quarta-feira, 18 de setembro de 2013

O RUIDO ESTRIDENTE DA SIRENE


 A sirene estridente pede passagem por entre
o transito lento e confuso, anunciando pressa,
 pressa carregada de agitação e medo.
Todos dão passagem, abrindo alas, expremendo o fluxo, 
 atrapalhando o transito.

O paciente socorrido, teve ele tambem, vida a fora,
 a mesma urgencia, com cuidados pessoais,
 tal qual está tendo a ambulancia ?

Quem não toma conta de si, não poucas vezes, será a UTI movel
o ultimo recurso e esperança. Terá estão que haver-se com
ruidos estranhos, manobras duras, instrumentos, correria, alvoroço.

A vida dá-nos sempre mais uma chance, apesar da lição de casa 
não ter sido executada. O professor não parece assim tão severo.

No entanto, esteja alerta. O tempo perdido, nem sempre 
torna-se possivel ser recuperado. O remendo se mostrará sempre
como um ponto vulneravel. Algo se perdeu. E a originalidade
não será reparada.

Vulneravel tem a ver com fragilização, instabilidade, algo não
confiavel, precariedade.

Seria o ruido estridente da sirene apenas para abrir caminho, 
ou, quem sabe, para despertar a pessoa do sono hipnotico
 de uma vida de faz de conta, vida embotada,
 obtusa e sem sentido algum ?

Quando não há mais o que esperar, surge então a esperança,
ultimo baluarte para quem andou por aqui, supondo que
 haveria sempre tempo disponivel, depois, para dar conta
das coisas da vida.

O eterno esperançoso é aquele que não dispõe-se à ação, não
veste as botinas, fazendo o quem tem de ser feito,
 a cada momento de cada dia.
 Está sempre esperando; e é por isso, nesse momento confuso, espera novamente ... que a ambulancia o salve.

Transformou-se em sobrevivente. Terceirizou seu bem maior, e é
por isso que sua vida depende, não mais daquilo que
possa fazer, mas pelo que os aparelhos, respiradores, agulhas,
e quanta parafernalha mais, possam fazer por ele.
 Está nas mãos da sorte ... e seja o que Deus quiser !

Fiquei refletindo, enquanto a ambulancia passava, fazendo
alarde, abrindo caminho por entre o transito caotico, nessa
linda manhã de sol, cheirando à primavera.

Enquanto isso alguem  respirando atraves de uma
mascara fria, amparado por todos os lados, com olhar
 amedrontado, confuso, perdido em pensamentos de morte.

O ruido da sirene não me importunou. Tambem dei passagem,
abrindo alas, assim como os demais, vendo a ambulancia passar.

Fiquei então refletindo sobre os misterios da vida, 
e o quanto é confortavel estar no transito,
 mesmo confuso e anarquico, mas respirando o ar da manhã,
 com cheirinho de um novo tempo.

Desejei-lhe boa sorte e recuperação imediata.
E, aos poucos, o ruido da sirene foi amainando  à distancia, o trafego se recompondo, e tudo voltando, outra vez, igual
 ao que era antes.

É sempre assim. Enquanto uns morrem, outros seguem no
transito -  impaciente, confuso e lento. Enquanto uns desistem,
outros permanecem à postos, apreciando o fluxo das coisas,
considerando que persistir até vale a pena. 
 Por fim, a vida segue, impassivel, como se nada tivesse acontecido
A roda continua seu giro, indiferente, inexoravel, seja na morte,
 ou mesmo para quem ainda continua vivo, querendo viver.






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