domingo, 18 de setembro de 2011

O AMOR PERFEITO

Na caminhada matinal, desse domingo sem sol, um pouquinho frio, encontrei, na beira do caminho, solitario mas valente, um amor perfeito.
Lá estava ele se sobresaindo no meio de um macegal denso, ervas e arbustos de toda especie, não se importando por não estar num canteiro cuidado, onde normalmente florescem os amores perfeitos.

Não parecia ansioso, tenso. Nem passava a sensação de se sentir perdido
por estar aí, sozinho sem nenhum companheiro da sua especie. Estava no meio de estranhos, mas parecia não se importunar por estar longe de casa, sem os cuidados e a atenção do seu jardineiro dedicado.
Tambem não percebi por parte das demais plantinhas algum sentimento de rejeição, alguma menção de bulling. Afinal, havia um estranho no meio do matagal, mas a paz parecia reinar, a harmonia, apesar das diferenças,e a aceitação universal, o respeito, o acolhimento, a cortesia.

Havia um espaçosinho para cada uma poder crescer, buscar a sua luz, a sua nutrição, para assim poder cantar o hino da vida, a vida sendo
em cada plantinhas dessas.

Afinal, a vida quer ser, quer viver de qualquer modo.
Voce já deve ter visto ervinhas frageis mas que teimosamente emergem de espaços improvaveis, por entre calçadas e fendas minusculas, donde parece impossivel poder brotar a vida. Mas ela está aí, valente e alegre, sem se
importar com a aparente impossibilidade ou a falta de logica das racionalizações mais ponderadas.

A vida se faz ser possivel, desde que ninguem se oponha ou então destrua o seu esforço, o seu denodo, a sua ousadia.
A vida não segue a logica da logica, a logica da coerencia, da argumentação
ou dos discursos do racional.

E eu vi o amor perfeito crescendo, cheio de viço e de beleza, num local improvavel e contrariando a logica das leis da jardinagem.
Como será que saiu do seu espaço seguro, do canteiro cuidado de um jardim
apenas com flores ? Como foi que veio se instalar aqui, na beira de um caminho, no meio do caos ( aparente ), da falta de ordem ( aparente ), entre plantinhas e arbustos tão diversos, sem cuidado e sem a dedicação do jardineiro atento ?
E apesar de todas as improbabilidades, ele se tornou possivel. Será que acreditou que seria possivel, ou porque não sentiu medo ? Ou será que foi
por não se importar com o ambiente hostil onde normalmente não crescem
amores perfeitos ? Ou será porque não pensou, pois se pensasse, haveria algum pensamento convencendo-o de que seria melhor não se instalar aí ?

Talvez tenha se colocado ali, naquele pequeno espaço inospito e
aparentemente hostil, carregando consigo uma mensagem, a representação de
uma magia. Poderá não ter a consciencia disso por ser apenas o mensageiro,
aquele que tras as grandes novas, o arauto, o portador de novos significados, de novas possibilidades. Quem sabe .

O amor perfeito que vi nessa manhã de domingo, um tanto fria,
aparentemente perdido no meio do macegal, na beira do caminho, produziu, dentro de mim um estranho questionamento. Será o amor perfeito realmente
uma flor, ou não será, quem sabe, a expressão visivel do que chamamos de
amor ? Talvez o amor tenha se travestido de amor perfeito, para que
possamos ver o que temos tanta dificuldade para sentir. Talvez vendo, possamos nos emocionar, e atraves da visão da beleza encontrar dentro de nós
o sentimento, a beleza do amor.

Fiquei pensando. Talvez não haja logica alguma nisso tudo,
todavia é necessaria a logica para que haja o amor ?

Lindo, não é ? O amor perfeito.... esse tal do amor...

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