sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

QUANDO O SECUNDARIO SE TORNA ESSENCIAL


Nos entulhamos com tanta coisa, 
cargas desnecessarias, bagagens superfluas,
incumbencias de toda ordem,
simplesmente para nos mantermos ocupados,
 passando a sensação de sermos gente respeitavel.

Comprometemo-nos com tanto, uma vida inteira,
com tudo aquilo que nos parece importante,
inquestionavelmente,
sem, contudo, nos darmos conta,
de apenas estarmos ajustados a convenções,
empenhados com o secundario da vida.

O controle que buscamos, parece manter-nos a salvos,
mas, em algum aspecto profundo dentro de nós mesmos,
damo-nos conta de estarmos perdidos, 
 inseguros, como quem se sente desnorteado.

Resistimos ao fluxo natural de tudo,
com a visão adaptada ao conteudo da doutrinação,
incapaz de ver outras paisagens,
janelas fechadas para outras realidades.

Queremos sempre estar do lado seguro da fronteira,
um territorio familiar, um mapa conhecido,
conhecendo todas as regras do jogo,
para não sermos surpreendidos,
flagrados pelo infortunio. 

Buscamos proteger-nos
pela segurança que os valores configuram,
como se a vida fosse possivel ser controlada
atraves dos codigos que determinamos.

Existe em nós um estranho temor
que, apesar de toda a cautela e esforço,
a coisa não funcione da forma como planejamos.

É, por esta razão, que buscamos nos proteger e segurar,
acumulando, conquistando,
construindo muralhas, fortificações,
onde possamos sentir-nos em casa.

Por fim, enfeitamo-nos de importancia,
porque perdemos de vista o que realmente importa. 
Buscamos fortalecer-nos com as coisas do mundo,
por termos abdicado do nosso verdadeiro poder.

Nesta jornada perdemos algo pelo caminho.
Terá sido o superfluo ?
Ou, quem sabe, não terá sido o principal ?
  



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