quarta-feira, 12 de outubro de 2011

NA VIDA NÃO HÁ REPLAY

Estamos na estação que é a expressão natural da beleza. Claro que existe beleza tambem quando as folhas caem, quando a neve se acumula ou quando o sol estonteante nos faz buscar sombra e agua fresca. A beleza está sempre presente, mas nunca tão vistosa, tão notavel e chamativa como na primavera. Principalmente para os mais desatentos, ou os mais preocupados.
Nossa atenção, no dia a dia é sequestrada para tantos aspectos que nos solicitam, o filme está passando, as imagens se sucedem, mas estamos ausentes.
É essa ausencia para esse momento, que determina o mau estar interno, fazendo
com que a gente busque refugio no futuro, nesse tempo magico onde a mente nos
promete a soluação para as inquietações que nos afligem e atormentam.
O bem estar está sempre num outro ponto. O espetaculo está rolando agora mas as emoções só podem ser sentidas depois. Interessante, não é mesmo ?

Parece que sai do assunto, pois estava falando de beleza...
Pois é, o que é essa entidade chamada beleza ? Porque ela é tão arrebatadora,
envolvente ? Qual o segredo do seu fascinio, do seu enfeitiçamento, do seu
encanto, da capacidade de extasiar, de maravilhar ?
A beleza é, sem duvida, a grande magia desse planeta.

A Fisica define a beleza como uma forma de energia que se
tornou visivel, que tomou forma atraves da forma. A energia para se manifestar
precisa de algo onde possa se expressar. Precisa de um medium atraves do qual
possa se tornar sensorial.
Desse modo, beleza e energia são aspectos da mesma realidade, apenas se apresentando em planos diferentes. A beleza é a expressão de uma frequencia vibratoria, e quanto mais alta a frequencia, mais sedutora a beleza por ela
manifesta.

O Ipê amarelo em flor... Já percebeu a sua beleza, a sua magia, o seu deslumbramento ? Já não havia mais nenhuma folha. Apenas o amarelo se distribuindo em milhares de cachopas em formato de flor. O amarelo dançando nas flores envoaçantes do Ipê colorido. E de que outra forma essa energia vibrante poderia se tornar visivel, a não ser atraves dessas cachopas
douradas, balançando suavemente sob o efeito da aragem da manhã ? O sol
começava a subir lentamente seu caminho de todos os dias. Os passarinhos
ensaiando sua sinfonia, talvez tambem encantados com o encanto, com a beleza
de mais um dia despertando. Havia uma sensação de festa no ar, uma sensação de profunda paz, bem estar, contentamento. A vida se manifestando nesse momento em toda a sua exuberancia, profusão e deslumbramento.

Os sentidos captam a frequencia do mundo manifesto, na sua forma material, mas não consegue fazê-lo quando essa vibração se encontra ainda na forma de energia. A energia só se torna visivel atraves da materia, porque a materia é, em ultima analise, a energia manifesta, a energia corporificada, tornada coisa. Desse modo, há a inter relação entre energia e materia. A realidade é a manifestação visivel da materia. É por isso que o sentimento cria, ou melhor, manifesta, pois sentir é uma forma de energia. Voce traz para o mundo visivel da sua vida, o que for capaz de sentir, quando esse sentimento não vier contaminado pela duvida, pelo medo, ou pelo demerito.

E no meio dos cachos amarelos daquele Ipê divino, percebi duas sairas de plumagem esverdeada, pulando de um lado para o outro, caçando pequenos insetos. O contraste era maravilhoso. O verde dos passarinos contracesando com o dourado das flores. Uma verdadeira obra de arte exposta à ceu aberto, no grande museu da grande divindade.

Estava sentado no toco de uma arvore caida, observando o grande espetaculo, nessa manhã de feriado, do dia da criança. Estava feliz pela sensibilidade de poder estar presente a esse evento grandioso da Natureza
que estava contemplando. Um pouco talvez desse encantamento que é tão caracteristico da alma da criança, da alegria sem motivo, e do emocionar-se simplesmente porque uma peça encaixou certinho na outra na construção do palacio encantado. Festeja-se o dia da criança para que os adultos não se esqueçam que um dia já conseguiram se encantar tambem... ao ver um Ipê todo
engalanado, ou quando viu o mar pela primeira vez ( "pai, me ajuda a olhar, é grande demais "). A vida está perdendo o encanto, porque estamos perdendo a capacidade de nos encantar. Podemos nos encantar a qualquer momento, pois haverá sempre um Ipê amarelo florindo, um passarinho cantando, uma arvore, uma pessoa passando, a musica suave, um gesto de gestileza, um leve sorriso, uma palavra.... o espetaculo está sempre acontecendo, a cada momento, nesse instante de todos os dias.

E quando me despedi do Ipê feliz, fiquei tambem feliz
por não ter passado por aí, não tendo visto nada, como se nada de especial estivesse acontecendo. Afinal, era simplesmente a vida que estava acontecendo, era simplesmente Deus se mostrando na sua forma mais natural, isto é, sendo coisas. Deus coisificado, legal, não é ?

E enquando deixava o Ipê, as sairas, as abelhas para trás,
me ocorreu a ideia do replay. O espetaculo não visto, não sentido em forma de emoção, de alegria, de encantamento... pois é, não tem replay. Se não viu,
perdeu.

É a ausencia de cada momento que torna a vida sem graça, porque estamos esperando a graça depois.... depois que tiver deixado o Ipê para tras.

Um comentário:

  1. Olá, Cláudio!

    Sou amigo da Lucia e Taritza Basler,
    e elas falaram de Você e da sua visão diferente da onda! Tenho afinidade com as suas idéias!

    Criei um site chamado O Que SomoS.
    Dê uma olhada!

    Abração!
    Alexandre Gustavo

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