domingo, 17 de junho de 2012

O DESPERTAR E O PODER DA TESTEMUNHA INTERNA


                                  O questionamento mais frequente na vida da pessoa se relaciona como fugir do sofrimento, quais os caminhos que conduzem para a paz, a alegria, a prosperidade e o bem estar.
Os mestres da filosofia oriental, todos eles, enfatizam a necessidade de estar atento, e nos informam que há em nós um observador à parte daquilo que é observado. Alguma coisa em nós pensa mas há tambem aquele que presencia os pensamentos do pensador. E é nesse ponto que entra a grande dificuldade. No mais das vezes, simplesmente, pensamos sem a presença desse assistente que se dá conta do movimento mental.
Isso dito, desse modo, implica que há duas estruturas envolvidas no processo. Alguem em nós realiza o pensamento, e a outra parte tem consciencia desse pensamento. Dito de outra forma, testemunhar o dialogo
interior.
                      Prestar atenção significa que há um observador que está atento para aquilo que está sendo
observado. O passarinho canta. Há alguem em nós que ouve o canto, alguem que percebe, uma percepção
consciente e não, simplesmente, uma percepção sensorial, apenas o ouvido que escuta como ato fisiologico.
Quer preste atenção ou não, o ouvido acusará o som. É automatico, é coisa do corpo.
      No entanto, com a participação desse algo em nós que se dispõe a prestar atenção, o ato fisiologico em si se modifica, experimenta uma amplificação, que irá promover uma mudança,  uma alteração interior.
Antes era apenas um som captado pelo ouvido, agora existe uma estrutura que testemunha esse fato.

           A pergunta inevitavel  :  qual a importancia desse processo ?  Alguem faz um comentario leviano a seu respeito que o deixa chateado. Voce se sente ofendido e não pára de pensar no assunto.
Está se dando conta que existe um sentimento de chateação que o leva a se sentir mal. Algo dentro de si
acusou a amolação. Isso equivale ao ouvido que acusou o som, no ato fisiologico Se,nesse instante,introduzir a parte em si que é capaz de observar, de olhar para aquilo como se fosse algo externo, desatrelado da sua pessoa, verá que essa parte não está perturbada, não foi afetada pelo comentario do outro.
   
       Portanto, existe um outro aspecto da gente que está além das emoções, dos sentimentos e das chateações do dia a dia. Aspecto esse que não sofre interferencia seja lá do que for. O observador não fica
enrolado nos dramas que nos afligem continuamente. Esse estado de presença nos desidentifica com
pensamentos e sentimentos que desequilibram emocionalmente. A gente se distancia deles e os
contempla da perspectiva do observador independente, à parte do que se sente e fora do corpo. É como se
nos colocassemos a uma certa distancia da gente olhando para aquilo que está acontecendo dentro  ou fora.
Nos transformamos, desse modo, naquele que observa aquilo que está sendo observado.

     Se a pessoa não estiver atenta, presenciando os acontecimentos, os sentimentos despertados por
tudo que acontece, eles "colam" no observador impossibilitando a percepção consciente. E, como consequencia, a pessoa se desequilibra e sofre. Para se dar conta, há necessidade de um espaço, uma certa
distancia enrtre aquele que observa e a coisa observada. Desse modo, não será afetado pelo que percebe sensorialmente no mundo externo. O de fora só pode representar perigo na ausencia da testemunha que
olha para aquilo de um modo imparcial. O mau estar é sempre consequencia  da falta desse observador
atento que cria esse espaço interno entre ele e o foco de observação. Se o foco se justapor ao observador,
não haverá reconhecimento. É como olhar para algo de muito proximo. A distancia determina a boa
observação. Ao ouvir o comentario leviano, aquilo se tornará pessoal, irá se ofender na ausencia dessa
testemunha que sempre olha de modo imparcial, sem nunca ser afetada, sem nunca se comprometer
pessoalmente. Apenas observa serenamente como se aquilo não tivesse nada  a ver com ela. Observa
quando está ansioso, quando está preocupado, quando sente medo, quando está trabalhando, dirigindo,
brincando, caminhando, quando está alegre ..... Observa, apenas observa. Sem objetivo algum, sem proposito, sem querer nada, sem desejos. Nada. Apenas olhando para aquilo de uma perspectiva de
alguem que presencia, como quem assiste a um filme. Olha para tudo a cada instante apenas como
observador e não como vitima ou culpado. Não se identifica, porque a pessoa não é aquilo que sente ou
percebe. Se olhar à parte daquilo que observa, não poderá ser afetado, não poderá sofrer.

      Sofrer é identificação, é apego como consequencia do medo. Voce não é a ideia que faz de si frente
ao mundo externo. Não identificar-se com os problemas mas como a testemunha serena frente aos
fatos do cotidiano. Essa desidentificação criará a solução que necessita para cada situação da sua
vida. Não ficará paralizado internamente pelos problemas, porque em verdade  não pode ser afetado
pelos eventos externos. Voce não é o seu problema. Voce é aquele que observa aquilo, a ao se descolar
atraves da observação, produzindo esse distanciamento, não se identificando, não achando que é aquilo,
irá se surpreender com as respostas e as soluções que resultarão desse processo.

                    Voce é aquele que tem consciencia do que se passa ao seu redor, e essa percepção lhe
dará proteção para não dar credito que é seus problemas e que irá sofrer até conseguir solucioná-los.
Se encarar os problemas atraves do intelecto, pensando, irá sofrer. Sofre por causa da identificação.
Sente que aquilo que é, foi molestado e sofre por isso. Foi afetado, não se dando conta que é sua
imagem que foi afetada, mas voce não é essa imagem que faz de si.

       Se encarar os problemas como um simples observador, não haverá sofrimento, porque voce não
foi afetado, apenas sua imagem. Voce não é aquele que experimenta a frustração. Voce não é aquele
que se preocupa, assim não pode haver preocupações. Se ficar atento para aquele que se preocupa
e as tais preocupações, não haverá sofrimento.

                 Quando, enfim, a testemunha começa a fazer parte da vida da pessoa, abrem-se portas
para realidades e mundos nunca imaginados, e uma energia poderosa é liberada, destruindo o mundo
velho para dar origem a uma dimensão sem limites, sem problemas, sem sofrimento.
                 Dá para querer mais ?

    Contudo, não irá se convencer do poder magico e das maravilhas proporcionadas por esse observador,
quando, enfim, despertado, e fazendo parte da sua vida, a não ser experimentando-o dentro de si
nas vivencias do seu dia a dia. Perceber-se como testemunha e não como vitima das emoções, dos
pensamentos e das circunstancias. Já não estaremos mais aprisionados ao nosso velho sistema de crenças
derivado de condicionamentos e identificações, de uma auto-imagem despropositada e irreal.
Estaremos livres para vivermos a vida imunes às agressões do mundo. Sim, tudo continuará como sempre foi,os mesmos problemas, caceteações, dificuldades, mas sem mais  sermos afetados, perturbados internamente,sem sofrimento. Liberdade é isso, despertar esse observador em nós, essa capacidade de testemunhar tanto as coisas de fora como o movimento interno da mente, os pensamentos e as emoções.

             Então, finalmente, saberemos o que é serenidade, paz, alegria, confiança. A plenitude, a totalidade.
     
              Então, finalmente, teremos consciencia de quem somos, da nossa verdadeira natureza, e do que somos capazes. Somos criadores. A capacidade existe mas tem de ser despertada.
       
     A capacidade de criar, está na dependencia desse observador sereno e independente.
          Vale a pena experimentar e prepare-se para surpresas.

           

           

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