sábado, 19 de março de 2011

DISCURSO DE CASAMENTO

Esse foi o discurso proferido por um pai no dia do casamento da sua filha.

Olá
Sintam-se todos muito bem vindos para esse encontro maravilhoso
onde celebramos, juntos com Gabriela e Rodrigo, a sua decisão de empreender
essa longa longa viagem, a viagem em busca de si mesmo, ao lado da pessoa do seu coração.

Nos reunimos para brindar, para comemorar, para festejar juntamente com eles, para celebrar. E nessa hora, o que se diz nesse momento importante, nesse momento solene, onde duas pessoas partem em busca da realização dos seus sonhos ?
Desejamos boa viagem
Desejamos sorte
Um futuro feliz, para que os sonhos não se percam na poeira dos caminhos, que as expectaticas não percam o brilho, que o encantamento não se desfaça com os tropeços, as toupadas e as quedas.

Gabriela e Rodrigo estão de partida, empreendendo a grande viagem de se descobrir no outro, que também busca o mesmo, no outro. Descobrir-se é, sem duvida, a grande aventura dessa vida, e associar-se a alguem que tenha tambem o mesmo objetivo, torna, sem duvida, a jornada mais confortavel.

Quando alguem parte, os que ficam tem sempre algo para oferecer, algo para dizer, para ofertar, ou então simplesmente um lençinho branco para agitar. Quem sabe, um amuleto, talvez um mapa, uma bussula, algo para dar sorte, afinal o caminho é longo, o passo é incerto, e quantas encruzilhadas !

Nesse momento solene na vida de Gabriela e Rodrigo, quero tambem ofertar o meu amuleto, entregar-lhes um pequeno mapa, que possa servir de guia, de norte, quando tiverem pela frente encruzilhadas incertas, ruelas sem saida, pontos cegos cujos nós nem sempre faceis de se desatar. Haverá momentos em que terão pela frente uma plaquinha sinalizadora muito sacana anunciando : rua sem saida. Olha que o caminho parecia levar a avenidas largas, iluminadas, seguras ! Serão esses momentos em que o amuleto é levado para o peito, e revisto o mapa, porque seu traçado aparentemente os enganou.

Quando era menino... faz tempo... mas lembro ainda muito bem. Havia naquele tempo um grande feito a desafiar a todos os meninos daquele pequeno lugar : a grande mata no sopé da grande montanha. A mata percorria um longo caminho, rodeando a montanha, até engoli-la completamente. A Mata. O grande desafio. A grande aventuta, e o grande medo. É sempre assim, o grande desafio sempre trás à tiracolo um grande medo. E quanta historia povoava a mente de cada menino do lugarejo. Os adultos nos falavam de seres estranhos, de gigantes devoradores de gente, mas principalmente de crianças. E estava aí o desafio, a grande aventura.
Percorrer a grande mata, defrontar-se com os fantasmas, com os grandões da
montanha e voltar são e salvo. Conseguir o feito, transformava um simples garoto em heroi, um menino comum num menino "pequeno homem grande". Era um feito extraordinario, um verdadeiro rito de passagem, uma iniciação.

E... um dia, aquele menino, depois de muito olhar para a grande mata, a grande montanha, decidiu partir. E é nesse momento que vovô entra na nossa historia. O bom velhinho de barba branca, de olhar suave, de palavra sabia chamou o menino, abraçou-o ternamente e desejou-lhe boa viagem. Afinal, os mais velhos sabem que caminhos diferentes, caminhos perigosos tem de serem trilhados para que os caminhos da vida do amanhã, possam ser percorridos sem grandes sobressaltos, sem tantos medos.
Eles também sabem que não são as circunstancias que irão determinar a vida que se irá viver, mas as escolhas. E percorrer os estranhos caminhos daquela floresta, era, sem duvida, uma escolha. Sair dos olhos para olhar de perto, e buscar no passo as visões do sonho.
Vovô abraça o menino e lhe deseja boa sorte. A boa sorte que todos quantos partem, almejam. Vovô tambem sabia que é protegido quem se orienta pelas escolhas, pelo coração, pelo seu sonho, e não pelo medo, pelo comodismo, pelas ciecunstancias, mesmo assim lhe deu um amuleto, um pequeno objeto para lhe dar sorte quando se defrontasse com os gigantes, com os grandões devoradores de criança. Afinal, gigantes sempre os há em tudo que é lugar, tanto mais quando se decide partir em busca das visões do coração. E vovô
sabia disso, pois ele tambem percorrera tantos caminhos e enfrentado tantos gigantes. E o menino tinha de ser protegido, e foi por isso que lhe entregou o pequeno objeto em forma de um grande amuleto.

Pois é ! Gostaria nesse momento tão especial, tão
sagrado, invocar vovô, sua sabedoria, seu cuidado, seu amor e entregar
tambem para Gabi e Rodrigo, em que estão de partida para percorrer os caminhos nem sempre faceis do convivio dividido e compartilhado, o meu amuleto, o meu pequeno mapa, para ser invocado naqueles momentos em que de repente a porta se fecha, tendo-se a sensação de que não há ninguem do outro lado para abrir, para vir ao nosso encontro, para estar com a gente. Para os momentos em que o medo toma conta, a insegurança, em que se sente sem rumo, desorientado, desnorteado, afinal está aí a plaquinha sacana
anunciando a rua sem saida. A pessoa bate, mas ninguem escuta, a pessoa grita e o som se perde num silencio triste e desanimador. O amuleto.. pois é, o amuleto é para esses momentos sem graça em que tudo parece perdido. Nesse momento, senta no ultimo degrau da escada, puxa o amuleto do bolso
e leia mais uma vez, atentamente, fervorosamente, como se fosse uma reza, uma prece clamando por luz, força e consolo. Meus queridos, Gabi e Rodrigo, é esse o meu amuleto, e queira Deus que lhes possa ser util nesses momentos amargos :

"Me dê uma chance !
Me dê uma chance quando voce estiver perdido, quando estiver triste, sem saber o que fazer, ser ter para onde ir, para que eu possa te dizer qualquer coisa, para que eu possa te apoiar

"Me dê uma chance tambem quando eu me sentir perdido,
quando me sentir triste, sem rumo, para que voce possa me dizer qualquer coisa, qualquer coisa para me animar

"Me dê uma chance para que possa te socorrer nos teus
momentos de queda, de desespero, de loucura, quando te sentires só e sem
saber que rumo seguir

"Me dê uma chance quando me deparar com meus fantasmas, com minhas sombras, para que não te assustes tambem, mas para que possas
me falar de luz, ou então simplesmente sentar comigo, sem nada dizer

"Me dê uma chance para que eu possa estar contigo mesmo quando sentires que não és boa compania, pois eu estarei aí, sentado ao teu lado bem quietinho, sem fazer qualquer barulho

"Por fim, me dê uma chance quando me sentir daquele jeito, sabe, de não querer conversa, vontade de estar em outro lugar, talvez em outro mundo... olha então para mim e me diga suavemente que isso tambem irá passar - ou então não diga nada, se achegue apenas um pouquinho mais, encostando-se de leve, bem de mansinho, e fica comigo. Nesse momento eu saberei que não estou só, que há sempre alguem do outro lado da porta,
pois isso me dará a certeza de que o gigante, o grandalhão da montanha não irá me devorar, não irá me destruir

"Que possamos sempre, nós dois, dar-nos sempre MAIS UMA VEZ MAIS UMA CHANCE.

Meus queridos, é esse o meu amuleto e que possam realmente ser muito... muito felizes. Eu estarei sempre com voces com
muito amor.

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