quarta-feira, 11 de julho de 2012

ABRIR JANELAS PARA OUTROS MUNDOS


                Buscar explicações e entendimento sobre os mecanismos por meio dos quais criamos nossa
realidade, não deixa de ser, de qualquer maneira, uma aventura emocionante, cheia de misterios e incognitas.
Afinal de contas, estamos tentando compreender o mundo que criamos, o mundo habitado por cada um, o  espaço dentro do qual  existimos, dando forma e consistencia  às nossas coisas, dificuldades e superações, vitorias e derrotas, sofrimento por um lado e algum bem estar em outro  momento.
       
      Tentamos, de qualquer modo, responder, porque a vida que tanto almejamos,sem medirmos grandes  esforços, em todos os momentos e em tudo que fazemos, tratar-se quase de uma quimera ou busca idiota,  por estarmos, afinal, em busca de algo impossivel , na nossa loucura, todavia, considerando que seja talvez possivel. Queremos, de todos os modos, dar credito, pois o que seria da gente sem esse proposito, sem 
essa meta , sem essa esperança ?
  Colocamos, nesse proposito, tudo que nos seja possivel, no entanto, tem-se a impressão que, apesar do esforço, apesar das buscas, o objetivo tem se colocado cada vez mais distante do nosso alcance. O que não
percebemos, ou deixamos de fazer, ou fazemos em demasia, ou de um  modo inadequado para que a
coisa se torne algo quase intangivel ?


            Nossos olhos foram treinados atraves da descrição do mundo que nos foi passado. Percebemos
o mundo como uma imagem informada, já que  é a imagem que se torna realidade. A realidade se
acomoda, se ajusta à nossa visão do mundo, visão que aprendemos a ver.
Sabemos que nos transformamos nas nossas convicções. A realidade não é outra coisa que o efeito
das crenças alimentadas profundamente em nossa consciencia. Do modo como vemos, é essa a forma atraves do qual criamos o contexto da vida, o nosso contexto, a nossa realidade.


            A realidade, portanto, se adapta aos limites do que aceitamos como possibilidade. O nosso passo atesta os nossos limites, desse modo, a realidade é circunscrita pelos limites da nossa visão de mundo. Ou então, o limite não é a realidade, mas a realidade é sempre definida pelo limite da nossa percepção.
Nosso passo nunca é maior que nosso olho. Nos orientamos pela visão do mundo que ensinamos os
olhos a ver, que aprendemos a ver pela visão dos outros que, por sua vez, da mesma forma, assimilaram
de alguem. O meu caminho não é diferente do teu ou de todos. Em se tratando de mundo, vivemos todos
o mesmo conto-do-vigario que é invariavelmente passado de boca em boca, acatado por todos e reconhecido como tal.

                  Tentamos arrumar o mundo dentro do modelo que nos foi passado. Construimos, em nossa mente, uma  realidade virtual feita de imagens em forma de conceitos e ideologias, de coisas que ouvimos
ao longo da nossa vida, e abonando-as por lhes conferirmos credibilidade. As ideias, desse modo, irão constituir-se em unidades basicas atraves das quais construiremos nossa realidade.
      
          Nossa capacidade de criação fica delimitada a esse esboço mental, ao retrato da vida que
aprendemos a ver pelas historias que nos contaram, deixando marcas em nossa alma.
    Ao nos defrontarmos com algo que não se adapta aos nossos registros, os olhos desfocados, ou
melhor, olhos apenas focados em informações pré-estabelecidas, treinados para ver dentro desses
limites, não serão capazes de captar e, muito menos, acolher, admitir ou considerar tais questões.


            Dai nascem as divisões, as disputas, os partidos, as guerras. O que não se adapta ao meu ponto de
vista, não será bem vindo e, invariavelmente, contestado, e, se houver condições, destruido. Um mundo
linear de apenas uma verdade, onde o diferente desloca bruscamente o ponto de equilibrio da fragil segurança interna, reduto definitivo da nossa estabilidade. Os que tem medo tentam, de todas as formas, 
colocar peso aos que se aventuram por outros caminham. Em sua mediocridade sentem-se confortaveis e  ficam à vontade num mundo de seres rastejantes. Conviver com o que lhe é semelhante, não perturba sua calma tediosa, seu passo monotono e seu olhar vazio. Ressentem-se ao perceberem o outro num plano
que lhes é inacessivel, imobilizados que estão em sua falta de brio, de peito e autonomia.  
     
