sábado, 20 de outubro de 2012

AMBIÇÃO E MULHERES - QUAL A SEMELHANÇA ?


             
           A ambição é possessiva. E uma vez capturado pelo seu feitiço, não encontra a pessoa outra alternativa que não seja seguir o destino por ela definido. 

      É uma energia feminina. É como uma mulher, e, como tal, adula, agrada, seduz.  Faz  com que o homem se sinta especial  e envaidecido. É essa a forma como as armadilhas são arquitetadas. 
E, se for encantar-se demasiado, o entusiasmo transformará a ambição na certeza de ser esse o unico caminho a ser seguido. Há outros caminhos, claro, mas sua astucia e presteza nos assegura que o caminho dela é o unico.  
               A cobiça é o corolario do medo. O efeito padrão, quase logico e natural perante nossa impotencia e a complexidade que o tema determina.
                              Já não nascemos aos berros, apavorados, sendo esse pavor que irá nos acompanhar ao longo de toda nossa
 existencia ?   O medo nos segue de um modo implacavel, frio, imperturbavel, presença pegajosa, como se fosse assombração. Não dá tregua nem folga, igual  inimigo oculto, sempre à espreita, de tocaia, vigilia permanente. Tornamo-nos assim indefesos, e vulneraveis às suas manobras astutas, elaboradas com total hablidade. 

                      A duvida e a incerteza quanto ao resultado de qualquer situação, criam invariavelmente o temor. Estando em permanente estado de alerta e sobressalto, tanto os pensamentos quanto as ações humanas serão motivados, em seu nivel mais sutil, por esse sentimento devastador.

       As decisões tomadas em todas as esferas da vida, seja nos negocios, ou na industria, na politica, ou religião, nos departamentos diplomaticos das nações,  nos envolvimentos economicos de investir, poupar ou consumir, tudo que se refere à guerra e paz, as determinações de acumular ou distribuir, unir ou dividir, os  movimentos quanto à disputa ou conciliação,  entre competir ou colaborar, compreender ou intransigir -  serão sempre decisões referendadas, em ultima analise, por esse inimigo tão poderoso. O medo !  

                         Desse modo, a motivação basica de tudo que realizamos na vida, se origina dessa atividade psiquica com seu poder implacavel de torturar. 

       Em verdade, aprendemos a conviver com o medo, que, por fim,
se torna subliminar, isto é, não mais percebido de forma nitida, manifesta e consciente. Será constatado de forma disfarçada, oculto nas motivações dos nossos procedimentos. Sabemos do medo pela
ambição que alucina, nos subordinando aos seus dominios, confiscando o bom senso e a sensatez. De igual modo, quando se perde o homem pelos caminhos da sedução e feitiço oferecidos
pela mulher. Diz-se que perdeu a cabeça ! Seria apenas a
cabeça ?

        Aprendemos bem cedo que a sobrevivencia é do mais forte,
que o sucesso está na habilidade de se tornar esperto, diferente e melhor que o outro. E, ver-se como menos, insinua, instintivamente, a imagem de perdedor. Tem a ver com não dar conta, ser descartado, não alcançar seus objetivos. Ficar para tras. Ser ultrapassado. E objetivos não alcançados, remete ao conceito de fracasso. E fracasso, como equivalente à danação.  

         Frente a isso, fica claro, que buscará a ação que o medo justifica. E essa ação promovida pelo temor - qual será a dinamica do empreendimento quando a motivação estiver sob seu dominio ?

         Dentro dessa baderna mental, haverá ainda espaço para o sossego ? Poderá algum dia finalmente encontrar a paz ? 

   O medo apequena, nos torna vulneraveis e indefesoso. Sendo um movimento interno, inacessivel por vias simples e rapidas, buscaremos, em tal caso, a solução atraves de uma postura externa. O movimento se fará então para fora, para os outros. Ação determinada pelo retorno, pela aprovação, pelas conquistas. Foi isso que aprendemos, todos, e é assim que  a humanidade caminha. Se coloca como a alternativa mais acessivel e habitual  para tentar  libertar-se desse tormento tão desagradavel.
                                            Mesmo assim, apesar de tantos esforços, permanece oculto em todas as voltas do caminho, rondando, sempre à espreita. Sem enfrentá-lo de frente, reconhecendo seus enredos, suas manobras, terá o medo posto fim à  busca de redenção atraves do conhecimento.

