domingo, 20 de janeiro de 2013

QUANDO O CÃOZINHO PEDE DESCULPAS. LINDO !



               O moleque é espirituoso, tanto quanto seja possivel a ingenuidade de uma criança.

Com apenas tres aninhos, caracteriza-se essa idade por tiradas
divertidas, questionamentos e constatações que encantam e
surpreendem por sua vivacidade e ligeireza de argumentos. 

  Chiquinho não se desvia do padrão. Falante, movediço,
 divertido e um jeito gracioso de colocar-se frente ao fatos
do seu pequenino mundo.

A criança está, no geral, em estado permanente de maravilhar-se
com os acontecimentos que o mundo apresenta.
Não pára de surpreender-se, pois o espetaculo da vida, para ele, renova-se sem parar. Não foi ainda aprisionado dentro do movimento da logica, que nos transforma a todos em simples joquetes da racionalidade.
 O passado e o futuro não fazem ainda parte da sua agenda de vida. 
Vive este momento com toda intensidade, por isso surpreende-se
a cada momento, encantando-se com tanta novidade e magia. 

   Apesar de pequeno, miudo para sua idade,  torna-o ainda
mais engraçado e chamativo, não perdendo, contudo, em esperteza e vivacidade o quanto lhe falta em tamanho.
Dir-se-ia que é um menininho, antes de mais nada, alegre, faceiro,
divertido, e que diverte com sua vivacidade e graça, todos quantos cruzem com ele.

   Faz-nos lembrar, talvez saudosos, o quanto perdemos do nosso
encantamento pela vida,  da incapacidade de nos maravilharmos
com pequeninas coisas, coisas que dão sentido e um genuino  proposito à vida. Afinal, na ausencia de contentamento, paz e 
serenidade, o que há mais para ser buscado ?

 Tornamo-nos preocupados, temerosos, inquietos com tantas bobagens, que a visão já limitou-se e o espirito, por fim,
tornou-se insensivel. A graça pela vida deixou de ter graça.

Chiquinho, não é apenas faceiro e cativante, tambem ornado
com a beleza tipica que toda criança ostenta.
 Questiono-me se é a beleza  consequencia da  alegria, ou se é a alegria que traz o encantamento.
De igual forma, a beleza da flor não seria ela a expressão do seu
entusiasmo ? Não há, por acaso, uma relação de familiaridade
 entre beleza e alegria ? 

A beleza emociona, e é esse atributo que transforma-se em alegria. Proporciona tal qual  sensação de saciedade da alma, pois o espirito alimenta-se dessa magia feita beleza, que se converte em arrebatamento e plenitude. 

A vida tornou-se esteril, não-criativa, porque a alegria perdeu-se
ao longo do caminho.  As pessoas estão entediadas, pois não há coração no seu passo. Não conseguem admirar a beleza das arvores porque não tem tempo para sentar-se à sua sombra. Estão apenas preocupadas em planejar, com o olhar fixado em outro tempo,
para chegar o mais rapidamente possivel. Dizem que planejam para aproveitar. Mas como ? Sem conseguir aproveitar esse momento,
como irão aproveitar qualquer outro tempo ?

Já se deu conta que o grande prazer é planejar ? Sempre
com muitos planos, para então aproveitar ? Depois. Este
momento esvaziou-se de qualquer significado, e é por isso que nos
socorremos das quimeras de um outro tempo. Planejando !

Chiquinho, que não tem nada a ver com essa barulheira infernal,
 foi mordiscado pelo cãozinho da vovó, quando este foi visitá-la. Vovó que não gostou do acontecido, colocou nosso peludo de castigo.
Negaram-lhe atenção, ficando as pessoas da casa indiferentes à sua presença  ( não é a indiferença a forma mais cruel
 de negar afeição a quem quer que seja ) ?
 O bichinho pula, late, faz-se notado, mas ninguem concede-lhe
algum agrado, retribuindo sua felicidade. 

Quando o menino volta, outro dia, para visitar vovó, percebe,
imediatamente, o tratamento a que o bichinho está sendo submetido.
Passam-lhe então a informação do castigo.
Foi aí que se deu o acontecido, motivação dessa conversa.
O guri vai para a vó e pede que o cãozinho seja tirado da punição,
pois este já lhe havia pedido desculpas.

Como assim, indaga a vó, ele se desculpou contigo ? Como foi que
se desculpou ? Falou contigo ?

Vó, ele me mordeu só um pouquinho mas nem doeu.  Estava
brincando comigo, mas já me pediu desculpas. Ele veio e
beijou minha mão.
 Vó, não é uma forma bonita de desculpar-se
quando a gente faz alguma coisa que não se deveria
 ter feito ?
A lambidinha que deu na minha mão foi o agrado que me fez
para a gente voltar a ser amigo.
Não fica mais braba com ele. Gosto tanto dele, e ele fica tão
feliz quando faço cafuné nele !

  As sutilezas são a caracteristica da beleza e de tudo que
traz  elegancia consigo. Não é mesmo ?

P.S.  Ao terminar de ler a narrativa, passou-m, de relance,
 pela mente uma imagem que chamou logo minha atenção.
     Qual seja, a relação existente entre
        uma anedota gostosa, divertida, engraçada e um moleque
     faceiro e gozador.
          Enfim, ambos surpreendem e divertem pelo seu
       arremate inusitado e desconcertante. Ambos desopilam,
descontraindo, ao menos por um breve momento, nossa fuça de
seriedade e mau-humor de gente adulta, trazendo um pouco
de alegria e vivacidade.

        É  por isso que necessitamos tanto tudo que
 nos faça rir ! Nem que seja, ao menos, somente um
   pouquinho !

E o mundo modifica-se, nem que seja um tiquinho, 
quando alguem consegue emocionar-se de forma tal que os
 pensamentos silenciam. O mundo para o qual está acostumado
a olhar, irá parar, e terá, finalmente, a certeza que existe 
bem mais para ver e sentir do que comumente faz.

 Há mais possibilidades possiveis, muito mais do que somos
 capazes imaginar. 

   


     

  

  







  

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