domingo, 15 de dezembro de 2013

O ESPELHO NUNCA MENTE


Ao encontrar-se com alguem que nunca sequer viu,
observe com atenção, com cuidado, o falatorio na cabeça
que se inicia imediatamente mesmo antes da saudação inicial.

Nunca vimos tal pessoa, mas quanta coisa captamos com
rapidez extremada.
A critica começa seu repertorio de forma inapelavel. Descobrimos
defeitos de toda ordem, julgamos, avaliamos, comparamos, emitindo um dossie completo sobre o coitado, e o que seguir-se,
em forma de relacionamento, se fará dentro desse contexto 
mental, dentro dessa avaliação inicial.

É por isso que se diz que a primeira impressão é a que fica. Isto é,
o que se pensou a seu respeito, assim que foi vista, será esta
imagem que ficará registrada na memoria, catalogada em forma
de veredito.

Concentramo-nos nessa avaliação mental, sugerida pelo que
os pensamentos nos informam a seu respeito.
E será em função dessa mensagem inicial que se estrutura a
forma de como iremos nos relacionar com ela.

A meu juizo, como conhecer alguem, VER alguem atraves
do pensamento ? O julgamento feito atraves da mente,
sempre se executa atraves de um mecanismo de projeção.
Dessa forma, o visto lá fora, no outro, é verdadeiramente
de quem ? O que vejo no outro, trata-se do outro ?

Se estiver atento, terá a percepção perfeita que está usando
 o outro para falar um pouco de si mesmo, das coisas que
ainda não se deu conta serem suas.

É essa a magia dos espelhos. Apesar de refletirem uma
 imagem virtual,
é, todavia, real o comunicado que nos apresenta.
O espelho nunca mente.

E são esses encontros casuais, de primeira vez,
que passam as mensagens mais autenticas daquilo que somos,
sem nos darmos conta que são auto-definições,
dados auto-biograficos.

Vale a pena estar atento da proxima vez em que encontrarmos
alguem, e ouvir com carinho o que desabonamos com
descarinho no outro. 


Um comentário:

  1. A conversa interior, o matraquear que não sossega um minuto, milhares de “eus” que nos assumem a cada momento, emitindo julgamentos, suposições, vereditos, desculpas furadas, argumentando, falando, falando, como se fosse nós mesmos. Isso é o que somos. Ou, melhor, não somos nada, senão isso. Uma sucursal do inferno em nossas cabeças.
    .

    ResponderExcluir