       Para tanto ,há que ser um homem forte, viver uma vida verdadeira, com propositos claros, identificando-se com eles. Tem de estar  desperto, ter uma inabalavel confiança em si proprio e uma forma de autodisciplina que visa a realização pessoal.  Não se esquivar dos esforços no sentido de enfrentar desafios. É isso que dará sentido e direção à vida. Não se deixando motivar pelo que está alem, pela recompensa dos seus esforços, pelo que o futuro possa trazer. Estará consigo mesmo, pelo que está ai, por este momento, pela curtição.    

      Sem isso, não se sentirá completo nem saciado. Haverá a necessidade indefinida de atulhar atraves de uma ação incessante e cansativa. A satisfação será momentanea e passageira, tendo que buscar cada vez mais e outra vez. Será abatido pelo proprio sucesso. Sucumbe frente ao triunfo, pois a motivação principal foi pelo medo. Alcançou seus objetivos, o medo, entretanto, permanece presente e inalterado. Andou tão longe e não chegou a lugar algum.

        A vida não é uma maratona com largada e ponto de chegada.
Os louros e aplausos do mundo verá, finalmente, que são vazios de
significado e conteudo. São como pó ao vento que logo irá se desfazer, deixando em sua trilha um sentimento de desgosto pelo
vazio existencial que provoca. 

          O medo não foi superado, apesar das metas terem sido atingidas. O equivoco foi o que motivou o empreendimento. As
conquistas que não mobilizarem um movimento interno, no sentido da alegria de viver, uma sensação de paz e extase interior, se demonstrarão, antes da proxima esquina, como simples atrativo, chamariz enganosa que vitimiza e aprisiona.
Será abatido pelo sofrimento, decepção e por sentir-se perdido e
sem direção. 

       O aplauso virá do seu prazer de fazer aquilo, estando centrado em si. Não terá necessidade do aplauso das arquibancadas, da 
admiração do mundo. Mesmo assim ele virá, o reconhecimento virá, no entanto, não irá importar-se pois estará satisfeito frente à sua postura, seu auto-reconhecimento.
                                        A ambição lança mão do esforço que busca retorno, tendo em vista metas e reconhecimento. Ser bem sucedido, contudo, nas coisas do mundo, não é a verdadeira expressão de realização pessoal, pois não virá acompanhada dessa sensação de plenitude, de paz e sossego.

           Se empenhará, sim, mas esse esforço virá da sua satisfação,
do seu contentamento, por estar se experimentando de formas tão
variadas, sendo eficiente e fazendo tudo bem feito. Busca a eficiencia, não pelo retorno, mas pela curtição. Curtir-se fazendo.
Por isso se sentirá bem. Sentir-se bem agora, por esse momento, e
não pelas coisas que virão depois. Não estará centrado no futuro,
no virtual, sempre à espera, num estado de eterna prenhez e de parto improvavel.
                           Não irá sabotar o presente com as promessas gloriosas de bem estar por tudo que haverá de vir. Depois !
Será  que virá ?

       O paraiso é sempre uma miragem, um devaneio em forma de uma ideia, de algo a ser alcançado num outro tempo. Assim, esse
momento se torna um obstaculo, algo a ser ultrapassado o mais 
rapido possivel para chegar lá. Por isso a pressa, a afobação e a impaciencia  que norteiam  o funcionamento de tudo que fazemos
a cada momento. Sempre olhando para frente, porque agora  é só
monotonia e chateação.

             Quando, finalmente, não forem mais as criticas e os elogios
que determinarem a dinamica da vida, estará a pessoa ancorada
em outra realidade, num outro universo, sem o drama do medo,
nem a salvaguarda fantasiosa da ambição. Sem escoras nem muletas, se orientará por um impulso interno, com um proposito que transcende conquistas ou reconhecimento.

              Verá então que a vida se modifica, tendo acesso ao verdadeiro significado do que seja viver.




            

           

            
                     
              

Nenhum comentário:

Postar um comentário