sexta-feira, 8 de junho de 2012

SE HOUVER MEDO, NÃO HAVERÁ AMOR


            Quem construir sua realidade emocional baseado em dependencia,  na necessidade do outro para
dar conta das suas carencias internas, a nivel animico - nesse caso, falar em liberdade, não fará sentido algum, não haverá significado nesse contexto, coerencia comportamental ou qualquer proposito evolutivo para um outro nivel de consciencia e percepção.

              Entretanto,  tornar o outro prescindivel na circunstancia psiquica e no aspecto dos sentimentos, soa como indiferença, descaso, depreciação ou falta de amor.  A controversia se cria ao confundir  apego
com amor. O dicionario define apego como colar, aderir, agarrar, grudar, juntar, ligar, prender, segurar.
Seria isso, por ventura, o que compreendemos como amor ?  Posse, controle, dominação ?

      Onde há  apego, há ciumes, ansiedade, medo, odio, sofrimento. E quanto maior o apego, maior a dor,
a inquietação, a paúra. Mas se falar para seu companheiro (o) que não está mais apegado, o que irá
acontecer ? E esse não se sentir mais apegado, por acaso, nega o amor, o relacionamento?

    Já  questionou, alguma vez, o motivo pelo qual sente a necessidade de se apegar ? Seja o apego
da forma que for  -  ao seu nome, à sua esposa, ao seu marido, à sua casa, ao seu jardim, ao seu
dinheiro, apego às suas ideias, às suas coisas, enfim a todos os apegos aos quais se apega com tanta
força ?
                    Pode haver liberdade na circunstancia de apego ? E o amor sem o protocolo da liberdade,
chamaria isso de amor ?  Se for amor, porque então o medo, a premencia de toda sorte de artificios para
conter, controlar e monitorar ? Pode o amor sentir medo ? Onde houver medo, com certeza absoluta,
não pode haver amor. São elementos opostos do espectro da psique humana.

       Desse modo, porque o medo pelas coisas que tanto ama ? Percebe que isso não é amor ? Quando há o medo da perda, é esse o indicio inequivoco de que está apegado.

                Preencher as necessidades do outro, ou então ter as suas, satisfeitas, é o reflexo do
movimento sutil, inconsciente da projeção. Carregar um pano para limpar a casa do
outro, é a representação metaforica das suas coisas não elaboradas. Já se deu conta que é
sempre bem mais simples e tranquilo resolver os problemas alheios que os individuais ? Quando aconselha os outros, tem sempre uma solução brilhante para qualquer assunto ou dificuldade. Esse mesmo conselho, dado para todos, consegue tambem levá-lo para sua vida ?

                       A necessidade de ajudar, é apenas outra forma sutil de apego. Nos apegamos à imagem de
socorristas na tentativa de aliviar, ao menos, temporariamente, a exigencia interna da gente de tantos aspectos ainda não apurados. Ajudamos para nos sentirmos bem, e não pelo simples fato de fazermos aquilo com naturalidade, sem outros objetivos ou intenções. A ajuda é barganhada como numa permuta, uma negociata, um regateio.  Usamos o outro, ardilosamente, em proveito proprio, porque, a bem da verdade, o que buscamos, com  nosso auxilio, é nossa satisfação. Projetamos nossa dor na dor do outro. A dor que sentimos fora, no mundo que nos rodeia, é reflexo do mundo interno, da nossa realidade, das lacunas
ainda não preenchidas.
                                          Se já tivesse equacionado minhas questões de abandono, de menosvalia e
desajuda, não sentiria isso na outra pessoa, porque sua dor não encontraria ressonancia para ecoar
dentro de mim. Se não houver um elemento de recepção interno, as coisas de fora não terão como
se vincular. Assim como os dentes de duas engrenagens que se ajustam para que o sistema possa operar.
      Se não houver a engrenagem da dor interna, a dor de fora não encontrará ponto de apoio, superficie
de contato para a roda se movimentar.

                         Sem a estrutura interna de ressonancia, verá os conflitos, as dificuldades e o sofrimento
do outro, mas isso não irá te afetar. Poderá ser que faça algo ou não, mas se fizer, não será por pressão ou
qualquer exigencia emocional, um sentido de piedade ou dolorimento interno.  Fará com naturalidade,
sem afetação, espontaneamente, sem abalo emocional, humilde, com discrição e modestia. Para ajudar,
não ha necessidade que sinta dor ou desconforto interior pela adversidade do outro.

             Cria a ilusão que tem muito para dar mas necessita do outro para liberar sua potencialidade ?
Cria a imagem de pessoa boazinha, altruista, prestativa, solicita, mas sem o outro sua bondade não encontra
respaldo ?  Enquanto se levar tão a serio,  com espirito e cara de abnegação e desprendimento, não
terá condições de abandonar sua auto imagem de importancia de onde se encontra refem, aprisionado em
sua malha. Carece do outro para se sentir bem, porque é somente  capaz de se enxergar projetado na tela
do mundo. Os olhos sempre mirando para fora, porque se voltá-los para dentro, encontrará caos e
confusão. Desse modo,  foge de si para se encontrar na anarquia e no tumulto dos outros.  E é por isso
que quer consertar a baderna do mundo como expiação da sua propria incompetencia para se salvar.

        Romper essa continuidade, desfazer sua necessidade de importancia, a identificação com essa
estrutura egoica, que tenta, a qualquer custo, nos manter aprisionados na ilusão de uma imagem de seres
singulares, e que se apossa do amor a da bondade como paladino da redenção...... dos outros.
   Romper com a condição mental que confunde apego com amor. Porque continuar com toda essa
miseria, tantos equivocos, incertezas, enganos, prazer e alegria ocasionais ?

              A ruptura com o apego irá nos encaminhar para uma nova ordem, uma nova realidade. E sem a superação dessa estrutura mental,  permaneceremos no mesmo padrão, buscando, tentando aprimorar
cada vez mais a estrutura que nos mantem aprisionados na continuidade de uma rotina
massacrante, sem perspectivas nem esperança.
   
                     Sem apego compreenderemos o movimento da vida e iremos nos por no mesmo fluxo,
sem esforço, sem objetivos, sem querer mudar ninguem. O trabalho não será pelo dinheiro, mas pelo
prazer de estar aí, realizando aquilo .... . "e o resto virá de acrescimo.... ".
Não transformaremos o amor em apego. Nem usaremos os outros para compensar a desordem interna,
achando que amamos frente ao medo da perda.

               Quando se ama, existe sempre o receio e a preocupação de ficar privado da coisa amada.
    Mas seria isso realmente amor ?
               
                   Momentos de meditação sobre o assunto valerão a pena, pois se for para alem da superficie
encontrará surpresas, e talvez tambem grite  EUREKA !

Um comentário:

  1. bom texto Claudio..
    esses dias escutei na rua um trecho da bíblia narrada por cid moreira que fiquei comovido.. queria compartilhar cntg doutor.. dizia assim: e estavam todos ali diante dum homem que não podia lavar-se os seus pés sujos por limitações físicas.. e alguns disseram: - não eu não vou lavar os pés dele, sou fulano.. outro dizia: - não, eu também sou fulano de tal.. e Jesus disse poderosamente: me alcancem um balde de água.. e disseram: - não jesus, vc é o grande mestre, não vai fazer isso.. e Jesus respondeu: vc tem razão, eu sou o grande mestre.. é por isso que o vou fazer.. e todos ficaram surpreendidos vendo aquele ato tão sublime e tão bonito que muitos se emocionaram..

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