sexta-feira, 27 de julho de 2012

ETA VIDA PORRETA !


           

                    Já se perguntou alguma vez

         se ainda continua vivo ?

   Ou, talvez, não tenha se dado conta, pois

faz tempo que já morreu ? Sabe desde quando

se tornou  defunto ?

    Um dia desistiu, não foi ? Achou que não valesse 

mais a pena, pois não chegaria de qualquer modo.

Medo da entrega, de arriscar, medo das mudanças

e do comprometimento.

Medo de comprometer-se com os designios da alma,

com espaços de outros niveis, com algo maior.

Medo dos caminhos pouco percorridos, talvez

ainda nem mapeados e sem guias de orientação.

Alinhar-se. Submeter-se. Seguir em fila indiana.

Simplesmente se sujeitar. Bater continencia para

a uniformidade e a mesmice.

Medo da rejeição. Não foi isso ? Medo de não fazer

parte. Medo da critica, desconsiderado, deixado

à sua sorte. Medo. O medo que alinha e aliena.

O medo que torna tudo igual, que nivela e massifica.

Deshumaniza. Empobrece. Abrutalha. Estupidifica.

Alienação é isso. Perda do senso de orientação, 

vacilante, duvidas, sem rumo, sem decisão.

Hesita. Paralisa. Estagna.

Indeciso, simplesmente segue. Seguir parece mais

seguro. Quem não se determina, se encolhe, se

acanha, se avilta e simplesmente segue. O passo

deixa de ser passo e se torna compasso, cadencia

monotona que se fez fila, alinhamento.

Não é assim que se formam os rebanhos e se torna

paroquiano ? Entoando todos, em unissono,

 os mesmos canticos, todos com a mesma cara e o 

mesmo olhar sem vida. A subserviencia é indecorosa,

degrada. Depravação da alma. Degeneração do

espirito.

Socialização é isso. Domesticação. Uniformização.

Tudo igual. Mesmice que imobiliza, embota,

automatiza. Robotização não é isso ?

A arrepiante e assombrosa monotonia da vida ! 

Sonhos... ambições... ideais... anseios...

Lembra quando foi que renunciou ao chamamento

da aventura e da ousadia ?  Ao chamamento

   da realização ?  A valentia se acovardou e um 

cheirinho de podre, muito desagradavel, se fez

sentir em sua vida. Lembra ?

        Percebeu então, nesse instante, que seria mais

 facil  reconsiderar, abrir mão, ou ao menos 

postergar, deixar para um outro tempo, quem sabe, 

talvez...  Me deixe em paz, estou tão cansado !

   Quem  desiste dos sonhos, simplesmente segue

 a marcha lenta e funebre dos que já morreram. 

Desistentes da vida. Renunciantes. Cabeça baixa e 

rabinho entre as pernas ! Os retirantes.

Normas, rotinas, horarios, contas e compromissos.

Parece estar vivo por estar respirando ? Isso não é 

conclusivo, nem suficiente. Não seria apenas ilusão,

 ou força do habito ?

   Só porque acha que não morreu, não significa que

esteja vivo. 

Os mortos-vivos cheiram bem pior que os 

verdadeiramente mortos. Não sentem seu fedor, 

assim como quem exala à podridão, com seu halito

repugnante.  Ambos não reconhecem  seu estado 

putrefeito.  Ambos já não se percebem, não se

sentem.

Nos habituamos a tanta coisa, até a cheirar mal.

 Ao menos os mortos, estes já não sofrem  e nem

 se importam. O morto é sempre autentico. Não há

falsidade na sua postura, pois não necessita mais

ser importante. As mascaras cairam, e é por isso que

parece tão livido, gelido, com cara de defunto. Sem

as mascaras é assim que nos parecemos todos, os

já defuntos e os que acham que ainda estejam vivos.

     Quão poucos despertam em vida para que possam

viver ! Não sabem disso, mas não estão vivos. Talvez

nunca venham a saber.

Aprisionados no igual de todos os dias, rotinas

entediantes, sem prazer, sem criatividade... sem

tempo para viver.

Acorda todos os dias à mesma hora, come algo,

já atrasado, vai para os mesmos lugares, faz

as coisas de sempre, sempre do mesmo jeito, corre,

se estropia, nervoso, inquieto, amedrontado, 

oprimido, sem esperança, sem paciencia, sem rumo.

Eta vida porreta !

O que corre nas veias deixou de ser sangue para se

transformar em medo , raiva, resignação ,

conformismo, desalento, apatia, desesperança.

Corpo sem vida. Vida de faz de conta.

Anda por aí, não mais por vontade propria,mas

 movido por um mecanismo, igual ao bonequinho de 

dar corda.

Segue pela vida.... toc...toc....toc, enquanto durar

a corda que faz a engenhoca girar.




















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