E perceberá então uma profusão de emoções, um movimento interno que até então não se dava conta.
Irá descobrir um mundo à parte, escondido pelo movimento confuso e barulhento
dos pensamentos. Os elementos da natureza ainda estão conectados ao que são. Ainda são o que são, pois não estão divididos internamente através da projeções de imagens de algo diferente que gostariam de ser.

Ao observar as coisas da natureza, nesse silencio interior, apenas olhando, apenas escutando, sem ideias ou comentarios, a pessoa irá tambem se conectar consigo mesma, na mesma fonte na qual estão conectadas todas as coisas.

Enquanto pensa, não conseguirá ver ou ouvir para além da forma, pois irá captar apenas o elemento externo e não conseguirá perceber ou sentir o movimento interno da energia que a forma carrega. Se dará conta dessa unidade basica, dessa totalidade de onde tudo emerge. Sem pensamento
irá tambem mergulhar nessa completude com a consciencia de que tambem faz parte desse espetaculo magico e perfeito.

O passarinho, a flor e qualquer ervinha são perfeitos e completos por si mesmos. Não desejam ser outra coisa do que são. A palmeira está feliz e em paz por ser ela mesma e aquilo que é. Não precisa de terapia por se sentir frustrada por não ser um pinheiro. Não deseja, não busca nada.

O ser humano não sabe o que é porque não aceita ser o que é. Vive de imagens de si mesmo buscando aí a sua identificação. Acha que é ou que pode vir a ser essas construções mentais. Cria uma imagem semelhante à confusão do sei inconformismo consigo mesmo.
E ao se desconectar de si mesmo, se desconecta dessa unidade basica, dessa totalidade que tudo contem e de onde tudo provem. Vive assim uma existencia separada, tentando se recriar apartir de um conceito mental totalmente desvinculado daquilo que é.

O truque da mente é nos informar que somos as nossas coisas, e que somos tanto mais quanto mais conseguirmos acumular. E é exatamente dentro dessa concepção puramente mental que nos perdemos e nos equivocamos
com relação ao que somos. Eu não sou pelo que sou, mas pelo que tenho.

Os elementos da natureza não são possuidos por essa magia, por esse engano. E é por isso que não tem necessidade de nada além daquilo que são. Estão em conexão com o que lhes deu origem e por isso não sentem falta de nada, não precisam ser nada diferente para serem algo melhor. Vivem nessa plenitude e a expressam atraves da sua forma, da sua beleza, do seu silencio.
E ao observar essas coisas, silenciosamente, apenas
olhando, escutando, irá perceber então para além da forma e desse modo contactar esse fluxo de vida que dá vida à tudo e o sagrado que cada coisa
expressa. Essa dimensão só pode ser descoberta atraves desse silencio que é a ausencia de atividade mental.
E ao perceber a flor para além da sua forma, da sua cor, do seu contexto, irá perceber o misterio sagrado que ela expressa. E nessa percepção silenciosa, calma, irá tambem se conectar à mesma fonte. E ao olhar para a flor magicamente perceberá que ela está aí como um espelho, dentro do qual poderá se encontrar. E surpreso talvez até pergunte quem é esse aí que está olhando para si dentro desse espelho.

A quietude que está além da mente e do mundo dos conceitos
contem uma dimensão maior de consciencia, de lucidez, de compreensão. Iremos então nos dar conta que fomos sequestrados pela mente, e nos perdemos num labirinto complexo de confusão e sofrimento ao tentar nos reconstruir pelo fazer, pelo acumular atraves de imagens mentais. Foi nesse caminho que perdemos contato com o que somos e com a natureza que nos anima.
Surge dai o medo, a violencia, o desejo de ser cada vez mais, a dominação.

A percepção silenciosa das coisas ,faz a pessoa ter uma percepção de si num nivel nunca antes atingido. A beleza, a incrivel quietude e dignidade que existe em tudo, ecoa dentro da gente em ressonacia
porque tambem está aí, tambem faz parte disso que somos. E isso se torna presente na ausencia desse feixe de imagens mentais dentro do qual tentamos nos recriar. Não iremos encontar a paz tão desejada no barulho da nossa cabeça.

E quando finalmente consegue parar de pensar e apenas ficar atento ao que vê, ao que ouve, terá a percepção de uma intensidade no ar,
intensidade que é a expressão da plenitude desse momento e do sagrado que
envolve cada elemento, cada aspecto ,fluindo atraves de tudo.

Deus definitivamente não está lá onde O colocamos atraves
da mente. Se não for capaz de percebê-Lo na pequenina flor crescendo por entre os seixos na beira do caminho, não conseguirá encontrá-Lo definitivamente, e muito menos dentro de si mesmo.

E desse modo, aos poucos, finalmente saberá quem é.
E quanta suspresa nessa descoberta, quanta alegria. A alegria da liberdade, a libertação definitiva sobre a mente, as ideias, os pensamentos.

O tico tico está cantando ou será Deus usando o tico tico
para se fazer ouvir ?

Um comentário:

  1. Dr. Cláudio...é bem assim que me sinto...
    Tentando ser o que não sou...
    Meus pensamentos me derrubam...e eu fico sem ouvir o tico tico...sem ouvir Deus...
    Que confusão mental,e aí não vivo, não sinto...apenas penso, penso um monte de bobagens, onde não chego a lugar nenhum...
    Penso numa mágica para parar de pensar...hehehe...Penso...
    Preciso parar de pensar e SENTIR apenas sentir...
    Ainda bem que tem os seus artigos para fazer eu acordar dos meus pensamentos...Obrigada...Bjs

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