            Para onde se dirige o escravizado pela opinião alheia ?  Quem não se valer por si proprio, não 
encontrará no mundo os caminhos da sua redenção, já que tudo vem de si mesmo, em estado de solidão.   
    
            Criam-se clãs, grupelhos, ligas, associações, todos partidarios das mesmas ideias para todos
quantos não as possuem  por si proprios. O grupo é sempre o ultimo refugio para toda fraqueza humana.
A força que vem do outro é a expressão mais fidedigna da falta de força.  


       Ao ver, não vemos o que está aí, pois nos acostumamos tanto à miragens, à visões equivocadas
que não reconhecemos mais a realidade em si. Sofrimento é isso, os fatos não se ajustarem ao nosso
conceito de realidade. 
                                     Os olhos estão adaptados ao cenario de sempre, que se torna quase
impossivel libertar a visão para outros cenarios e abrir janelas para outros mundos. Quando olha para
fora as possibilidades que passam diante sua vista são tantas mas, ao mesmo tempo, impossivel de serem
detectadas em função da acomodação visual. Não é possivel perceber fora sem uma ancora interna.
Assim, o mundo percebido é aquele que se adapta às  possibilidades, ao que parece possivel. O mundo
é uma maquete construida em função das premissas das nossas crenças. A realidade segue o padrão
das linhas da estrutura pré-moldada do que ouvimos de como a vida deveria ser. O que aprendemos
a ver, é isso que veremos em nossa realidade de vida, mesmo que os olhos mostrem outra coisa, a visão
se adapta ao modelo pré-formado internamente. 
            O externo tem de se adaptar ao desenho de como aprendemos a ver o mundo, esse mundo
informado, passado de boca em boca. A imagem que faz de si encontrará fora, na construção da sua realidade. Voce se verá nas suas coisas, no sucesso ou fracasso, sofrimento ou prazer. 
   O mundo sempre se adapta à sua visão de mundo. Assim como acha que é, assim será. Sempre !


               Quando olha pela sua janela os olhos enxergarão a visão interna, pois o de fora tem de se acomodar ao modelo pré-arquitetado de como o mundo deveria ser. O olho não é independente, não
tem autonomia  para ver por si proprio, pois está condicionado por padrões anteriores que irão
determinar o limite do campo visual.
     O mundo que passa diante da tela dos seus olhos, não é outra coisa que a projeção de um mundo conhecido, criado mesmo antes de voce estar aí.
  Permitir liberdade aos olhos é a condição para descobrir um mundo novo, uma realidade nem sequer
sonhada ou então imaginada. Os olhos podem olhar para dentro do tedio ou para um infinito numero
de outras possibilidades. 
                                        Não é possivel mudar a linha de visão quando se está acomodado e aprisionado
à visões e condicionamentos de um treinamento passado.
Foi lá que ouvimos falar da vida, historias que se inscreveram em nós como linhas de um mapa. Ouvimos
atentamento, e, a partir de então, elaboramos uma imagem, uma gestalt, uma estrutura do que seria a
vida. Curiosamente ( curiosamente ? ) o mundo que mais tarde iriamos criar, não seria em nada dessemelhante à imagem visionaria de então.


          E como quebrar o encanto ?  Como romper a ordem estabelecida internamente e destruir  o
mundinho dentro do qual estamos escondidos, tentando nos presenvar de todos os perigos que nos
fizeram crer e aos quais nos resignamos ?
   A visão é determinada pela socialização, pela voz de todos que não é a voz de ninguem.
O que percebemos com os olhos nos passa a ideia que o mundo é do jeito que é percebido. Essa percepção cede à medida que o dialogo interno começa a ceder. O que falamos internamente é o que vemos no mundo, a confirmação desse falatorio.
       Desse modo, a ideia que se tem do mundo é determinada pelo que a cabeça nos diz a cada momento
sobre qualquer aspecto.
      Aquilo que fala na cabeça cria a ordem do mundo. E para manter essa realidade tem de manter a ideia
do mundo como um dialogo interno. O silencio na cabeça é um subterfugio pois cancela a visão do mundo, a ideia que faz das coisas.
                                                O silencio da cabeça.... cancela a visão do mundo.... que altera nossa
realidade.
 Afinal, não é isso que buscamos com tanto esforço e insistencia ? 
 Não vale a pena dar
uma olhadela e experimentar.... silenciar a cabeça.... cancelar a visão..... ?

























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