terça-feira, 8 de outubro de 2013

O DIA FOI CURTO, NÃO FOI ?


  O dia foi curto, não foi ?
 Havia ainda coisas para serem feitas... tantas !
O quintal ficou para ser varrido,
as margaridas para serem regadas,
e faltou tambem tempo para ouvir a cantoria dos passarinhos.

 Pela manhã o dia prometia ser longo,
e parecia haver muito tempo à disposição.
Mas, agora que o dia finda, lentamente,
não sem um leve toque de nostalgia,
a gente questiona, descrente e até cismado,
para onde foi, a final, a promessa de um tempo sem fim.

O dia foi curto,
bem mais que a abrangencia das nossas propostas.
Correria, impasses, contratempos,
e foi assim que nos perdemos por caminhos alheios à nossa ordem.
O tempo foi escoando, fugindo traiçoeiramente, sem nos darmos conta, enquanto buscava-se de volta a rota perdida,
 nem sempre, com facilidade, encontrada novamente.

O dia terminou,
mas fica a percepção que não podia ter terminado assim.
Uma tristeza inesperada se faz então presente,
saudade talvez da canção que não foi cantada,
ou da alegria que foi deixada para depois,
 celebrada quando enfim houvesse tempo, num outro tempo.   
E um vazio estranho foi preenchendo com nada
 esse momento sombrio de desalento, com sabor de amargura.

O dia que finda,
traz sempre essa melancolia de pagina virada,
mesmo que o conteudo não tenha sido ainda interpretado.
A coisa não foi degustada,
tampouco o passo experimentou a extensão do percurso.

A mesa já foi desfeita. O palco esvaziou-se.
As luzes apagaram, e a plateia dispersou.
 O silencio toma então a forma de uma sinistra inquietação.

Depois o sono de um acordar improvavel,
talvez, quem sabe, nem ao menos desejado.

O dia foi curto, e como foi !
Teria sido em função da ligeireza do tempo,
ou engano da gente supondo que o tempo jamais findaria ?
E esse engano fez-nos perder tempo,
esse tempo que agora falta
quando o dia, sem pena, termina.

E as coisas que ficaram para tras ?
E os sonhos, quantos... não realizados ?
Tantas coisas... tantas !
mas não há mais tempo disponivel,
a não ser esse tempo que olha para tras,
anunciando o fim do dia,
e o fim  de tudo que nem sequer teve inicio... 


Nenhum comentário:

Postar um comentário