quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O PARAISO ESTÁ SEMPRE A UM PASSO


               Fora do condicionamento da consciencia comum, coletivizada, comunitaria, estará sozinho, por conta propria, sem a segurança dos que se acomodam em bandos em busca de proteção. 

         Abrigam-se em grupos para se garantirem. O sentimento de
confiança, nesse caso, não é resultado de um movimento interior de auto-determinação, de independencia. Não é uma conquista pessoal. Apenas um ato de acomodação, conformismo e adaptação ao consenso corporativo.

    Fora da fila da validação coletiva, não terá as salvaguardas e garantias dos que seguem caminhos coletivos, não individualizados e impessoais.
                       Não terá mapas nem bussulas, ou um firmamento com estrelas fixas para se orientar. Seguirá apenas pelo chamamento interior, uma voz debil, calma, silenciosa mas determinada e resoluta. Guia seguro, efetivo e perfeito, todavia, para que sua ação cumpra seu intento, terá que validar dentro de si
o seu chamamento, o seu apelo. É como um convite que será ou
não acolhido.
                       Não terá mais a seu favor as formalidades das
convenções institucionalizadas, como guias pragmaticos, verdadeiros protocolos de atuação.

      No inicio haverá duvida e hesitação, e levará tempo para saber
que o chamamento é seguro e infalivel. Somente a perseverança e tenacidade, ao não se deixar confundir pelas tentações das garantias das instituições, que terá finalmente condições de comprovar sua competencia e segurança, como caminho seguro e incontestavel.

         Para aventurar-se por caminhos tão desconhecidos e conviver
com o fantasma da solidão absoluta, é preciso ter amor. A pessoa necessita de amor. Amor pela vida, pela intriga, pelo misterio. É preciso ter determinação, o  fervor da tenacidade e coragem. 
Muita coragem ! Não estará livre, contudo, dos temores e das inquietações de estar isolado e desprotegido das benesses do sistema. Será um solitario, indefeso e, provavelmente, desconceituado. Um eterno estranho no meio dos conhecidos. 

     Romper com a tropa é tornar-se dissidente, persona non grata. Não estar mais no bando é transformar-se em excentrico, diferente, ou, talvez  (  com certeza )  de menor valor. Mas a vida é bem mais que o passo ritmado dos que seguem juntos ao som do grande tambor da uniformidade e do conformismo. É bem mais que o alinhamento, por temor ou fraqueza, a colegiados ou corporações em busca de proteção e segurança. A vida é bem mais que seguir caminhos compulsorios com objetivos de resguardar-se dos
riscos de ser por si proprio, sem as garantias do escudo  do bando protetor.   

         Poderá ter medo dos efeitos de não estar mais ajustado, tutelado por esquemas ideologicos institucionais, mas o amor pela  vida, o fascinio pelas paisagens sempre renovadas a cada novo passo, não há mais  como enfileirar-se e assim vislumbrar sempre os mesmos quadros, submetendo-se, desse modo,  ao inexoravel movimento da mesmice do continuadamente igual. O tedio das planicies aridas, de cenarios monotonos e paisagens sem vida !

    Há uma energia incalculavel aprisionada dentro de cada um, mas ainda adormecida, não legitimada. A vida cotidiana é produto de um percentual minimo de aproveitamento dessa energia disponivel. Aventurar-se por mundos desconhecidos, exige outro tipo de passo, outro ritmo, outra perspectiva, onde o rumo é auto-determinado, não mais pré-fixado por normas ou resoluções de carater coletivo.

            Romper  o limite estreito dentro do qual se encontra aprisionada a vida, com seus medos, preocupações e inseguranças, com a necessidade irresistivel  de cada vez  mais para sentir-se protegido e amparado -  é essa ruptura que abre caminho para fora das fileiras compactas e limitadoras, em direçao à liberdade, independencia e autonomia soberana.

      Quebrar a fixação da consciencia comum, da visão limitada e parcial, do consenso e da unanimidade, para uma percepção amplificada da vida e, por conseguinte, uma realidade baseada dentro dessa nova percepção. É esse o caminho para mundos inimaginaveis, contudo disponiveis, uma vez tendo-se descartado  da segurança e a proteção do consenso geral. 

                 O rebanho protege ao mesmo tempo que aprisiona. Se
sentirá protegido mas nem por isso estará livre. 

     É a força do rebanho, com suas garantias de proteção e beneficios, que alinha a consciencia humana, que nos torna a todos
exatamente isso que somos. Inseguros, apavorados, mesquinhos
e gananciosos.

     É pelo dialogo interno, pelo inventario sem fim da cabeça que nos distanciamos cada vez mais de possibilidades sem fim. Desse modo, o ponto de aglutinação da consciencia é fixado dentro de
um limite muito estreito, solidificando cada vez mais sua faixa de
atuação, não permitindo seu deslocamento para atualizar diferentes
realidades.
                      A embarcação lança suas ancoras e permanecerá imovel, girando em circulos  por temor de ondas bravias do mar aberto.
            Seguir apenas caminhos seguros nos manterá aprisionados em aguas calmas e de pouca profundidade, não apropriadas para navegação. Desse modo não haverá justificativas para sentir-se contrariado assim que a vida encalhar na indiferença, no fastio e tedio de um movimento sem sentido ou significado. É o mareo da
monotonia de um modo de ser repetitivo.

       Sem esse inventario na cabeça, o ponto de aglutinação torna-se
livre para aglomerar outro mundo, uma nova realidade. Viver
algo mais  que ganancia, competição e essa busca incessante por coisas que nos passam segurar. Queremos nos garantir com a solidez precaria das coisas do mundo, nos resguardando das inseguranças sugeridas pelo falatorio da cabeça.
          
             Consegue ouvir essa vozinha, quase subliminar,que nos atucana sem parar, aconselhando que se faça isso e mais aquilo para se fiar, porque, afinal, o mundo não é confiavel, e os perigos
são tantos ?

     Não é exatamente essa vozinha "amiga" que nos põe em movimentos tresloucados, como num delirio, em busca permanente de um esconderijo seguro, a salvo de tantas ameaças por ela sugeridos ?
                            Pára um  momento, dê uma olhadinha para
dentro e ouça a conversa que acontece obstinadamente na sua cabeça. Ouça essa voz que fala. É sutil e silenciosa. Fala sem voce  se dar conta, pior, sem sua autorização. Mesmo assim, lhe dá obediencia, submetendo-se às suas advertencias.

                           As crenças, ideias fixas são como cola poderosa que prende o ponto de aglutinação à sua posição original, bloqueando outras faixas de vibração com suas realidades equivalentes. Há vastos sitios inexplorados das possibilidades humanas, onde a qualidade de vida, comparado com o estagio normal, as palavras se tornam pequenas e sem sentido para descrever.
                      Consegue se imaginar habitando um plano com ausencia total  do medo ? Não conviver mais com tantos temores que carrega, dia e noite, não tendo a mais leve ideia de como se livrar de tantos  fantasmas ? Medo de não dar conta, medo das perdas, do fracasso, do abandono, de não ter o suficiente, de não ter importancia, de não ser aceito pelos demais  etc ? 

            Inquietações sem fim !  Uma vida de agonia !

         A condição para deslocar seu ponto de aglutinação da consciencia, a pessoa necessita reunir energia suficiente. O dialogo interno dispersa energia. É esse o motivo pelo qual a atenção a esse momento ser  tão importante  para que uma verdadeira mudança de vida possa acontecer.

      Para sair da ganancia, uma vida de inquietações e temores,
fracassos e lutas, torna-se necessario deslocar a posição costumeira do ponto de aglutinação para uma posição onde não haja mais 
esse movimento interno de perturbação.

    Relaxar, silenciar a cabeça, respirar com atenção, cantarolar sua
canção predileta, alegrar-se, girar os olhos em circulo, são, enfim,
todas tecnicas para coletar energia suficiente e, assim, projetar o
ponto de aglutinação atual até uma posição onde o medo e a duvida
não sejam mais companheiros de viagem.

           Essas tecnicas param o movimento interno da mente. E
quando a mente silencia, saimos do reteiro condicionante que acomoda a consiencia ao seu patamar de sempre.  

       Toda emoção negativa cria um padrão de energia que fixa a consciencia numa determinada posição. E para cada posição fixada,
haverá sempre uma realidade que lhe corresponde.

      Estamos todos em busca de mudanças, uma vida mais confortavel, paz, harmonia, saude, estabilidade financeira; no
entanto, tais mudanças somente se tornam viaveis caso haja deslocamento do ponto fixo de aglutinação da consciencia. E esse deslocamento necessita de energia. Silenciar o dialogo interno é, sem duvida, a fonte mais poderosa para se recrutar essa energia de transformação. Sem esse silencio mudança alguma será possivel.

                           Porque o silencio dentro da cabeça se reveste de tanta importancia ? Porque o medo e toda forma de inquietação mental são a consequencia mais imediata do inventario interno; os quais reduzem o nivel de energia, fixando assim o ponto de aglutinação à sua posição usual. Sem nos livrarmos do medo, isto é, do dialogo interno, qualquer possibilidade de mudança se torna totalmente inviavel.

                 No longo espectro das possibilidades de fixação do ponto de aglutinação da consciencia, se encontram os infinitos mundos
possiveis de serem habitados como realidade de vida. Tantos mundos !  Tantas realidades desejadas mas aparentemente tão
impossiveis de serem alcançadas !

      É a total escassez de energia que nos impossibilita remover o ponto fixo de aglutinação da consciencia atual para poder  aglutinar outras realidades, outros universos. Uma vida digna, com decencia.

     A energia atual é apenas suficiente para manter estabilizada a
posição usual, que aglutina esse mundo rotineiro de cada dia, de
cada um.
                     Para consolidar a estabilidade do ponto de aglutinação em uma nova posição, o importante é o esforço e a persistente vigilancia com relação a esse momento, estando conectado persistentemente, dando conta do movimento caotico dentro
da cabeça.
                    " Onde estou agora estando aqui" ?  será esse o mantra que irá impor o silencio dentro da cabeça. Pois, sem isso, não seremos capazes de obter a energia adequada para deslocar o ponto fixo onde a consciencia se encontra aglutinada.

       A energia gerada pelo silencio interior deixa o ponto de aglutinação atual em condições de romper a barreira dos condicionamentos e toda forma de influencia, para aglomerar um outro mundo, uma realidade totalmente distinta. 

      Nessa nova posição, não haverá mais duvidas, inquietações, temores, que são um mero resultado da posição do ponto de aglutinação usual.

        Quando o ponto de aglutinação da consciencia normal se desloca para uma nova posição, atraves do incremento de energia,
proveniente da atenção, do estado de vigilancia, o mundo no qual
estava aprisionado se dissolve, como por encanto, para viver dentro
de um novo universo, um mundo paralelo que sempre esteve disponivel mas não acessado.

      Estamos sempre a um passo do paraiso, onde os mais surpreendentes  e imprevisiveis sonhos estão para se tronar
realidade. 
                      Estamos sempre tão proximos que parece um
desatino não estarmos lá, definitiva e permanentemente, vivenciando e usufruindo  tantas dadivas, conforto interior e bem-aventuranças.
                              Perdidos continuadamente dentro da cabeça,
acabamos por fim perdendo a vida.
                                
                           
                      































          

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